Árvore cai no Amazonas e revela urnas com ossos humanos antigos

A descoberta só foi possível graças ao auxílio da comunidade, que trabalhou em parceria com os arqueólogos do Instituto Mamirauá
Árvore cai no Amazonas e revela urnas funerárias de cerâmica
Imagem: Instituto Mamirauá/Divulgação

Na cidade de Fonte Boa, no Amazonas, uma árvore caiu e rendeu a descoberta de sete urnas funerárias com ossos humanos sob as raízes.

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No local, há o sítio arqueológico Lago do Cochila, onde indígenas construíram ilhas artificiais há séculos ou milênios para habitação durante as cheias do rio Solimões.

A descoberta destaca a contribuição da comunidade na arqueologia. Quem viu as urnas de cerâmica após a árvore cair foi o povoado local, registrando imagens dos artefatos.

Ajuda comunitária

Além disso, o trabalho arqueológico só foi possível porque manejador de pirarucu Walfredo Cerqueira percebeu a importância das imagens das urnas. E foi em busca de mais informações.

De acordo com o Instituto Mamirauá, que realizou a pesquisa arqueológica, Cerqueira procurou o padre da Pastoral Carcerária de Tefé, a 190 quilômetros de Fonte Boa.

A sede do Instituto Mamirauá fica em Tefé por sua localização estratégica no Amazonas, próxima ao médio Solimões. Após 12 horas de viagem de barco por um dos maiores rios do Amazonas, o padre conseguiu alertar os arqueólogos do instituto sobre as urnas da árvore que caiu.

Desse modo, conforme comunicado do instituto, os arqueólogos deram início “ao planejamento da expedição ao sítio”. E, novamente, a comunidade foi crucial para o trabalho arqueológico, fornecendo apoio logístico, incluindo transporte por canoas e montagem de acampamentos.

Imagem: Instituto Mamirauá/Divulgação

Os arqueólogos realizaram as escavações em parceria com moradores da comunidade São Lázaro do Arumandubinha. Devido à dificuldade de acesso e às condições de solo da região central do Amazonas, a comunidade local montou uma estrutura de madeira e cipó para escavar o local onde a árvore caiu e encontrar as urnas.

Vale ressaltar que a estrutura escavou a mais de 3 metros no solo. A ação foi algo inédito na região central do Amazonas e revelou urnas de cerâmicas com ossos humanos, peixes e quelônios.

De acordo com a equipe que analisou os artefatos, as urnas indicam rituais funerários associados à alimentação. A ausência de tampas de cerâmicas visíveis sugere o uso de materiais orgânicos já decompostos.

“A descoberta amplia o conhecimento sobre os modos de ocupação em áreas de várzea da Amazônia e reforça a importância da colaboração entre ciência e comunidades tradicionais. Os achados revelam a complexidade das práticas culturais de povos ancestrais que habitaram a região, como o uso ritual das urnas, a construção de ilhas artificiais e os processos de sepultamento associados à alimentação”, diz o Instituto Mamirauá.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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