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Minha aventura com um ThinkPad de 11 anos

Estou sentado aqui, olhando para uma tela que é alta de mais, esperando. Segundos se transformando em minutos, apenas para que eu possa entrar no Windows. Ainda bem que eu não tive que fazer o boot do zero. Cinco minutos mais tarde, quando o meu laptop finalmente se aproxima de um estado de funcionamento, eu […]

Estou sentado aqui, olhando para uma tela que é alta de mais, esperando. Segundos se transformando em minutos, apenas para que eu possa entrar no Windows. Ainda bem que eu não tive que fazer o boot do zero. Cinco minutos mais tarde, quando o meu laptop finalmente se aproxima de um estado de funcionamento, eu vou levar o cursor até o ícone do Slack apenas para ser recebido por uma superfície preta e morta de plástico duro, então eu me lembro que o meu Thinkpad de 11 anos de idade não tem sequer um touchpad. Isso não vai ser tão divertido quanto eu imaginava. Eu ainda tento instalar o Photoshop? Dane-se, vamos lá. Mas antes de entrar mais fundo neste deserto de tecnologia retrô, deixe-me explicar como cheguei aqui.

No mês passado, o ThinkPad celebrou o seu 25º aniversário, marcando o dia lá em 1992, quando o ThinkPad 700 original de 3 quilos explodia na cena com um design elegante para aquela época. Uma tela colorida de maravilhosas 10,4 polegadas, e a icônica pequena protuberância vermelha esmagada entre as teclas G e H. Desde então a IBM e, posteriormente, a Lenovo, que comprou a divisão de PCs da IBM em 2005, fizeram alguns dos laptops mais confiáveis do mercado. 25 anos é muito tempo para qualquer marca sobreviver, mas em um setor como tecnologia, a linha ThinkPad é francamente anciã. Ao longo dos anos, o ThinkPad tem evoluído e se adaptado aos tempos, mantendo uma identidade em um cenário cada vez mais sem personalidade. Então, quando a Lenovo me perguntou se eu queria dar uma olhada no laptop comemorativo que eles criaram para celebrar o 25º aniversário da ThinkPad, eu disse: “Por que não?”

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Em seguida, ele chegou, e como a reação de uma criança que ganha um brinquedo genérico quando eles pediram um balde de Lego, meus sentimentos mudaram do prazer para a decepção. Não me interpretem mal, este ThinkPad de comemoração é uma boa máquina. Ele tem esse corpo clássico ThinkPad cinza carvão, uma tela fosca widescreen agradável com suporte touch, uma CPU Intel Core i7, e até mesmo uma GPU Nvidia 940X para um pouco de potência gráfica extra. Mas no geral, é apenas um T470 ThinkPad de 14 polegadas normal enfeitado com algumas peças extra de plástico colorido e uma linha bônus de teclas de função e controles de áudio.

Na verdade, a embalagem na qual essa coisa veio tem muito mais personalidade do que o próprio computador, graças ao seu design inspirado em uma caixa de bentô, um livro de imagens de 25 anos de aniverário e três pontos de Trackpoint extras com diferentes texturas. Mas como algo feito para celebrar a estrada que esta linha de computadores percorreu ao longo das últimos duas décadas e meia, parecia sem brilho.

Então eu decidi encontrar um verdadeiro e velho Thinkpad que ainda funcionava e usá-lo como meu computador principal por alguns dias como forma de celebrar adequadamente a ocasião.

Esta loja era uma mina de ouro de laptops antigos, mas os ThinkPads estavam completamente esgotados.

A primeira parada em minha viagem foi o Craigslist, a casa natural para tecnologia inútil e ultrapassada. Para a minha surpresa, a seção de computadores estava cheia de anúncios de ThinkPads cuidadosamente usados, de um Thinkpad 600 de quase 20 anos de idade lançado quando a IBM ainda estava no comando da marca, até um ThinkPad 1.171 mais recente, mas ainda relativamente maduro, de 2002. Mas parecia que cada vendedor que eu contatava tinha acabado de vender o Thinkpad que eu estava procurando. Com certeza eu poderia ter ido até o Ebay e tentar a sorte, mas eu queria um velho ThinkPad agora, e eu queria verificar e me certificar que ele estava em pleno funcionamento antes de eu pagar por ele.

