Asteroide que extinguiu dinossauros atingiu a Terra em ângulo mais destruidor possível

Simulações de computador mostram que asteroide atingiu a Terra em um ângulo de 45 a 60 graus em relação ao horizonte. Impacto levou a inverno e extinção.
Representação artística do asteroide que atingiu a Terra há cerca de 66 milhões de anos. Ilustração: Chase Stone

O asteroide que varreu os dinossauros da Terra atingiu o planeta em um ângulo que maximizou seu potencial destrutivo, de acordo com novas simulações de computador.

As descobertas, publicadas em um novo artigo nesta semana na Nature Communications, mostram que o asteroide veio da direção nordeste em um ângulo de 45 a 60 graus. Em um comunicado de imprensa, Gareth Collins, geofísico do Imperial College de Londres e pesquisador principal do projeto, descreveu o impacto ocorrido há 66 milhões de anos como o “pior cenário possível”.

“O impacto do asteroide liberou uma quantidade incrível de gases que causam mudanças climáticas na atmosfera, desencadeando uma série de eventos que levaram à extinção dos dinossauros”, disse ele. “Isso provavelmente foi agravado pelo fato de ele ter atingido em um dos ângulos mais mortais possíveis.”

O impacto produziu grandes quantidades de dióxido de carbono, vapor de água e enxofre na atmosfera, resultando em um inverno de impacto que destruiu 75% de toda a vida na Terra, incluindo todos os dinossauros não-aviários. Os restos deste evento estão na cratera de impacto Chicxulub, que fica na Península de Yucatán, no México, e mede cerca de 240 quilômetros de largura.

Cientistas vêm tendo dificuldades para identificar a direção exata de entrada e o ângulo de impacto do asteroide. Essa lacuna levou Collins e seus colegas a realizar simulações detalhadas do evento cataclísmico desde o momento do impacto até a formação da cratera Chicxulub.

Seus modelos consideravam quatro cenários diferentes, nos quais o asteroide chegava em ângulos de 90, 60, 45 e 30 graus em relação ao horizonte. As simulações presumiram um asteroide medindo 17 quilômetros de largura, com densidade de 2.630 kg por metro cúbico e uma velocidade de 12 quilômetros por segundo (43.200 quilômetros por hora).

Os autores também fizeram referência a evidências geofísicas pré-existentes e novas sobre a cratera Chicxulub, que está enterrada a cerca de 1 quilômetro sob rochas sedimentares. Eles também analisaram rochas recentemente extraídas da cratera.

As simulações chegaram uma correspondência melhor com um ângulo entre 45 e 60 graus, com o asteroide vindo do nordeste. E foi um ângulo devastador para a vida na Terra. O impacto levantou uma proporção quase simétrica de material do local do impacto, liberando mais gases que afetam o clima na atmosfera da Terra na comparação com outros cenários considerados pelas simulações.

“Sabemos que esse era um dos piores cenários em relação à letalidade no impacto, porque colocou uma quantidade maior de detritos perigosos na atmosfera superior e os espalhou por toda parte — exatamente o que levou ao inverno [de impacto]”, disse Collins.

Especificamente, as rochas derretidas liberavam grandes quantidades de dióxido de carbono, vapor de água e enxofre. Este último foi particularmente problemático para toda a vida, pois, na forma de aerossol, bloqueou os raios do sol. Após o impacto, ele inibiu a fotossíntese entre as plantas, o que, por sua vez, causou o colapso das redes alimentares em todo o mundo. Dióxido de carbono e vapor de água são gases de efeito estufa, que também contribuíram para o aquecimento do planeta.

Clay Tabor, paleoclimatologista da Universidade de Connecticut, disse que o novo estudo fornece informações sobre por que o impacto de Chicxulub foi tão devastador para a vida na Terra.

“Uma maior emissão de dióxido de carbono do impacto pode ajudar a explicar o aquecimento pós-impacto encontrado em várias reconstituições de temperatura”, disse Tabor, que não participou nova pesquisa. “Um próximo passo importante é entender melhor como os materiais liberados pelo impacto perturbaram o sistema terrestre e levaram [as espécies] à extinção.”

Além impacto do asteroide, outros fatores também levaram à morte dos dinossauros. A fuligem dos incêndios que se seguiram também teve seu papel na extinção em massa, bloqueando ainda mais a luz solar. Erupções vulcânicas também podem ter desempenhado um papel importante.

Steve Brusatte, paleontologista da Universidade de Edimburgo, disse que o novo estudo mostra como o impacto do asteroide foi aleatório.

“Se as coisas acontecessem de uma maneira um pouco diferente, e o asteroide erasse a Terra por pouco, ou mesmo se atingisse a Terra em um ângulo um pouco diferente, os dinossauros podem ter sobrevivido”, disse Brusatte, que não está envolvido com o novo estudo. “E isso significa que eles provavelmente ainda estariam aqui, muito mais do que apenas pássaros, e isso provavelmente significa que não haveria espaço para nós. Os mamíferos ainda seriam pequenos e nas sombras, e nunca teríamos tido a oportunidade de evoluir.”

Para piorar, uma pesquisa de 2017 mostrou que o asteroide atingiu um ponto bastante infeliz. A Península de Yucatán é uma das poucas áreas da Terra com as proporções exatas de hidrocarbonetos para liberar tanto dióxido de carbono e enxofre na atmosfera. Uma tempestade perfeita, de fato.

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