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Finja surpresa: algumas celebridades compram seguidores no Twitter

Atenção, prepare-se. Segundo uma longa matéria do New York Times, alguns dos seus influenciadores de mídias digitais podem não ser tão influentes assim. Em vez disso, eles são grandes falseadores das redes sociais. • Como evitar comunicações indesejadas nas redes sociais • Como apagar sua existência online, mas manter todos os seus dados Como alguém […]

Atenção, prepare-se. Segundo uma longa matéria do New York Times, alguns dos seus influenciadores de mídias digitais podem não ser tão influentes assim. Em vez disso, eles são grandes falseadores das redes sociais.

Como evitar comunicações indesejadas nas redes sociais
Como apagar sua existência online, mas manter todos os seus dados

Como alguém que previamente assumiu que celebridades assinam uma espécie de lei de cumprimento da ética, me surpreendeu saber que figuras como o ator John Leguizamo, a atriz Kathy Ireland e a empresária Martha Lane Fox, que faz parte do conselho do Twitter, aumentaram suas presenças em redes sociais através da Devumi, uma das muitas empresas que aumentam o número de seguidores com robôs.

Cerca de 15% dos usuários do Twitter podem não ser seres humanos, mas bots feitos para melhorar a carreira de quem tem dinheiro, como cita o jornal de Nova York:

O ator John Leguizamo tem seguidores da Devumi. Assim como Michael Dell, o fundador da Dell, e Ray Lewis, o comentaristas de futebol americano e ex-linebacker do Ravens. Kathy Ireland, a modelo de roupa de banho que hoje preside um império de meio bilhão de dólares, tem centenas de milhares de seguidores falsos da Devumi, da mesma forma que Akbar Gbajabiamila, apresentador do show “American Ninja Warrior”. Até Martha Lane Fox, que faz parte do conselho do Twitter, tem alguns seguidores da Devumi.

Segundo o New York Times, a Devumi e empresas similares têm vendido seguidores do Twitter para várias campanhas políticas e personalidades, assim como conselheiros de governos estrangeiros e um editor da agência de notícias chinesa Xinhua.

Embora o jornal tenha identificado alguns bots inofensivos, como os que fazem postagens automáticas ou publicam tuítes agendados, muitas das contas falsas em questão são aparentemente “robôs de amplificação” feitos com o único propósito de enganar as pessoas de que as celebridades são mais populares e influentes online do que realmente são.

O ator John Leguizamo. Foto por Alberto E. Tamargo/Sipa USA/C.C. 2.0

Impressionante, né? Como o Times nota, estes “robôs de amplificação” podem ser usados para propósitos de monetização:

Ter muitos seguidores é crítico para estes ‘influenciadores’, um mercado em ascensão de pessoas que influenciam tendências e estrelas do YouTube, onde anunciantes agora faturam bilhões de dólares em um ano com acordos de patrocínio. Quanto mais gente os influenciadores atingirem, mais dinheiro eles fazem. Segundo dados coletados pela Captiv8, uma empresa que conecta influenciadores com marcas, um influenciador com 100 mil seguidores ganha em média US$ 2.000 por um tuíte patrocinado, enquanto um com 1 milhão de seguidores fatura cerca de US$ 20 mil.

“Você vê um alto número de seguidores, ou uma conta com muitos retuítes, e você assume que esta pessoa é importante, ou que um tuíte foi bem recebido”, afirmou Rand Fishkin, fundador da empresa de SEO Moz, ao New York Times. “Como resultado, você tem mais chances de ter uma mensagem amplificada, de ser compartilhado ou de ser seguido.”

Há algumas formas de perceber quem são esses “influenciadores”, como verificar se eles são seguidos por milhares de pessoas e se eles seguem pouca gente; ou se eles retuítam várias propagandas ou posts em línguas estrangeiras.

Nenhum desses sinais teriam chamado minha atenção, justamente eu, um blogueiro de tecnologia, mas agora que eu sei, vou tomar as medidas necessárias para não ser influenciado pelas opiniões de perfis como @JohnLeguizamoFans420 sobre o conflito entre Palestina e Israel.

São ainda mais obscuras as revelações do jornal ao dizer que esses robôs, na verdade, não aumentam o engajamento e na maioria das vezes só fornecem resultados efêmeros; e que comprar esse monte de seguidores pode ser, no fim do dia, um golpe:

Os robôs de alta qualidade são geralmente entregues primeiro aos consumidores, seguido por milhões de robôs de baixa qualidade, como serragem misturada com queijo parmesão ralado.

A Devumi, segundo um antigo funcionário, é a fonte de robôs para diferentes criadores de bots dependendo do preço, qualidade e confiabilidade. Na Peakerr, por exemplo, 1.000 robôs de alta qualidade de língua inglesa e com fotos custam um pouco mais de US$ 1. A Devumi cobra US$ 17 pela mesma quantidade.

Para acabar ou reduzir a invasão de robôs são necessárias algumas soluções simples, como passos adicionais de registro, mas a teoria da conspiração aponta para outra direção: parece que o Twitter tem certo “incentivo” para permitir que robôs proliferem, porque dessa forma o Twitter se torna mais poderoso e influente do que é.

Com tudo isso, a única coisa que eu sei é que as celebridades me desapontaram muito, e eu agora vou pensar mais antes de acreditar em algo que eu vir online. Apesar de toda a ironia, a matéria do New York Times, disponível apenas em inglês, é bem esclarecedora e cheia de detalhes de como funciona este mercado.

[New York Times]

Foto do topo por Twitter/Flickr

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