_Espaço

Aurora boreal vai ajudar a elucidar o maior enigma de Saturno

O vento, que influencia na formação das luzes brilhantes, parece ser o responsável por dificultar o cálculo de um dia no planeta. Entenda tudo

Aurora Boreal de Saturno

Imagem: ESA/Hubble, NASA, A. Simon (GSFC) and the OPAL Team, J. DePasquale (STScI), L. Lamy (Observatoire de Paris)/Reprodução

As auroras boreais que se formam na Terra são resultado da interação entre campos magnéticos do planeta, partículas energizadas de Sol e componentes presentes na atmosfera. A combinação gera as luzes coloridas de tirar o fôlego que atraem turistas do mundo inteiro.

Outros planetas também podem ter auroras boreais –mesmo que formadas de um jeito um pouco diferente. É o caso de Saturno, onde ventos dentro da própria atmosfera planetária têm um papel fundamental no surgimento dos brilhos no céu.

Vamos entender essa história: ao analisar dados do planeta, cientistas da Universidade de Leicester, na Inglaterra, identificaram ventos de alta altitude e baixa densidade que se moviam a mais de 10 mil quilômetros por hora no Polo Norte de Saturno.

A corrente de vento possui dois redemoinhos em suas extremidades, que giram em direções opostas. Esse movimento distorce as linhas do campo magnético da região, influenciando na formação das auroras boreais. O estudo completo foi publicado na Geophysical Research Letters.

Há ainda um segundo ponto: além da aurora boreal de Saturno ter influência do vento, ela não é formada por partículas energizadas do Sol, mas sim pelo plasma resultante do vulcanismo gelado em Enceladus – a sexta maior Lua do planeta.

Grande enigma de Saturno

Mas o estudo vai além de mostrar a formação de uma aurora boreal em Saturno. Na verdade, essa movimentação do vento indica também porque é tão difícil definir a duração de um dia no planeta.

Em 2004, a sonda Cassini da NASA tentou calcular a rotação do planeta através do rastreamento dos pulsos de emissão de rádio na atmosfera. Mas esses pulsos pareciam mudar de tempos em tempos, o que atrapalhava o cálculo exato. Agora, sabe-se que os ventos influenciam no campo magnético, o que impacta os sinais de rádio e impede a conta.

Calma, apesar de toda a confusão, os cientistas conseguiram calcular a duração de um dia em Saturno. Em 2019, pesquisadores tiveram uma epifania e resolveram medir o tempo a partir da análise das perturbações induzidas pela gravidade no sistema de anéis de Saturno. Assim, concluíram que este dia extraterrestre possuía 10 horas, 33 minutos e 38 segundos.

Sair da versão mobile