Metade da população usuária de internet no Brasil acessa rede apenas pelo celular
O desenvolvimento dos smartphones e da internet móvel nos dispositivos portáteis mudou a relação das pessoas com o celular, que foi de acessório para chamadas a meio de acesso à internet. E isso é especialmente verdade no caso do Brasil, em que metade da população conectada acessa a internet exclusivamente pelo telefone celular, com 58,7 milhões de brasileiros.
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O número faz parte da mais nova pesquisa TIC Domicílios, divulgada nesta terça-feira (24) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e que diz respeito a 2017. Pela primeira vez na série histórica, o estudo mostra que o número de usuários de internet que acessam a rede apenas pelo celular superou o dos que combinam celular e computador (47%).
Essa nova realidade é sobretudo comum entre usuários das classes D e E e das áreas rurais, em que a proporção de usuários da internet que a acessam exclusivamente pelo celular é de 80% e 72%, respectivamente. O número retrata o baixo acesso de pessoas de baixa renda a diversos dispositivos de acesso à internet. Esse número, de alguma forma, mostra a importância que aparelhos baratos ainda têm no mercado brasileiro.
Na classe A, isso é bem diferente, com 88% dos usuários fazendo uso simultâneo de celular e computador. Segundo Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, 33 milhões de usuários brasileiros com renda mensal de até dois salários mínimos usam a internet só pelo celular.
“O fator socioeconômico é preponderante. Aqueles que têm a possibilidade de escolher combinam o uso de mais de um dispositivo para acessar a rede, algo crucial para o desenvolvimento de habilidades digitais, especialmente no cenário de nova economia digital”, completa Barbosa, em nota à imprensa.
O estudo traz outros dados interessantes sobre o acesso à internet por banda larga no Brasil. No total, são 42,1 milhões de lares conectados, ou 61% das residências, em 2017. Este número é maior nas áreas urbanas, com 38,8 milhões de lares, ou 65%. A pesquisa mostrou que as desigualdades socioeconômicas e por áreas urbanas/rurais persistem, com as classes A e B tendo proporções de 99% e 93%, respectivamente, enquanto o acesso à internet nas classes D e E está presente em apenas 30% dos domicílios. Ainda assim, é um aumento em relação a 2016, que teve proporção de 23%. Residências da área rural foram de 26% para 34% entre 2016 e 2017.
O preço da conexão segue como o grande motivo mencionado para explicar a falta de internet nos lares, com 27% dos entrevistados dizendo que o serviço é caro. O que levou Barbosa a afirmar que é “cada vez mais essencial o investimento em infraestrutura e em políticas públicas que possibilitem que todos os brasileiros possam ter acesso à Internet em suas casas, sem distinção de classe social ou região geográfica”.
Imagem do topo: Getty