Ataques “sônicos” contra diplomatas dos EUA podem ter sido radiação de micro-ondas armada

Pesquisadores determinaram a causa mais provável por trás dos relatos bizarros de diplomatas norte-americanos em Cuba e depois na China de que estavam ouvindo sons perturbadores antes de sentirem sintomas muito parecidos com os de trauma cerebral — e não é alguma forma de dispositivo sônico misterioso, como se especulou anteriormente. • Sintomas bizarros de “ataque […]

Pesquisadores determinaram a causa mais provável por trás dos relatos bizarros de diplomatas norte-americanos em Cuba e depois na China de que estavam ouvindo sons perturbadores antes de sentirem sintomas muito parecidos com os de trauma cerebral — e não é alguma forma de dispositivo sônico misterioso, como se especulou anteriormente.

• Sintomas bizarros de “ataque sônico” estariam se espalhando por diplomatas americanos pelo mundo

Em vez disso, de acordo com uma reportagem do New York Times publicada neste sábado (1), os pesquisadores estão cada vez mais convencidos de que pessoas desconhecidas atacaram os diplomatas com algum tipo de emissor de radiação de micro-ondas, possivelmente um pequeno o bastante para caber dentro de uma van. O jornal escreveu:

A equipe médica que examinou 21 diplomatas afetados em Cuba não mencionou micro-ondas em seu relatório detalhado publicado no periódico JAMA, em março. Mas Douglas H. Smith, autor principal de um dos estudos e diretor do Centro de Lesão e Reparação Cerebral, da Universidade da Pensilvânia, disse em uma entrevista recente que as micro-ondas eram agora consideradas um dos principais suspeitos e que a equipe estava cada vez mais certa de que os diplomatas sofreram lesão cerebral.

“Todo mundo estava relativamente cético inicialmente”, ele disse, “e todos agora concordam que existe algo aí.” O Dr. Smith comentou que os diplomatas e os médicos, em tom de brincadeira, se referem ao trauma como a “concussão imaculada”.

Alguns especialistas agora argumentam que golpes com micro-ondas explicam de forma mais plausível os relatos de sons, males e traumas dolorosos do que os outros possíveis culpados — ataques sônicos, infecções virais e ansiedade contagiosa.

Outras pesquisas científicas concluíram que ou radiofrequência pulsada ou radiação de micro-ondas poderiam ter produzido os efeitos apontados pelos diplomatas e pela equipe médica, conforme escreveu o Science Daily durante a semana passada. Um artigo revisado por pares feito pela professora médica Beatrice A. Golomb, da Universidade da Califórnia em San Diego, que será publicado na Neural Computation neste mês, argumenta que os sintomas relatados são parecidos com aqueles vistos em outras doenças pouco compreendidas relacionadas à exposição a radiofrequência/micro-ondas.

Em vez de um som de fato, as vítimas poderiam estar sofrendo de delírios auditivos da exposição à radiação de micro-ondas — um fenômeno chamado de Efeito Frey, batizado em homenagem ao cientista Allan H. Frey, de 83 anos. A radiação de micro-ondas concentrada, quando direcionada aos córtices auditivos de processamento de sinais de cada um dos lobos temporais do cérebro humano, pode desencadear a percepção de áudio mesmo em pessoas surdas. Uma peça fundamental de evidência é que: parte dos diplomatas que ouviram os barulhos disse que não conseguia pará-los ao cobrir as orelhas.

Frey disse ao New York Times que russos estavam interessados em desenvolver tecnologias que poderiam explorar esses efeitos em humanos, apelidando-as de armas psicofísicas e psicotrônicas (a certa altura, ele acrescentou, funcionários da inteligência russa o escoltaram até um laboratório em que estavam construindo algumas delas). Entretanto, pesquisadores norte-americanos alegaram que eles eram capazes de usar o Efeito Frey para disparar sinais inteligíveis (ou seja, linguagem) diretamente para dentro da cabeça de pessoas em um teste, escreveu o jornal. O Pentágono construiu uma arma aterrorizante chamada de Sistema de Negação Ativa, que causa sensações de queimadura na pele, usando uma tecnologia relacionada.

De acordo com o New York Times, a tecnologia necessária para construir esses tipos de sistemas de armas são agora mais ou menos um segredo aberto, embora não esteja claro quais países além dos EUA podem ser capazes de construir uma versão avançada:

Rússia, China e muitos estados europeus são vistos como detentores do know-how para criar armas de micro-ondas básicas capazes de debilitar, semear ruídos ou até matar. Poderes avançados, segundo os especialistas, podem conquistar objetivos mais nuançados, como disparar palavras faladas nas cabeças das pessoas. Apenas agências de inteligência sabem quais nações de fato possuem e usam tais armas desconhecidas.

A teoria das micro-ondas é apenas a mais recente em uma longa série de possíveis explicações, que incluiu desde equipamentos de vigilância ultrassônica defeituosos a exposição a toxinas ou doenças psicogênicas (o que foi anteriormente chamado de histeria em massa, mas cuja dor real é um sintoma conhecido). Entretanto, o New York Times apontou que aqueles que parecem concordar sobre sua plausibilidade incluem o cientista da Universidade de Illinois e editor-chefe da Bio Electro Magnetics Dr. James C. Lin, investigadores federais e o Departamento do Estado:

Francisco Palmieri, um oficial do Departamento do Estado, foi questionado durante a audiência aberta do Senado dos EUA se os “ataques contra diplomatas norte-americanos em Cuba” haviam sido levantados com Moscou.

“Essa é uma pergunta muito boa”, respondeu Palmieri. Mas ele acrescentou que falar disso exigiria “um ambiente confidencial”.

No entanto, nem todos estão convencidos:

(“5/ O trabalho americano em armas de micro-ondas dos EUA destinadas a visar humanos tem sido um desastre absoluto, na minha visão. Repleto de segredos, alegações exageradas e, por fim, armas de utilidade questionável, como o Sistema de Negação Ativa, que nunca foi implantado no campo de batalha.”)

Estão crescendo as evidências de que algo obscuro de fato está acontecendo. Mas nenhuma das explicações, por ora, é definitiva, mesmo que essa história fique cada vez mais estranha.

[New York Times]

Imagem do topo: AP

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