As primeiras impressões do Kindle Fire, o tablet da Amazon

Após Jeff Bezos encerrar seu evento e apresentar dois Kindles novos e um tablet de 200 dólares, a juventude jornalística correu para a sala seguinte para colocar suas mãos engorduradas no aparelho. O único problema é que a Amazon apenas exibiu o Fire com representantes mostrando como ele funciona. Mas isso é o bastante para […]

Após Jeff Bezos encerrar seu evento e apresentar dois Kindles novos e um tablet de 200 dólares, a juventude jornalística correu para a sala seguinte para colocar suas mãos engorduradas no aparelho. O único problema é que a Amazon apenas exibiu o Fire com representantes mostrando como ele funciona. Mas isso é o bastante para termos uma ideia do que esperar do aparelho — e tudo indica que podemos esperar muito.

Hardware

Ryan Block, do gdgt, estava certo: o Kindle Fire é praticamente um irmão gêmeo perdido no hospital do PlayBook, da RIM. Ele tem as mesmas 7 polegadas com resolução de 1024×600 pixels e painel de IPS, a mesma moldura grossa e um processador dual core. Eles foram feitos na mesma caldeirada, mas uma importante diferença: o Fire não tem botões físicos. Esqueça aquele confuso botão de ligar/desligar do PlayBook, esqueça as portas e até mesmo as chaves de volume. Tudo é feito pela tela — e as únicas portas disponíveis são uma microUSB e um conector de 3,5mm para fones. E esqueça o espaço interno enorme: possivelmente para baratear os custos, o tablet da Amazon tem 8 GB de espaço interno. O Fire confia, e muito, em sua nuvem.

Como diz Tim Stevens, do Engadget, a semelhança com o PlayBook não é ruim: apesar de ser achincalhado pela crítica após seu lançamento, o tablet da RIM sempre foi considerado um aparelho bem construído, com bom acabamento e materiais — seu problema estava no cérebro (e na ausência de vários neurônios, como um cliente de e-mail nativo). Assim, espere um tablet robusto na mão, mas com peso mais próximo do ideal — 413 gramas — para quem irá consumir muito conteúdo escrito por 8 horas seguidas ou 7,5 horas de vídeo.

Preço e competição

Não é só a parte interna do Fire que difere muito do PlayBook. Há também uma gigantesca mudança de preço: enquanto o PlayBook é vendido por US$499, o brinquedo da Amazon custará US$199. Os rumores indicavam um preço de US$249, e o valor já parecia muito justo. Mas US$199? Por um tablet? Em um mercado em que o iPad mais básico custa US$499? Aqui há um consenso em todos que olharam e analisaram o Fire: ele tem tudo para vender toneladas e mais toneladas. Para o TechCrunch, o Fire será o rei de todos os tablets com Android que tentaram enfrentar o iPad:

O Kindle Fire dominará, sem sombra de dúvidas, o mercado de tablets sub-iPad por anos. A Amazon fez certo ao se espelhar na fórmula da Apple: tablets não vendem baseados em especificações técnicas; a Amazon quase não tocou no assunto do hardware do Fire durante o anúncio. Em vez disso, Jeff Bezos se manteve firme no palco para discorrer uma enorme lista de habilidades que transformam o Fire na alternativa ao iPad que o todo mundo esperava.

Convenhamos: era chegada a hora de um tablet conseguir baratear os custos a ponto de ter um preço muito menor do que o iPad. E os tablets com Android de Samsung, Motorola, Acer, Asus e tantas outras vez ou outra tinham valor até mais alto do que o aparelho da Apple.

E podemos esperar corte de preços por todos os lados: para enfrentar o Fire no Natal, a própria Apple pode vir a baixar o preço do iPad. MG Siegler faz questão de frisar que o aparelho não é melhor que o iPad e que ganhará os consumidores pelo preço, mas isso já é mais do que o suficiente para roubar uma fatia de mercado da Apple.

Software e Conteúdo

Foto via Wired

Não bastasse o preço, a Amazon parece ter feito um serviço muito bem feito no software do Fire. Ele é baseado no Android 2.1 Android 2.3 Gingerbread e, como já discutimos no lançamento do Ypy, isso não significa que ele seja ruim. Aliás, você mal irá reparar que ele é um Android, na verdade. O software foi tão redesenhado para viver dentro do ecossistema da Amazon que é difícil lembrar que o robô está lá. A Amazon usou a liberdade do Android para fazer o que bem entendesse. Por um lado, isso signifca que não há apps do Google, nem Android Market. Por outro, além da loja de apps da Amazon, o vídeo abaixo mostra como o bicho é rápido:

[viddler http://www.viddler.com/simple/a8016b9e/]

E após fazer esse vídeo, nossos amigos do Giz americano ficaram empolgados:

Agora nós vimos ele ao vivo. A primeira coisa que chamou nossa atenção? Ele é muito rápido. Passear pelo carrossel de mídias (seus filmes, seriados, revistas etc.) é tão suave quanto um peru de Natal. Nada pode ser pior em um tablet do que uma interface travada, e o Fire parece ser completamente anti-travadas. Navegar entre os apps — por exemplo, sair da leitura de uma revista para o menu e depois abrir um vídeo — é algo impressionantemente rápido. Quase instantâneo.

E o vídeo também mostra qual é o foco do Fire: consumo de conteúdo por todos os lados. E aqui é a hora em que o tal ecossistema entra em ação: são mais de 800 mil livros disponíveis para compra, 17 milhões de músicas, centenas de revistas adaptadas, 100 mil filmes e seriados para alugar e praticamente todos os jogos mais importantes do Android Market disponíveis. Mike Isaac, da Wired, acredita que aqui está a chave do sucesso do Fire:

Alguns podem odiar o Fire por sua ausência de espaço interno. “Apenas 8 gigabytes, sério? Que lixo! Como eu vou guardar todos meus arquivos de mídia?”. Se você cair nessa teoria, você não está captando a ideia. A Amazon é uma das maiores empresas de serviços e servidores de web em todo o mundo. Isso significa que o uso local está de fora, e que o armazenamento será todo na nuvem.

O mesmo acontece com o navegador Silk, que é usado tanto localmente quanto na nuvem, como já explicamos aqui. Se os tablets com Android tinham dificuldade para criar um mundo de conteúdo para consumo imediato — ainda é difícil ler boas revistas no Honeycomb — a Amazon resolve a questão.

Apostamos que a Apple não gostou nem um pouco de ver um ecossistema quase tão completo como o seu (ainda faltam apps, mas isso pode ser questão de tempo) em um tablet de 200 dólares. Mas quem precisa ficar realmente preocupado agora são os fabricantes de tablets com Honeycomb: com preços semelhantes ao do iPad e dificuldade de competição, eles devem perder ainda mais espaço com um aparelho de 200 dólares à venda.

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