
As 10 grandes dificuldades do brasileiro na internet; especialistas dão dicas
Recentemente, o Relatório Futuro dos Empregos 2025 do Fórum Econômico Mundial destacou a importância da tecnologia no mercado de trabalho nos próximos anos. Agora, uma nova pesquisa da Locaweb em parceria com a Conversion listou as 10 habilidades digitais menos dominadas pelos brasileiros neste ano. Quais as maiores dificuldades que temos com a internet?
O levantamento entrevistou 500 cidadãos maiores de 18 anos de todas as regiões do país, que revelaram suas principais dificuldades. 50% deles não se sentem apto para começar novos projetos e oportunidades de emprego. Já 81% aponta a inteligência artificial como a habilidade de maior destaque profissional no próximo ano. Além disso, 7 em cada 10 entrevistados afirmaram já terem melhorado uma ou mais competências digitais com a ajuda da IA.
Para ajudar a superar alguns dos obstáculos digitais que mais afetam os brasileiros, o Giz Brasil chamou quatro especialistas para dar dicas. Eles analisam item por item os resultados da pesquisa das maiores dificuldades do brasileiro com a internet. Confira:
1. Analisar dados e métricas (51,2%)
Beatriz Destefani, sócia-fundadora da Comunica PR e especialista em marketing:
“A habilidade de analisar os dados e métricas tem se tornado cada vez mais fundamental em diversos setores, e permite que as tomadas de decisões sejam mais informadas e estratégias. Utilizar ferramentas de visualização de dados pode ser uma boa ideia para auxiliar na criação de gráficos e dashboards que facilitem a interpretação de métricas. Mas, além de olhar somente para os dados, também é muito necessário desenvolver um pensamento crítico – ou seja, questionar os dados que são apresentados, verificar as fontes e considerar todos os possíveis vieses ou fatores externos que possam influenciar as métricas.”
2. Produzir e vender infoprodutos, como cursos e e-books (46,8%)
Ângelo Vieira Jr., especialista em Marketing, Inovação, CX e Digital:
“A dificuldade de vender infoprodutos está muito ligada à competição e à falta de um diferencial claro. Hoje, mais de 25% dos brasileiros já consumiram cursos online, de acordo com uma pesquisa da Statista de 2023), mas para um curso, e-book ou qualquer infoproduto se destacar, geralmente, ele precisa ser hiperespecífico e resolver uma dor real ou vontade real exatamente daquele nicho. Além disso, muitos criadores erram na oferta, focando no produto em si e não na transformação que ele entrega.
Minha dica é: antes de produzir, investir ou começar qualquer estratégia de ideação aqui, valide com seu público, crie conteúdo gratuito para gerar autoridade e invista em uma estratégia de lançamento estruturada para aquele público hiper-específico. Não existem receitas mágicas também na economia digital.”
3. Criar um site ou blog (44,8%)
Mariana Kobayashi, sócia-fundadora da Tech do Bem, organização focada em inovação tecnológica para impacto social:
“Criar um site está mais acessível do que nunca, graças a plataformas que simplificam o processo, como WordPress, Wix e Webflow. Mesmo sem conhecimento em programação, é possível construir sites profissionais usando templates e editores visuais. Para quem deseja mais personalização, aprender um pouco de HTML e CSS pode ser útil. A chave para um bom site é planejamento: defina o propósito, a estrutura e o conteúdo antes de começar.”
4. Gerenciar lives e webinars (44%)
Eduardo Freire, CEO da FWK Innovation Design:
“Com a digitalização, eventos online se tornaram fundamentais para comunicação e engajamento. No entanto, ao mesmo tempo, os eventos presenciais voltaram com força, criando um novo equilíbrio entre os formatos. A dificuldade em gerenciar lives e webinars não é apenas técnica, mas também estratégica: como criar um evento envolvente e que gere valor real para o público?
Antes de pensar na tecnologia, foque no conteúdo e na estratégia: o que você quer que as pessoas levem da sua live ou webinar? Depois, escolha uma ferramenta confiável e faça testes prévios para evitar problemas técnicos. Um ponto essencial é a interação: enquetes, chats ao vivo e perguntas mantêm a audiência engajada e tornam a experiência mais dinâmica. No fim das contas, a experiência do público importa mais do que uma transmissão tecnicamente perfeita.”
