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Call Of Cthulhu: Dark Corners of the Earth

Gosto quando um livro, um filme, um jogo ou mesmo uma música consegue provocar alguma emoção forte em mim. É bom sentir-se tenso, ficar com as pupilas dilatadas e o coração acelerado e, ao mesmo tempo, estar num ambiente controlado. Alguém que consegue isso com frequência é Howard Phillips Lovecraft, escritor que qualquer pessoa nerd o suficiente para ler o que escrevo deve conhecer (se você está lendo isto e não o conhece você é uma pessoa má e deve sentir-se mal por isso). Mas será que alguém seria capaz de adaptar a obra de Lovecraft para outra mídia fazendo jus ao original?

Gosto quando um livro, um filme, um jogo ou mesmo uma música consegue provocar alguma emoção forte em mim. É bom sentir-se tenso, ficar com as pupilas dilatadas e o coração acelerado e, ao mesmo tempo, estar num ambiente controlado. Alguém que consegue isso com frequência é Howard Phillips Lovecraft, escritor que qualquer pessoa nerd o suficiente para ler o que escrevo deve conhecer (se você está lendo isto e não o conhece você é uma pessoa má e deve sentir-se mal por isso). Mas será que alguém seria capaz de adaptar a obra de Lovecraft para outra mídia fazendo jus ao original?

Graças ao Grande Cthulhu, a resposta é sim. Em 2006, a Headfirst acertou ao criar Call Of Cthulhu: Dark Corners of the Earth baseando-se especialmente em A Sombra Sobre Innsmouth, além de pincelar outros contos do mestre com fidelidade admirável. O jogo te coloca na pele de Jack Walters, investigador que recentemente adquiriu fama por resolver casos difíceis com o que ele chama de “palpites de sorte”. Walters é convocado no meio da noite para investigar a situação em uma casa ocupada por praticantes de um culto bizarro. Não quero estragar as surpresinhas para quem eventualmente não tenha jogado, mas culto bizarro + jogo baseado em Lovecraft = MEDO, MÃE! E ao sair da casa ele passa 6 anos internado, completamente pirado. Preencham as lacunas.

Pois é, medo é a agradável sensação que te acompanhará enquanto você passa divertidas horas rangendo os dentes e apertando o mouse com força entre seus dedos. Uma das mecânicas do jogo, que não possui medidores de saúde ou munição espalhados pela tela, contribuindo para a imersão, é a de sanidade. Você deve acompanhar a respiração e os batimentos cardíacos de Walters para ter certeza que tudo está ok com a cachola dele. Cada vez que você se deparar com algo excessivamente…alienígena, o protagonista pirará um pouquinho, com direito a começar a ouvir vozes, ter alucinações visuais, etc. Estejam avisados, Jack Walters tem medo de altura.


Pirei um pouquinho :(

Nada demais até aí, Eternal Darkness já havia feito isso antes. Mas pela primeira vez eu me vi prestando atenção na minha própria frequência cardíaca. Na verdade, em vários momentos Jack respirava suavemente, como um bebê no colo de sua mãe, enquanto eu estava “PQP, TEM ALGO NAQUELA PAREDE, JEZUIZAMADO…ah, é uma porta :D”. Se você se deixa seduzir por jogos com atmosferas mais envolventes, como eu, e tem problemas cardíacos, passe longe. Ou jogue com seu enfermeiro por perto. Ou ignore meus conselhos, eu sou medroso demais mesmo.

Quanto aos poucos defeitos do jogo, a maioria vem, provavelmente, do fato de ser feito em primeira pessoa e ter sido lançado também para console. Vez por outra é difícil colocar uma tranca na porta ao invés de abri-la, coisa que seria fácil com a precisão do cursor do mouse. E muito do jogo se baseia em tentativa e erro. Todo os encontros potencialmente letais só têm uma saída possível e nem sempre é algo muito intuitivo. Some isso ao fato de você só poder salvar o jogo em determinados pontos e você terá que jogar novamente trechos inteiros só porque, ao invés de colocar a tranca numa porta, você a abriu sem querer. Lógico que você terá que fazer isso 10 vezes no mínimo, porque o Jack não sabe trancar portas sem abri-las três vezes antes.

Mas vale a pena superar a “burrice” de Jack e o medo do escuro para jogar essa pequena obra-prima. Jogue ou Dagon puxará seu pé à noite.

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