Como não reagir a uma tragédia

A tragédia da Chapecoense deixou muita gente consternada. Infelizmente, teve quem reagiu de uma forma tão baixa que virou um assunto por si próprio.

Na madrugada desta terça-feira (29), o avião que levava a delegação da Chapecoense caiu na Colômbia. Apenas seis pessoas saíram do acidente com vida; 72 corpos foram resgatados, entre jogadores e jornalistas. O time ia disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana. Foi uma tragédia que ultrapassou os confinamentos do futebol, e deixou muita gente consternada. Infelizmente, teve quem reagiu de uma forma tão baixa que virou um assunto por si próprio.

O site Catraca Livre não cobre esportes, mas decidiu falar sobre o acidente de outras formas – todas com algum nível de mau gosto.

Tivemos este post sobre “mitos e verdades sobre viajar de avião”, apenas com a hashtag #acidentenaColômbia:

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Teve também este post sobre “passageiros que filmam pânico em avião”:

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E então, veio uma galeria sobre pessoas que postaram selfie e pouco depois morreram:

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Os usuários criticaram em peso essa abordagem do site, condenando o uso da tragédia para uma investida de jornalismo marrom.

Em outro tropeço, o Catraca Livre copiou uma imagem da página Fera, do Grupo Estado, sem dar os devidos créditos:


Após a enxurrada de críticas, a página do Facebook publicou um editorial (já apagado) dizendo que “consideramos relevante jornalisticamente mostrar outros aspectos da tragédia”:

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É mesmo relevante criar uma galeria de selfies trágicas? O Catraca Livre também dizia que “é necessário mostrar que o avião é o meio mais seguro de transporte”. Então por que chamar uma matéria que reúne vídeos de pânico em avião?

Algumas horas mais tarde, veio outro editorial (também apagado): a página disse que “pede desculpas aos leitores”, mas novamente de um jeito equivocado:

O Catraca Livre diz que os posts “feriram a sensibilidade de seus leitores, ao mostrar diferentes ângulos da tragédia”, como se a culpa fosse de usuários sensíveis demais para esse tipo de conteúdo. E a frase “Lamentamos que nossa abordagem tenha provocado essa dor e fosse interpretada como desrespeito” segue o script da não-desculpa: você não diz que errou, apenas lamenta que não entenderam você direito.

Ainda tivemos mais outro editorial (também removido), dizendo que a reação do público consistia em “manifestações de ódio”, acompanhada da frase “quem nunca errou que atire a primeira pedra”:

Só agora, surgiu um pedido sincero de desculpas. Gilberto Dimenstein, criador do Catraca Livre, assumiu a culpa pelos posts de mau gosto, dizendo que “toda a redação foi contra e, numa conversa franca, expuseram suas discordâncias”.

Ainda assim, a sequência de erros crassos foi tão grande que as críticas ainda estão se acumulando, e a página do Facebook vem perdendo milhares de seguidores por hora.

Outras empresas acabaram se envolvendo na polêmica. O Ponto Frio postou (e logo apagou) uma oferta de catraca vendida na loja:

A Netshoes, loja online de calçados e artigos esportivos, acabou se envolvendo de outra forma, quando pessoas notaram que a camisa da Chapecoense passou de R$ 130 para R$ 250 ao longo do dia.

A loja diz em comunicado que o preço estava mais baixo por causa da Black Friday; quando os estoques acabaram, ela voltou ao preço original – “em nenhum momento houve intenção de aumento do preço”, diz a Netshoes.

Em meio a essas distrações, houve atitudes nobres em face da tragédia. Vários clubes brasileiros mostraram solidariedade à Chapecoense, prometendo empréstimo gratuito de jogadores, e pedindo que o time fique imune ao rebaixamento por três temporadas. Enquanto isso, o Atlético Nacional – que disputaria a Copa Sul-Americana – quer entregar o título à Chape. Quem quiser ajudar o time pode se tornar sócio torcedor a partir de R$ 16 mensais.

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