5. Gerir anúncios pagos (42%)
Beatriz Destefani, sócia-fundadora da Comunica PR e especialista em marketing:
“No momento digital que vivemos, saber gerir anúncios pagos é uma habilidade essencial para os profissionais que querem promover os produtos ou serviços onlines de uma maneira mais eficaz. Nesse quesito, é muito importante escolher a plataforma mais adequada e também identificar onde o seu público-alvo está mais presente. As ferramentas de segmentação podem ser muito essenciais para direcionar os anúncios com base em dados demográficos, interesses e comportamentos.
Além de tudo isso, também acredito que seja importante ter objetivos definidos e estabelecer metas específicas para as campanhas, como aumentar vendas, gerar leads e promover o reconhecimento da marca. Tudo isso são passos que podem ajudar a melhorar o desempenho das campanhas, alcançar melhores resultados e também maximizar o retorno sobre o investimento.”
6. Dominar inteligência artificial (41,8%)
Eduardo Freire, CEO da FWK Innovation Design:
“A Inteligência Artificial já faz parte do nosso dia a dia na vida pessoal, mas ainda há um grande desafio em aplicá-la estrategicamente no trabalho e nos negócios – um cenário completamente diferente. Muitas pessoas pensam que dominar IA significa saber programar modelos complexos ou criar scripts e prompts avançados. No entanto, o mais importante é desenvolver a habilidade de fazer as perguntas certas e interpretar os resultados que a IA entrega. É quase o que chamo de “human-machine collaboration” – onde a tecnologia potencializa nossas capacidades em vez de substituí-las.
Como dica, acredito que é importante começar pelo básico: explore ferramentas acessíveis, como ChatGPT, copilotos de produtividade e automações simples, testando como elas podem otimizar suas tarefas diárias. Além disso, busque conteúdos que mostram como a IA pode apoiar a tomada de decisão e a inovação nos negócios, e não apenas os aspectos técnicos. O grande diferencial não está apenas em usar IA, mas em integrá-la de forma inteligente e estratégica ao seu trabalho.”
7. Criar formulários e pesquisas (31%)
Mariana Kobayashi, sócia-fundadora da Tech do Bem, organização focada em inovação tecnológica para impacto social:
“Os formulários são essenciais para captar informações e feedbacks. Ferramentas como Google Forms, Typeform e Microsoft Forms permitem criar questionários intuitivos e personalizados. O segredo para um bom formulário é manter perguntas objetivas, evitar longos questionários e garantir que as opções de resposta sejam claras. Além disso, analisar os resultados corretamente pode trazer insights valiosos para tomada de decisões.”
8. Gerenciar e-mails/campanhas de marketing digital (26,4%)
Ângelo Vieira Jr., que é especialista em Marketing, Inovação, CX e Digital:
“O e-mail marketing ainda é uma das ferramentas mais lucrativas, com um ROI médio de $42 para cada $1 investido, de acordo com a Litmus, 2023. Mas o problema é que muitas empresas tratam e-mails como spam, em vez de uma conversa personalizada.
Para melhorar isso, minha recomendação é tratar o e-mail qualquer ponto da campanha não como um ponto de contato, mas como um ponto de sentimento, com segmentação e automação, criando listas de leads baseadas em interesses reais e envie mensagens relevantes. Além disso, evitar títulos genéricos, pois muitos testes mostram que assuntos personalizados podem aumentar a taxa de abertura em até 50%.”
9. Criar um e-mail profissional com domínio próprio (26,4%)
Mariana Kobayashi, sócia-fundadora da Tech do Bem, organização focada em inovação tecnológica para impacto social:
“Ter um e-mail profissional ([email protected]) melhora a credibilidade de negócios e marcas pessoais. Para criá-lo, é necessário registrar um domínio e contratar um serviço de e-mail corporativo, que pode ser oferecido por empresas de hospedagem ou pelo próprio Google Workspace e Microsoft 365. Um e-mail profissional também permite maior controle sobre a comunicação e reforça a identidade digital da empresa.”
10. Taguear e filtrar e-mails na caixa de entrada (18%)
Ângelo Vieira Jr., que é especialista em Marketing, Inovação, CX e Digital:
“O brasileiro recebe, em média, 40 e-mails por dia, de acordo com o Radicati Group, 2023, e a maioria deles se perde na bagunça da caixa de entrada. Filtrar e-mails não é apenas sobre organização, mas sobre ganho de produtividade. E para isso precisa ser muito eficiente.
Uma dica prática é usar regras automáticas no Gmail ou Outlook para classificar mensagens por prioridade, por exemplo, criar tags para clientes, fornecedores e oportunidades. Outra estratégia é o método “Inbox Zero”, onde você processa e-mails em blocos, reduzindo o tempo gasto com comunicação.”