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Auditoria constata que Facebook tem tornado mais difícil os direitos civis na rede

Facebook contratou uma auditoria independente para verificar como a empreas lidava com os direitos civis, e o resultado não foi nada bom para a plataforma.

Logotipo do Facebook na Estação F em Paris. Crédito: Thibault Camus/AP

Logotipo do Facebook na Estação F em Paris. Crédito Thibault Camus/AP

Após o escândalo da Cambridge Analytica, o Facebook iniciou uma auditoria independente para entender como a empresa lida com discriminação e racismo na plataforma. Finalmente, saiu o resultado e eles já confirmam o que suspeitávamos há algum tempo sobre a plataforma.

O New York Times, que teve acesso ao relatório de 100 páginas, detalha como a rede social falhou em criar um sistema no qual pudesse lidar adequadamente com questões de direitos civis e como abdicou de suas responsabilidades no combate à discriminação.

Os auditores disseram que o Facebook não se esforçou em buscar conhecimento em direitos civis em suas decisões, o que estabeleceu um precedente que pode afetar potencialmente as próximas eleições presidenciais nos EUA em novembro. Mas o relatório foi adiante em suas avaliações, dizendo que o Facebook não está apenas negligenciando as preocupações de usuários vulneráveis, mas que as escolhas “da empresa causaram “contratempos significativos pelos direitos civis”.

Isso não surpreende, especialmente porque vimos manifestações e protestos de funcionários nos últimos meses, e várias empresas importantes resolveram boicotar a empresa. O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, tem sido amplamente criticado por permitir que postagens inflamatórias do presidente Trump permaneçam no Facebook, onde outras redes de mídia social, como o Twitter, que derrubou as postagens ou incluiu um aviso na publicação.

O Facebook parece ter começado a levar seus problemas a sério devido à reação. Apenas recentemente proibiu negociações de artefatos históricos na rede, embora soubesse que isso ocorre há anos, e apenas recentemente eliminou quase 200 contas associadas a grupos de supremacia branca. Mas, de acordo com sua editoria de direitos civis, provavelmente é tarde demais.

Além disso, Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook,  declarou em um post no Facebook que a rede “não fará todas as alterações” exigidas pela proposta, às quais ela seguiu com “vamos colocar mais propostas em prática em breve”. Isso não inspira muita confiança de que o Facebook realmente fará o que é necessário para combater a discriminação e o racismo, sem falar em notícias falsas, em sua plataforma.

A campanha Stop Hate For Profit — iniciada devido à falta de ação do Facebook em questões de direitos civis, e é liderada por grupos como a Liga Anti-Difamação, Color of Change, Free Press, NAACP e Sleeping Giants — disse ao Gizmodo que a empresa recusou-se a responder a qualquer uma de suas recomendações, exceto a possibilidade contratar outra pessoa na área de direitos civis. A lista completa de recomendações está disponível no site do movimento.

Embora a auditoria seja altamente crítica ao Facebook, ela diz que a empresa fez progressos na contratação de mais especialistas internos em direitos civis nos últimos anos, e que o próprio Zuckerberg está comprometido em promover a justiça racial ao criar produtos. Não está claro como a construção de produtos promoverão a justiça racial, mas se o Facebook pretende lucrar com esses produtos de alguma forma, seria falso, dado o fracasso repetido do Facebook em resolver seus problemas de direitos civis.

“Elevar a liberdade de expressão é algo bom, mas deve ser aplicado a todos”, escreveram os auditores. “Quando isso significa que políticos poderosos não precisam obedecer às mesmas regras que todos os outros, e é criada uma hierarquia de discurso que privilegia certas vozes em detrimento de outras menos poderosas”.

Os auditores recomendaram que o Facebook construísse uma infraestrutura de direitos civis mais forte e que precisava ser mais consistente na aplicação de suas políticas.

O NYT observa que o Facebook se comprometeu a assumir alguns compromissos em resposta à auditoria, como a criação de um vice-presidente sênior de liderança de direitos civis e desenvolver um novo processo interno para dar suporte a direitos civis dos usuários. O velho ditado do “eu só acredito vendo” definitivamente se aplica aqui.

Se o Facebook não quis responder às preocupações da campanha Stop Hate for Profit, o quanto seus usuários devem confiar que ouvirá as recomendações dos auditores?

Enquanto isso, os usuários do Facebook podem fazer algumas coisas para exigir mudanças. A campanha Stop Hate for Profit pede que as empresas não gastem dinheiro para anunciar no Facebook pelo resto de julho e continuem se manifestando contra a falta de ação do Facebook em questões de direitos civis. Quando a Unilever, que é dona da rede de sorvete Ben & Jerry, deixou de anunciar na rede em junho de 2020, o que fez as ações do Facebook caírem mais de 7%.

Desde então, 14 empresas retiraram ou suspenderam seus anúncios do Facebook, mas não o suficiente para afetar os resultados da companhia.

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