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Avião hipersônico de “Top Gun” pode um dia ser real, diz empresa

Aeronave fictícia tem detalhes de aviões experimentais reais. Porém, a construção de um “Darkstar” esbarra em desafios de engenharia. Entenda esse processo

Avião hipersônico de “Top Gun” pode um dia ser real, diz empresa

Imagem: Lockheed Martin/Divulgação

Quem assistiu ao novo filme “Top Gun: Maverick”, conheceu o “Darkstar”, um avião hipersônico experimental que permitiu ao capitão Pete Mitchell –estrelado pelo ator Tom Cruise– atingir a marca de velocidade Mach 10.2, voando a mais de 12,5 mil km por hora.

Na prática, um avião do tipo seria difícil, mas não impossível, de sair das pranchetas. Quanto mais rápido uma aeronave viaja, mais resistência do ar ela tem que enfrentar, o que se traduz em mais empuxo e também mais gasto de combustível. Mesmo com toda a tecnologia atual, os aviões mais rápidos já desenvolvidos viajam por volta do Mach 6 (ou cerca de 7.408 km/h).

Conforme apontou o site CBC, em 2004, a NASA chegou a fazer um teste hipersônico com o avião X-43A, atingindo o Mach 9,6. Porém, a aeronave não era tripulada, precisou da carona de outro avião para alcançar uma determinada altitude e voo durou cerca de dez segundos –uma vez que é um desafio manter um motor funcionando por muito tempo nessa velocidade. O teste pode ser visto abaixo:

Do “Top Gun” para a realidade

Por mais que um avião hipersônico que atinja o Mach 10 ainda não exista, a americana Lockheed Martin afirma que o Darkstar pode ser mais que mera ficção e, um dia, se tornar realidade. A empresa trabalhou junto com a equipe criativa do filme de Tom Cruise para ajudar no desenvolvimento do conceito e na construção de uma maquete em tamanho real do potencial avião hipersônico.

O trabalho foi feito em segredo pela Skunk Works, uma subsidiária da Lockheed Martin, responsável por desenvolver aviões experimentais. O resultado final foi tão crível, que, durante as filmagens do longa, um satélite espião chinês chegou a alterar sua órbita para fotografar o avião, segundo conta o produtor de Top Gun, o cineasta Jerry Bruckheimer, ao site Sandboxx.

Inclusive, alguns detalhes do Darkstar foram retirados de aeronaves experimentais reais. O modelo de proa da aeronave utilizado no filme, por exemplo, contou com um cockpit funcional. O avião fictício, claro, não saiu do chão, mas foi filmado dentro e fora de um hangar no deserto de Mojave, nos EUA, segundo o Deadline.

Desafios tecnológicos

Há mais de 30 anos, a Lockheed Martin –assim como outras empresas– vem desenvolvendo a tecnologia de aeronaves e armas que viajam a altíssima velocidade, incluindo mísseis hipersônicos. Porém, um avião hipersônico, que viaja a velocidades mais rápidas que o Mach 5, tem ainda alguns desafios a serem superados.

Em velocidades hipersônicas, o atrito e a resistência do ar aumentam, o que gera muito calor sobre a fuselagem. Isso demanda que a aeronave utilize escudos térmicos resistentes construídos com materiais inovadores e leves, para não deixar o avião pesado.

Além disso, é preciso utilizar sistemas que garantam a manobrabilidade, mesmo em altas velocidades. Operações básicas, como manter a conectividade com sistemas globais de comunicação e sensores, também precisam ser reforçados para resistir a condições extremas.

Isso sem falar que a alta velocidade gera Forças G altas sobre o corpo do piloto, não apenas nas acelerações, mas também em manobras, como as vistas durante o filme.

Ainda em 1964, Lockheed testou com sucesso o SR-71, um avião supersônico que tinha velocidade de cruzeiro Mach 3. Nos últimos anos, a empresa está trabalhando no SR-72, um hipersônico não tripulado que voará a Mach 6. Uma demonstração de voo deve ocorrer no ano que vem, estando operacional até 2030.

“Darkstar pode não ser real, mas suas capacidades são”, diz a Lockheed Martin.

Lançado nos cinemas no último dia 26 de maio, o filme “Top Gun: Maverick” já somou mais de dois milhões de espectadores em todo o Brasil, faturando R$ 46 milhões nas bilheterias. O trailer do filme pode ser visto abaixo:

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