As novidades do Kindle Paperwhite e do Kindle Voyage postas à prova

Testamos o Kindle Paperwhite e o Kindle Voyage e mostramos como as novidades de cada um se saem no mundo real.

A ótima linha de e-readers da Amazon foi atualizada em julho: o Kindle Paperwhite foi substituído por uma nova versão, com resolução de tela superior, e um novo modelo de topo de linha foi lançado, o Kindle Voyage, com bordas sensíveis à pressão que simulam botões. Testamos os dois e falamos sobre as novidades de cada um deles.

Novo Kindle Paperwhite

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O novo Kindle Paperwhite é praticamente idêntico ao modelo anterior. As duas diferenças são o logo na parte dianteira (agora é preto e não mais cinza) e o logo da Amazon na traseira (agora é fosco). Desligados, é praticamente impossível saber qual é qual.

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(É praticamente impossível não deixar marcas de dedo e outros riscos na traseira do Kindle)

A principal novidade do modelo mais recente é a resolução de tela: agora são 300 PPI (pixels por polegada), contra 221 do modelo anterior. Ok, especificações técnicas, mas isso tem algum resultado prático?

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A resposta é sim. As imagens acima (a primeira mostra o Paperwhite antigo; a segunda, o novo) não mostram muito bem, mas usando, eu achei que o novo Kindle aproveita os pixels a mais e exibe as fontes de maneiras mais suave, principalmente os tipos serifados (serifas, caso você não saiba, são os “pés” da letra; Times New Roman é uma fonte serifada, Arial, não). O resultado é uma leitura mais agradável.

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Se nos ebooks a diferença é pequena, nos pdfs ela é bem considerável e visível. Você consegue ver bem melhor as letras do exemplo acima, e as notas de rodapé, quase ilegíveis no modelo antigo (primeira imagem), são exibidas de maneira aceitável no novo (segunda imagem).

Claro, o Kindle é um leitor de ebooks, e os formatos nativos dão de 7 a 1 nos pdfs em usabilidade e navegação, mas é bom saber que, caso apareça um pdf por aí e você queira colocar no Kindle, a experiência não será frustrante. No entanto, se você lê muitos pdfs –trechos de livros escaneados ou artigos acadêmicos, por exemplo–, talvez seja melhor procurar um tablet com boa resolução de tela.

Kindle Voyage

O Kindle Voyage é um leitor de livros digitais com conexão Wi-Fi e tela e-ink de 6 polegadas e resolução de 300dpi, com retroiluminação e sensibilidade ao toque. Ele é o novo e-reader de topo de linha da Amazon e tem alguns bons truques na manga, como sensor de luminosidade para ajustar a intensidade do brilho da tela, revestimento de vidro na parte da frente do aparelho e bordas sensíveis à pressão, que funcionam como botões para virar páginas.

Comparado com os outros modelos de leitores da linha Kindle, o Voyage é menor, mais fino e mais leve. Além disso, ele tem a traseira angulada — nos outros modelos, ela é plana. É bem melhor segurar assim. Outra mudança é o botão de ligar, que saiu da borda de baixo do aparelho e veio para a traseira, ao alcance do dedo indicador da mão direita.

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Fora isso, pequenos detalhes separam o Voyage dos seus pares: a traseira emborrachada tem um friso de plástico na parte de cima; uma camada de vidro reveste a parte da frente do aparelho; duas linhas e dois pontos indicam as regiões sensíveis à pressão nas bordas do aparelho.

O brilho da tela é ajustável, e aqui aparece a primeira novidade e vantagem sobre os modelos mais baratos: o ajuste automático, de acordo com a luminosidade do ambiente. A Amazon recomenda usar brilho forte em ambientes bem iluminados e pouca luz em ambientes escuros, mas no Paperwhite, o ajuste é completamente manual, o que gera algumas situações chatas, como tomar luz na cara ao ligar o Kindle num quarto escuro, porque ele estava com a configuração anterior. Isso não acontece no Kindle Voyage — e você não precisa ficar toda hora mexendo na configuração; é só ligar o aparelho e ler.

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Outro mimo do novo aparelho são as bordas sensíveis à pressão. Uma das grandes reclamações de quem passa de um Kindle mais antigo para um modelo mais recente é a falta de botões físicos para virar páginas — o Kindle 4, primeiro modelo do e-reader a ser vendido no Brasil, ainda em 2012, tinha dois botões em cada borda só para isso, além de outros 5 e um direcional para outras funções, mas este modelo foi substituído por uma versão sem iluminação do Paperwhite. Eu tive este Kindle e, de fato, os botões fazem alguma falta — com o tempo, você se acostuma a tocar na tela, mas o Paperwhite às vezes não reconhece direito alguns gestos, vai para a página da frente quando você quer voltar, etc. É diferente, mas eu não diria que é pior.

Ok, fim da digressão sobre Kindles e botões físicos, voltemos para o Voyage. As bordas sensíveis à pressão estão lá para resolver este problema. E resolvem? Nem tanto. Primeiro porque não é a mesma coisa: por mais que o Kindle dê opções para configurar a sensibilidade à pressão, é diferente dos antigos botões físicos por causa da localização — os botões ficavam bem na borda, enquanto a região sensível fica no meio. Isso não seria um problema num Kindle Paperwhite, que tem um desnível entre bordas e tela, mas no Voyage é, porque a camada de vidro que reveste toda a parte da frente deixa tela e bordas num mesmo plano, e é fácil deslizar seu dedo acidentalmente da borda para a tela, que é sensível ao toque e entende que você quer mudar de página.

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Várias vezes eu acabei trocando de página acidentalmente — e isso não é legal, isso não é uma coisa que acontece quando você está com um livro de papel. A Amazon bem que podia ter dado a opção de desativar a opção de virar páginas tocando a tela, mas não, você pode desativar a área sensível à pressão, mas a tela sempre vai virar páginas.

No entanto, o revestimento de vidro tem suas vantagens: ele é muito melhor de deslizar o dedo na hora de destacar trechos, e deixa a aparência da e-ink mais próxima a de uma folha de papel. Aliás, antes que eu me esqueça, ler num Kindle Voyage é tão agradável quanto ler num Kindle Paperwhite.

Vale a pena?

O novo Kindle Paperwhite se consolida como a melhor opção em e-readers — agora, além de uma loja com excelente catálogo por trás e um ecossistema de aplicativos muito, muito bom, ele oferece uma tela superior à do modelo anterior pelo mesmo preço.

Já o Kindle Voyage, com o perdão do trocadilho, é uma viagem. 900 reais já seria muito dinheiro num e-reader em qualquer situação, mas a coisa fica ainda pior quando você percebe que tudo que ele traz em relação ao Paperwhite –áreas sensíveis à pressão, tela com revestimento de vidro, sensor de iluminação– são apenas mimos. O quadro fica ainda pior se pensarmos que ele não tem 3G — o Kindle Paperwhite tem uma versão com esta conexão por R$699.

Sim, mimos: eles melhoram um pouco o uso do e-reader, mas não são grandes diferenciais, ainda mais levando em consideração que ele custa praticamente o dobro do Paperwhite. E mesmo comparado com a concorrência não dá para entender o preço. Para efeito de comparação, o Kobo Aura H2O tem tela maior (6,8 polegadas) e proteção contra água, dois recursos que o Kindle Voyage não tem, por 799 reais — e, mesmo assim, ainda é caro. É melhor ficar com o Paperwhite e 420 reais a mais na conta bancária.

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