Começando a ficar um pouco desesperado, eu fui atrás de um revendedor de computadores sem nome dentro de um túnel sombrio na Elmhust Ave, no Queens. Eu estava esperando pegar um ThinkPad T61 de 2007, e apesar de ter ligando para confirmar que a loja realmente tinha um em estoque, menos de um dia depois, quando eu apareci pessoalmente, eles tinham vendido o produto. O lojista Max tentou o melhor para que eu me interessasse em um dos vários Dells ou HPs antigos que estavam amontoados em pilhas ao redor da loja. Mas eu queria um ThinkPad. Depois, Max conseguiu pegar o único ThinkPad que ele tinha, um T42 de 2004 que não estava funcionando e que precisava no mínimo de uma RAM nova e um disco rígido. Eu não queria sair de mãos abanando então dei US$ 15 para ele (só dinheiro, por favor) com sonhos de consertar o computador sozinho.

Mesmo depois de encontrar RAM nova, um HDD e um adaptador de energia adequado para o T42 decrépito, eu ainda não conseguia trazê-lo de volta à vida.

O poder da pesquisa Google, em seguida, me levou para o pessoal da Computer Overhauls, uma loja próxima da Penn Station. Parecia que eles tinham um ThinkPad X60 de 2006 por apenas US$ 69,95. Embora o X60 tenha sido feito após a Lenovo assumir o negócio da IBM em 2005, ainda era suficientemente velho e parecia perfeitamente adequado para o que eu tinha em mente. Então, depois de ligar para confirmar que eles realmente tinham a máquina em estoque, eu corri para buscá-lo. Agora eu tinha dois ThinkPads velhos para brincar.

Infelizmente, apesar de encontrar um cabo de alimentação adequado e substituir suas entranhas, o meu ThinkPad T42 de 15 dólares simplesmente não queria voltar à vida. Quanto ao X60 – que coisa maravilhosa. É esquisito e desajeitado e me trouxe de volta a um tempo quando Daniel Powter e Bubba Sparxx ainda não tinham emplacado com seus hits. Na época, a bateria de 8 células do X60 prometia cinco horas de autonomia. A base irregular faz com que o laptop fique inclinado e balance constantemente, mesmo quando está em cima de uma superfície plana.

E há ainda uma estranha dobradiça montada no centro que gira 360 graus. O X60 é uma relíquia de um tempo anterior em que as pessoas ainda não tinham descoberto como um 2-em-1 deveria funcionar e como deveria ser sua aparência. Quando foi lançado, o X60 não era o burro de carga padrão de 12 polegadas. Era uma máquina super premium de US$ 2.300 que a CNET avaliou em 4 de 5 estrelas, que a Laptop Mag avaliou com um 4,5, e o NotebookReview gostou tanto, que nós fizemos a cobertura de sua resenha. Esse valor é mais do que US$ 2.800 em dinheiro de 2017. Mais caro do que um MacBook Pro com Touch Bar ou um Surface Book, além de custar US$ 1.000 a mais do que um ThinkPadYogaX1 de segunda geração, que em muitos aspectos é o sucessor espiritual do X60.

O X60 está repleto de ícones minúsculos e luzes indicadoras que poderiam muito bem ser hieróglifos em 2017. Existe até um d-pad instalado embaixo da tela, supostamente para que seja possível mover o cursor quando a tela estiver virada. Eu nunca vou saber, porque essa funcionalidade, bem como o botão de rotação da tela e seja lá o que esse ícone de uma pasta fosse, não não sobreviveram à atualização do X60 para o Windows 10.

O computador também veio com uma caneta stylus, que funcionava, até que eu tentei limpar o que era provavelmente 10 anos de nojeira acumulada dentro do buraco de guardar a caneta. Uma vez limpo, a tela parou de reconhecê-la. Mas, de novo, armazenamento acoplado para uma stylus! Que inovação.

Como um pedaço de hardware obsoleto, o X60 é divertido o suficiente para nos impressionar, mas ao invés de apenas cutucá-lo e coçar a cabeça como Brendan Fraser em O Homem da Califórnia, era hora de configurar esta coisa como minha máquina principal e tentar trabalhar com ela. E que erro foi isso. Os dois dias seguintes foram algumas das sessões de trabalho mais improdutivos que eu já tive.

