Você deve cancelar sua viagem por causa do coronavírus?

A menos que órgãos de saúde emitam um aviso de viagem para a área que você planeja visitar, não há motivo para cancelar nenhum plano no momento.
Imagem: Ina Fassbender (AFP via Getty Images)

À medida que um surto de um novo coronavírus causador de pneumonia está prestes a se espalhar por todo o mundo, pessoas em lugares não afetados podem estar preocupadas em visitar áreas onde o vírus está presente ou fazer qualquer tipo de viagem. A resposta para se você deve cancelar seus planos existentes, no entanto, é complicada.

No final do mês passado, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA emitiram um alerta de viagem de nível 3 (o mais alto), recomendando que qualquer pessoa com planos de viagem não essenciais para a China continental evite ir para lá; o Departamento de Estado emitiu seu próprio aviso equivalente, aconselhando o mesmo. Desde então, muitas grandes companhias aéreas cancelaram todos os voos dos EUA para a China (embora ainda haja algumas opções disponíveis).

Mas embora o surto de COVID-19, como é chamada a doença causada pelo vírus, está centrado na China continental desde dezembro passado, ele agora também está se espalhando para outros países. A Coreia do Sul, a Itália e o Irã relataram recentemente grandes grupos de casos, espalhados localmente de pessoa para pessoa. E agora estamos começando a ver casos em lugares próximos a esses países. No total, houve pelo menos 80.000 casos documentados de COVID-19 em todo o mundo, em 37 países, com mais de 2.700 mortes.

Na segunda-feira (24), o CDC emitiu outra rodada de avisos de viagem, com um alerta de nível 3 para a Coreia do Sul, que registrou quase 1.000 casos, e um alerta de nível 2 para pessoas que viajam para a Itália, Irã e Japão.

“Os adultos mais velhos e aqueles com condições médicas crônicas devem considerar adiar viagens não essenciais” para a Itália, Irã e Japão, afirma o nível 2, enquanto indivíduos que retornaram recentemente desses países nas últimas duas semanas e que desenvolveram febre, tosse ou dificuldade em respirar devem procurar ajuda médica e informar o médico sobre suas viagens recentes.

Portanto, a menos que o CDC emita um aviso de viagem para a área que você planeja visitar, não há motivo para cancelar nenhum plano no momento. O que você pode fazer em geral se for viajar (e mesmo se não for) é praticar boa higiene. Evite tocar o rosto com as mãos, evite o contato próximo com pessoas doentes e lave as mãos corretamente e com frequência – com água e sabão por pelo menos 20 segundos ou com um desinfetante para as mãos à base de álcool que contenha entre 60% e 95% de álcool.

Curiosamente, a Organização Mundial da Saúde desaconselha a implementação de restrições de viagens em geral durante um surto, inclusive durante este. Muitos especialistas em saúde pública já criticaram as restrições de viagens implementadas por países como os EUA. Por um lado, o medo e os danos econômicos que essas restrições criam podem piorar involuntariamente a situação, tornando os países mais relutantes em relatar casos dentro de suas próprias fronteiras. Eles também podem tornar as pessoas preconceituosas em relação aos residentes dos países afetados ou a seus vizinhos que vêm de lá.

Outro grande problema é que, quando um surto se espalha visivelmente, as restrições de viagem podem não ajudar a impedi-lo – no máximo, eles podem atrasar um pouco o contágio no país. Um estudo publicado no início de fevereiro, por exemplo, descobriu que havia “pesquisas limitadas para apoiar o uso de proibições de viagens para minimizar a propagação” de MERS, SARS, Ebola e Zika, quatro outras doenças infecciosas que causaram grandes surtos nos últimos anos, com SARS e MERS sendo causados ​​por coronavírus também.

A certa altura, a triste verdade é que se trata menos de tentar impedir que um surto entre em um país e mais de fazer o possível para mitigar os danos que ele causa, objetivos que tendem a exigir estratégias diferentes. Na terça-feira (25), por exemplo, oficiais do CDC alertaram que a disseminação do COVID-19 nos EUA é quase certamente inevitável. Já no Brasil, foi confirmado o primeiro caso da doença nesta quarta-feira (26).

Isso não significa necessariamente que estamos condenados a uma pandemia. Na segunda-feira (24), a Organização Mundial da Saúde se recusou a declarar o surto uma pandemia por enquanto, observando que alguns países parecem ter sido capazes de impedir a propagação local da doença. Essa situação pode mudar nos próximos dias e semanas, mas provavelmente não dependerá de você decidir ou não mudar seus planos de viagem para as férias.

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