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China teria aconselhado empresas americanas a não cumprir proibição de negócios com a Huawei

Autoridades do governo chinês convocaram representantes de grandes empresas de tecnologia dos EUA e de outros países nesta semana para avisá-los de “consequências terríveis” se concordarem com a proibição do governo Trump de vender certas tecnologias para várias empresas chinesas. As informações são do New York Times e foram publicadas no sábado, citando duas “pessoas […]

Foto: Mark Schiefelbein/AP

Autoridades do governo chinês convocaram representantes de grandes empresas de tecnologia dos EUA e de outros países nesta semana para avisá-los de “consequências terríveis” se concordarem com a proibição do governo Trump de vender certas tecnologias para várias empresas chinesas. As informações são do New York Times e foram publicadas no sábado, citando duas “pessoas familiarizadas com os encontros”.

A Casa Branca tomou medidas nas últimas semanas para proibir de fato empresas americanas de fazer negócios com a Huawei, devido a preocupações com a segurança nacional e alegações de roubo comercial. A empresa foi adicionada à chamada “lista de entidades”.

Essa foi a mais recente decisão depois de meses de outros esforços para impedir efetivamente que a Huawei trabalhe em projetos de telecomunicações nos EUA. Ela também tem como alvo as empresas chinesas em geral, em meio a uma guerra comercial entre EUA e China que parece estar escalando rapidamente. Várias empresas, incluindo Google, Intel e Qualcomm, deixaram de atuar como fornecedoras da Huawei.

Em resposta, o governo chinês respondeu com uma ameaça de medidas retaliatórias, como a criação de uma “lista de entidades não confiáveis”, com empresas que Pequim estar agindo de maneira anticompetitiva. A Huawei também argumentou que as queixas de segurança nacional e roubo comercial são um pretexto para impedir que a empresa se torne mais poderosa e sabotar as iniciativas chinesas para implementar rapidamente a tecnologia 5G.

De acordo com o Times, as reuniões no início desta semana envolveram a agência de planejamento econômico da China, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, bem como membros do Ministério do Comércio e do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação.

Uma lista específica de participantes não foi publicada, mas há menções às empresas americanas Dell e Microsoft e da sul-coreana Samsung. Mas as declarações foram dirigidas a uma “ampla gama de empresas que exportam produtos para a China”, incluindo “várias empresas de semicondutores que estão entre as mais importantes do mundo, assim como outras gigantes da tecnologia”, escreveu o Times.

As autoridades chinesas supostamente alertaram as empresas norte-americanas a não mudarem suas cadeias de fornecimento para fora da China e a não cumprir as ordens que proíbem os laços comerciais com empresas específicas, e também incentivaram as companhias a pressionarem contra os esforços do governo Trump para restringir o comércio:

Nas reuniões desta semana, autoridades chinesas explicitamente alertaram as empresas que qualquer movimento para retirar sua produção da China que parecesse ir além da diversificação padrão para fins de segurança poderia levar a punições, segundo as duas pessoas […] As autoridades chinesas pareciam ter mensagens diferentes para as empresas, dependendo de serem americanas ou não, as pessoas acrescentaram.

Para os americanos, eles alertaram que a decisão do governo Trump de impedir que empresas chinesas usem tecnologia americana havia interrompido a cadeia de fornecimento global, acrescentando que as empresas que seguiram a política poderiam enfrentar consequências permanentes. As autoridades chinesas também sugeriram que as empresas devem fazer lobby para fazer pressão contra as ações do governo.

As autoridades disseram que, caso isso não aconteça, pode haver problemas “permanentes” para as empresas envolvidas, segundo o Times. A Huawei não foi mencionada, mas obviamente estava na cabeça de todo mundo. As autoridades também disseram a empresas não americanas que não enfrentariam consequências enquanto mantivessem relações comerciais normais com suas contrapartes chinesas, acrescentou o jornal.

A China é um dos maiores fornecedores mundiais de uma incrível variedade de materiais e componentes utilizados na indústria de tecnologia. Além disso, o país constrói inúmeros produtos (como o iPhone) para empresas estrangeiras. Como o Times observou, a perspectiva de interrupção permanente dessas cadeias de suprimento poderia ser desastrosa, mas mesmo assim é improvável que as empresas dos EUA escolheriam quebrar a lei em vez de cumprir as exigências chinesas.

Segundo a CNBC, as disputas comerciais desencadearam uma grande onda de vendas de ações de fabricantes de chips em maio, já que estima-se que a Huawei compre cerca de US$ 20 bilhões em semicondutores anualmente. O Times observa que a consultoria KPMG estima que cerca de 60% de todos os semicondutores estão de alguma forma ligados à China. Os EUA concederam a licenças de 90 dias para alguns provedores de banda larga de telefonia móvel e internet para continuarem trabalhando com a Huawei. Os analistas de Wall Street preveem que as ações não irão se recuperar, segundo a CNBC.

[New York Times]

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