CIA teria dito a aliados que a Huawei é financiada pela segurança estatal e o exército chineses

A agência acusa a companhia de aceitar financiamento do "Exército de Libertação do Povo e da Comissão de Segurança Nacional da China"
Kin Cheung/AP

A CIA (Agência Central de Inteligência) acusou a gigante tecnológica chinesa Huawei de aceitar financiamento do “Exército de Libertação do Povo, da Comissão de Segurança Nacional da China e de um terceiro ramo da rede de inteligência estatal chinesa”, informou o Times no sábado, citando uma “fonte do Reino Unido”.

De acordo com o Times, a CIA apresentou as provas a outros membros dos “Cinco Olhos” (signatários do acordo conjunto de sinais, militares e de partilha de informações de inteligência entre Austrália, Canadá, Nova Zelândia, EUA e Reino Unido) no início deste ano. O Times escreveu que a CIA “atribuiu uma classificação de certeza forte, mas não absoluta” às suas conclusões, acrescentando que uma fonte separada do governo dos EUA afirmou que os federais acreditam que o Ministério da Segurança do Estado chinês aprovou o financiamento da Huawei.

Mais detalhes sobre a natureza do financiamento não foram apresentados no artigo do Times. Embora o governo dos EUA há muito insista que a Huawei representa uma ameaça à segurança nacional e tenha proibido agências federais de usar sua tecnologia e supostamente pressionou aliados a não permitirem que a companhia construa sua infraestrutura para redes sem fio 5G de última geração, ele não apresentou provas concretas.

Inclusive, o Wall Street Journal informou em janeiro que as autoridades americanas não acreditam que precisam fornecer “prova” de espionagem, com base no fato de que o governo comunista da China pode simplesmente ordenar que a empresa trabalhe com serviços de segurança a qualquer momento. Alguns aliados dos EUA, particularmente a Alemanha, parecem céticos quanto às alegações.

A Huawei também tem aparecido no noticiário por causa do destino de sua diretora financeira, Meng Wanzhou, que foi detida no Canadá para possível extradição para os Estados Unidos por acusações de violações de sanções ao Irã e por fraude bancária. A companhia também está enfrentando acusações de roubo de segredos comerciais de empresas americanas.

A Huawei tem contestado veementemente as alegações de que opera como um braço do aparato de segurança e inteligência chinês e, em vez disso, caracterizou as acusações como uma tentativa de forçá-los a sair da corrida pelo 5G, que muitos acreditam que a empresa chinesa está atualmente ganhando.

O fundador da companhia, Ren Zhengfei, também negou que a empresa espione, e alguns analistas acreditam que a empresa tem pouco incentivo para espionar porque qualquer exposição de tal atividade seria imensamente prejudicial. Um porta-voz da companhia disse ao Times: “A Huawei não comenta alegações não fundamentadas apoiadas por zero evidências de fontes anônimas”.

“É muito popular que governos e a mídia ocidentais chamem as empresas chinesas de ‘ameaças à segurança'”, disse o embaixador chinês no Reino Unido, Liu Xiaoming, no início deste ano, segundo o Times. “Tais acusações são infundadas e enganosas. Se não forem controladas, podem perturbar as regras do mercado, envenenar a cooperação empresarial e causar instabilidades na economia mundial.”

O diretor geral de segurança Ciaran Martin, do National Cyber Security Centre, que faz parte da agência de inteligência GCHQ, do Reino Unido, disse no início deste ano que não viu nenhuma evidência de espionagem. No entanto, de acordo com o Times, alguns funcionários do Reino Unido acreditam que a empresa vai se sair mal durante uma próxima revisão dos planos do Reino Unido para construir redes 5G:

A revisão do governo sobre os planos para a introdução de 5G na Grã-Bretanha será discutida por Theresa May, ministros de gabinete e chefes de segurança no próximo Conselho de Segurança Nacional, que deverá ser realizado na próxima semana. Uma fonte do governo disse o seguinte sobre a revisão: “Eu não acho que seja um grande apoio (para a Huawei)”.

… Um segundo oficial do governo disse: “Acho que é muito difícil justificar o status quo… dados todos os ventos contrários e as preocupações que foram expressas (sobre a Huawei)”.

A revisão foi concebida para “garantir que nenhuma empresa (de telecomunicações) se torne demasiado poderosa”, disse o informante. Entende-se que uma série de consequências foram examinadas em relação ao envolvimento da Huawei no 5G, desde nenhuma ação até uma proibição total.

Segundo o Times, “os funcionários admitiram privadamente” que abandonar o uso da tecnologia da Huawei em favor de concorrentes como a Ericsson ou a Nokia poderia atrasar o lançamento do 5G por anos, enquanto uma proibição exigiria que eles retirassem a tecnologia atual da Huawei da infraestrutura 4G.

[The Times]

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