Houve tantas vezes em que eu tive que simplesmente ir embora e esperar enquanto este laptop de 11 anos tentava chegar em algum lugar.

No início, as coisas realmente tiveram um começo bastante decente. Eu não tive problemas para conectar o X60 à rede Wi-Fi do meu escritório, embora claramente não estivesse navegando nas velocidades mais rápidas da rede com um adaptador 802.11 a/b. Mas as coisas a partir daí deixaram de ser uma gostosa e divertida nostalgia e se transformaram em um soco surpresa vindo direto de 2006.

Tudo o que eu fiz, desde logar no Windows, a baixar o Chrome ou instalar o Slack, parecia acontecer em câmera lenta. Levou mais de três minutos para o instalador Slack abrir depois de clicar no .exe. Ainda assim, a verdadeira batalha contra o chefão foi instalar o Photoshop CC 2017. O programa estimou que levaria de 44 a 46 minutos, isso depois de já ter passado 20 minutos baixando os arquivos necessários. Posto isso, eu levei mais de uma hora e meia para realmente conseguir importar uma única imagem.

Essa coisa ficava QUENTE o tempo todo, e você consegue sentir o HDD vibrar através do apoio para as mãos em cada vez que começava a girar.

Foi só depois que eu rodei o benchmark o Geekbench 4 que eu tive uma perspectiva real sobre o quão fraco o desempenho do X60 realmente era. Em comparação com o ThinkPad 25, em ambos desempenho de um ou de multi-núcleo, o X60 marcou pontos 4 a 5 vezes mais baixos, e 10 vezes mais baixo do que o desempenho de vários núcleos na Ioga Lenovo 920 que eu testei recentemente.

Com o Photoshop finalmente instalado e funcionando, o sistema rodou surpreendentemente bem. Exceto quando o antigo monitor 4:3 de 12 polegadas e tristes resoluções de 1024 x 768 tornaram a edição de fotos um inferno na terra. Mas o verdadeiro problema era o maldito ponto vermelho incrustado no meio do teclado do X60. E isto provavelmente vai gerar um tanto de ódio dos fãs do ThinkPad, mas o Trackpoint é péssimo. É um resquício de quando os fabricantes de PC simplesmente não conseguiam fazer nada melhor, combinando as piores coisas entre os touchpads e trackballs, mas com nenhum dos benefícios.

Você poderia argumentar que os Trackpoints podem ser menos problemáticos como um controle de cursor secundário em um sistema com um touchpad, mas como a principal forma de usar o mouse no X60, utilizar esta coisa para cada tarefa era tedioso. Chegou a um ponto onde eu estava muitas vezes escrevendo, mantendo a caneta do X60 aninhada entre o polegar e o dedo indicador, para que eu pudesse simplesmente tocar na tela, ao invés de deixar aquela demoníaca língua de gato tocar meus dedos mais uma vez.

Já que não tinha um touchpad, aquela pequena protuberância vermelha tornou-se a maldição da minha existência

Pelo lado positivo, o teclado do X60 é fantástico. Mesmo depois de dez anos, as teclas não tinham perdido a sua mola. Ainda assim, detalhes como metade do tamanho para a tecla Backspace do ThinkPad, teclas microscópicas do Windows e da barra invertida lembraram que ainda havia muito espaço para melhorias.

Ah, e eu mencionei que você pode sentir constantemente o disco rígido do X60 vibrando ao longo de toda a máquina? Além disso, o pobre controle térmico do laptop significa que o descanso de pulso constantemente fica a cerca de 38 graus celsius, então você está sempre suando. Após dois dias de usar este ThinkPad de uma década de idade, minhas mãos e paciência foram para o inferno.

Essa coisa não vai morrer e não encaixa na lixeira

Isso por que a Lenovo vestiu um T470 entediante para criar o ThinkPad 25 em vez de voltar para o passado e fazer algo mais autêntico. A Lenovo passou os últimos onze anos refinando e trabalhando na sua concepção de laptop. Estou tão feliz que eles não fazem computadores como o X60 mais. Em uma nota relacionada, alguém quer uns ThinkPads velhos? Eu estou atrás de algo um pouco mais recente.

Todas as imagens: Sam Rutherford / Gizmodo

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