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China alerta que prisão de executiva da Huawei a mando dos EUA pode implicar “graves consequências”

A China alertou o embaixador canadense que, se Meng Wanzhou, diretora financeira da empresa de telecomunicações e tecnologia Huawei, não for liberada, haverá “graves consequências”, informou a CBS News no domingo (9). • Um resumo dos últimos acontecimentos do caso Huawei • Estados Unidos pedem que governos aliados não usem dispositivos da chinesa Huawei De acordo com […]

Vincent Yu/AP

A China alertou o embaixador canadense que, se Meng Wanzhou, diretora financeira da empresa de telecomunicações e tecnologia Huawei, não for liberada, haverá “graves consequências”, informou a CBS News no domingo (9).

• Um resumo dos últimos acontecimentos do caso Huawei
• Estados Unidos pedem que governos aliados não usem dispositivos da chinesa Huawei

De acordo com a CBS, autoridades chinesas disseram ao embaixador que a detenção de Meng enquanto viajava pelo Canadá, sob suspeita de violar os embargos comerciais dos EUA ao Irã — o que poderia lhe dar uma sentença de 30 anos se ela for extraditada para os EUA e condenada —, é “irracional, inconcebível e de natureza vil”:

Uma reportagem da agência de notícias oficial Xinhua, publicada no site do Ministério das Relações Exteriores da China, disse que o vice-ministro das Relações Exteriores, Le Yucheng, ligou para o embaixador John McCallum no sábado (8), para falar sobre a detenção de Meng, que é suspeita de tentar contornar as restrições comerciais dos EUA ao Irã.

… Le disse a McCallum que a detenção de Meng a pedido dos Estados Unidos ao fazer a transferência de voos em Vancouver foi uma “grave violação” dos seus “direitos e interesses legítimos”.

Segundo a Bloomberg, o embaixador dos EUA na China, Terry Branstad, recebeu uma convocação semelhante, na qual foi advertido de que a detenção viola “os direitos e interesses legítimos dos cidadãos chineses e é de natureza extremamente ruim” e que “a China tomará novas medidas com base nas ações dos EUA”.

Especificamente, escreveu o New York Times na sexta-feira (7), promotores no Canadá alegam que, de 2009 a 2014, Meng usou uma empresa de fachada de Hong Kong, a Skycom Tech, para fazer negócios no Irã, enquanto a Huawei liberou transações financeiras por meio de bancos americanos, fazendo com que esses bancos fossem “instituições vítimas” de fraude. Em 2013, acrescentou o New York Times, a Reuters informou que a Huawei estava vendendo equipamentos de informática dos EUA para uma empresa de telefonia iraniana por meio desse canal. Meng então enganou uma instituição financeira dos EUA com uma apresentação de Powerpoint:

Na época, a Srta. Meng marcou uma reunião com um executivo de uma das instituições financeiras, disse ele. Durante a reunião, ela falou por meio de um intérprete inglês e apresentou slides de PowerPoint em chinês, dizendo que a Huawei operava no Irã em estrita conformidade com as sanções dos Estados Unidos. A Srta. Meng explicou que o envolvimento da Huawei com a Skycom fazia parte de operações comerciais normais e que a Huawei tinha vendido as ações que um dia possuiu na Skycom.

Mas não houve distinção entre Skycom e Huawei, (promotores públicos canadenses) disseram.

Como apontou a Bloomberg, resta ver o quão importante é essa discussão com o embaixador, já que a China “convoca regularmente diplomatas estrangeiros” para apresentar queixas. Um artigo separado no New York Times, no domingo (9), observou que o governo chinês parece estar tomando medidas para limitar a interferência do caso Huawei em outras tentativas de estabilizar a relação EUA-China, como uma recente trégua na guerra comercial entre Donald Trump e o presidente chinês, Xi Jinping — mas o artigo dizia também que a prisão tem causado raiva considerável na China, onde muitos acreditam que os Estados Unidos estão usando métodos ilegítimos para evitar seu crescimento econômico. Como a CNBC observou, Meng é filha do fundador da Huawei, o bilionário Ren Zhengfei.

Promotores canadenses advertiram o tribunal para que negasse a fiança a Meng, dizendo que ela tem muitos motivos para tentar fugir do Canadá para evitar a extradição.

Em uma declaração a vários meios de comunicação, a Huawei disse: “Temos toda a confiança de que os sistemas legais canadense e norte-americano chegarão à conclusão correta”.

A Huawei, que contou com bancos estatais chineses para financiar uma agressiva expansão no exterior, enfrentou suspeitas no Ocidente de que estaria vendendo equipamentos de telecomunicações e telefones que poderiam ser usados para fins de espionagem. Os EUA proibiram as compras de tecnologia Huawei por parte do governo, enquanto Austrália e Nova Zelândia impediram a Huawei de construir redes 5G, e o Grupo BT, do Reino Unido, disse que estava removendo o equipamento da empresa de suas operações 3G e 4G existentes, informou a CNBC. O Japão também está considerando bloquear as compras governamentais da tecnologia Huawei.

No que não parece ser um plano particularmente bem pensado por parte do governo Trump, a CNN informou no domingo que algumas autoridades americanas acreditam que podem usar Meng como “vantagem” durante negociações comerciais:

Um funcionário do governo Trump diz que há um plano para os Estados Unidos pedirem a extradição de Meng. A opinião de algumas autoridades é de que ela poderia ser usada como vantagem nas negociações comerciais com a China.

Não está claro se o momento da detenção de Meng estaria completamente desvinculado das negociações comerciais do governo Trump com a China ou se ela foi realmente coordenada como parte de uma tentativa de enviar uma mensagem sobre a força dos EUA (embora a Casa Branca tenha dito que Trump não estava ciente do pedido de extradição antes de sua reunião com Xi Jinping, o Assessor de Segurança Nacional, John Bolton, disse que estava, de acordo com a CNN). Se a segunda opção for o caso, apontou o Slate, seria “uma violação extraordinária de convenção diplomática, uma que representaria riscos de retaliação para milhares de americanos que trabalham na China”.

A preocupação citada acima é compartilhada por executivos de empresas de tecnologia norte-americanas, que disseram ao New York Times não saber as possíveis consequências para eles em termos de potenciais retaliações: “É preocupante, porque é um agravamento de que não precisávamos”.

[CBS News]

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