A brasileira Embraer terá parte de suas operações incorporadas à americana Boeing. As duas companhias anunciaram nesta quarta-feira a criação de uma joint venture avaliada em US$ 4,75 bilhões – 80% do negócio ficará nas mãos dos americanos, que irão pagar US$ 3,8 bilhões pelo acordo.
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O negócio diz respeito a operações e serviços de aviação comercial da Embraer, que representam 57,6% da receita líquida da companhia. Em 2017, foram US$ 10,7 bilhões de um total de US$ 18,7 bilhões só nesse setor. De acordo com a Reuters, após a junção, a Boeing deve se tornar a líder do mercado para pequenos jatos comerciais.
A Embraer, além de possuir 20% da nova empresa, manterá controle sobre as operações de defesa e de jatos executivos. Havia uma preocupação sobre uma possível influência americana nos programas militares desenvolvidos pela empresa, mas os termos do acordo não devem causar problemas com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que precisa autorizar o negócio.
O acordo ainda precisará passar pelo crivo do governo e de acionistas, mas a expectativa é que tudo seja finalizado até o final do ano que vem. A parceria deve entrar nos resultados financeiros da Boeing no início de 2020 e, segundo as empresas, deve gerar uma sinergia anual de custos estimada em cerca de US$ 150 milhões, sem considerar impostos, até o 3º ano.
A joint venture será liderada por uma equipe de executivos que ficará baseada no Brasil, incluindo um presidente e CEO. A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa.
Há um segundo acordo acontecendo entre as duas empresas, que diz respeito ao desenvolvimento do avião multimissão KC-390. A ideia é criar uma outra joint venture para novos mercados e aplicações para produtos e serviços de defesa.
Esse é o segundo grande acordo do setor aéreo nos últimos meses. A negociação entre Embraer e Boeing foi uma resposta à aquisição do programa de aviões de médio alcance da Bombardier realizado pela Airbus, em outubro do ano passado.
[Reuters]
Imagem do topo: Embraer/Divulgação