A forma surpreendentemente óbvia que podemos caçar vida alienígena
Uma equipe de astrônomos está propondo uma nova forma de caçar vida inteligente que parece bem óbvia quando você para pra pensar: nós precisamos ser os alienígenas. Ou, ao menos, precisamos nos colocar no lugar deles e pensar em que parte do céu precisamos estar para que consigam nos ver.
Encontrar outros seres como nós certamente mudaria o mundo, mas não é algo simples de ser feito. A Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI, na sigla em inglês) está atrás deles desde a década de 1960, e até agora só conseguiu vasculhar uma pequena parte do céu em busca de sinais de rádio.
Astrobiólogos já propuseram diversas formas de melhorar a busca: nos concentrando em aglomerados ricas em estrelas, ou então direcionando nossos instrumentos para o centro galático, onde as taxas maiores de formação estelar implicam em mais possibilidades de encontrar mundos habitáveis – ou talvez, o mais importante, onde uma espécie inteligente possa ter instalado um farol.
Outra forma de pensar sobre o problema é perguntar onde no cosmos a vida alienígena poderia nos ver. Se existem pessoas por aí buscando mundos habitáveis da mesma forma como estamos, onde eles precisam estar para espionar um planeta com 70% da superfície coberta por oceanos, uma atmosfera rica em nitrogênio, orbitando a 149.600.000 km de uma estrela tipo-G, mais ou menos no meio do caminho entre o centro galático e a borda da Via Láctea?
Se nossos vizinhos cósmicos conseguirem ver a Terra conforme ela transita o Sol, então, dizem René Heller e Ralph Pudritz no Astrobiology, eles podem estar nos enviando um sinal. É por isso que Heller e Pudritz sugerem que devemos voltar os ouvidos para a “zona de trânsito” da Terra, uma pequena faixa do espaço contendo aproximadamente 100.000 estrelas em potencial.
100.000 parece muita coisa, mas é muito menos assustador quando você considera as 100 bilhões de estrelas na Via Láctea – e é esse o volume do espaço que conseguimos ver com nossos telescópios de rádio. No ano passado, o bilionário russo Yuri Milner inaugurou o Breakthrough Listen, um esforço de US$ 100 milhões para descobrir vida alienígena. Isso significa que agora o SETI tem tanto uma fonte de financiamento quanto um potencial mapa a seguir.
Em relação a qualquer argumento “nós deveríamos olhar ali para encontrar aliens!”, tem muita coisa que não sabemos ainda. Não sabemos se existem alienígenas por aí. Se existir vida inteligente em algum lugar, não podemos garantir de maneira alguma que eles usem telescópios e ondas de rádio para estudar as estrelas. Na verdade, filósofos e pesquisadores do SETI defendem que qualquer civilização que conseguirmos detectar será uma civilização bem antiga – e, assim, eles podem ter um conhecimento tecnológico muito superior ao nosso. Talvez não seja uma boa ir atrás deles. Talvez eles não queiram ser vistos.
Mas está na nossa natureza explorar e fazer essas perguntas. E se vasculhar a zona de trânsito da Terra aumenta a chance de acabar com a nossa solidão cósmica – e ainda encontrar vida inteligente com conhecimento tecnológico comparável ao nosso – eu diria que vale o esforço.
[Astrobiology via Motherboard]
Imagem de topo: Cluster Abel 1689, via Wikimedia