Células revividas de porcos mortos podem mudar rumo dos transplantes

Sistema permitiu que as células de órgãos vitais dos animais continuassem trabalhando. Órgãos mantiveram certas funções celulares e metabólicas durante seis horas
Transplantes porcos - Imagem mostra um porco deitado sobre as patas.
Imagem: Kameron Kincade/Unsplash/Reprodução

Pesquisadores da Escola de Medicina de Yale, nos EUA, desenvolveram um sistema capaz de manter órgãos de porcos funcionando parcialmente mesmo após a morte do animal. O estudo completo foi publicado na revista Nature.

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O sistema em questão recebe o nome de OrganEx. Basicamente, ele permite que as funções celulares dos órgãos vitais dos animais continuem existindo.

Funciona da seguinte maneira: os cientistas bombeiam no porco uma solução sintética da proteína hemoglobina, responsável por transportar oxigênio nos glóbulos vermelhos. O líquido conta ainda com outros compostos destinados a evitar inflamação, a autodestruição celular e a formação de coágulos sanguíneos.

Ao final, os porcos apresentaram sinais de reparo celular no cérebro, coração, pulmões, fígado, rim e pâncreas. Além disso, os órgãos mantiveram certas funções celulares e metabólicas durante o experimento de seis horas.

Os porcos usados no estudo foram induzidos a uma parada cardíaca enquanto estavam sedados. Uma hora depois, foram conectados a máquina. O sistema é semelhante ao ECMO – aparelho usado durante cirurgias para bombear sangue e oxigênio pelo corpo.

Órgãos humanos possuem um tempo de isquemia, o período máximo que aguentam manter suas atividades fora do corpo humano. Com o OrganEx, os cientistas esperam preservar órgãos doados, diminuindo a fila de espera de transplantes. 

Mas isso deve demorar. O estudo em porcos é apenas uma prova de conceito, ou seja, uma demonstração de que a hipótese levantada pelos cientistas funciona. Porém, o grau de recuperação das funções celulares diferiu em cada órgão suíno, fazendo com que mais estudos sejam necessários. Testes envolvendo vários outros animais devem ser realizados antes que o sistema seja usado para humanos.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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