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Celulares velhos e tecnologia do Google estão ajudando a combater desmatamento no Brasil

Uma ONG de San Francisco, nos Estados Unidos, está usando uma mistura fascinante de aprendizado de máquina e tecnologia de painel solar para ajudar a combater o desmatamento no Brasil. A Rainforest Connection, liderada pelo fundador e CEO Topher White, cria dispositivos chamados Guardians que ouvem a floresta tropical e enviam alertas em tempo real […]

Uma ONG de San Francisco, nos Estados Unidos, está usando uma mistura fascinante de aprendizado de máquina e tecnologia de painel solar para ajudar a combater o desmatamento no Brasil. A Rainforest Connection, liderada pelo fundador e CEO Topher White, cria dispositivos chamados Guardians que ouvem a floresta tropical e enviam alertas em tempo real para combater a exploração florestal ilegal.

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A startup de White posiciona sensores no dossel florestal da Floresta Amazônica no Pará. Os dispositivos são alimentados por painéis solares e construídos usando celulares descartados. Os sensores “Guardians” registram a própria floresta e os sons do desmatamento — como tiros, caminhões madeireiros e motosserras. Usando aprendizado de máquina da API do TensorFlow e “monitoramento bioacústico”, White analisa os ruídos registrados pelos sensores, seleciona esses sons e aponta a localização enviada pelo dispositivo Guardian.

Um celular Android é transformado em um dispositivo de monitoramento acústico alimentado por energia solar. Seu objetivo é ouvir o som de desmatadores numa região. Imagem: Divulgação

O Google publicou um vídeo de White usando os dispositivos na comunidade indígena Tembé, que luta para reconquistar sua terra dos madeireiros que derrubam as árvores, queimam campos e promovem a caça de animais.

Os Tembé têm cerca de 30 guardas florestais treinados para patrulhar as florestas e defendê-las dos madeireiros. É claro, a floresta tropical da Amazônia já é incrivelmente densa e difícil de se navegar, imagine então coordenar uma resposta unificada aos madeireiros, que podem estar armados.

É aí que entra o Google.

White analisa os dados acústicos advindos dos dispositivos Guardian com a ajuda do TensorFlow, a estrutura de aprendizado de máquina de código aberto do Google. Inicialmente desenvolvida por pesquisadores e engenheiros que trabalhavam com pesquisa na equipe do Google Brain para conduzir estudos de machine learning deep neural network, o TensorFlow hoje pode ser aplicado em vários outros campos.

Os dispositivos Guardian funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, portanto, para distinguir os sons do registro de todas as outras coisas, White usa o aprendizado de máquina para analisar os dados dos padrões de áudio específicos que indicam uma serra elétrica ou um tiroteio. Com o som isolado e os dados de localização fornecidos pelos sensores, é muito mais fácil para as patrulhas responderem.

O Guardian fica disposto na árvore da seguinte maneira. Imagem: Rainforest Connection

“As pessoas no chão, elas são a solução”, diz White no vídeo. “Eles são os únicos que podem lutar contra o desmatamento. Mas a tecnologia pode desempenhar um papel bastante importante em ajudá-los a fazê-lo com mais segurança e eficácia.”

A tecnologia de detecção acústica já é comum nos Estados Unidos. Departamentos de polícia em lugares como Chicago e Baltimore usam-na para detectar tiros. Em áreas com alta violência armada, muitos tiroteios não são relatados. A Shotspotter, como é chamada a tecnologia, alerta a polícia sobre o som de tiros e sua localização.

O site da Rainforest Connection diz que a startup já completou programas piloto em partes da África e, além de combater a caça ilegal de animais e o desmatamento, quer criar uma “Arca de Áudio” de espécies ameaçadas em todo o planeta.

[MIT Technology Review]

Colaborou Leo Escudeiro

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