O cientista chinês responsável pelos bebês geneticamente modificados está desaparecido

He Jiankui, o cientista que afirma ter modificado os genes de bebês contra o HIV, está desaparecido. Os rumores que circulam atualmente apontam que ele pode ter sido detido pelo governo chinês. A última vez que alguém viu ou ouviu He Jiankui foi na última quarta-feira, no dia 28 de novembro, quando ele falou durante […]

He Jiankui, o cientista que afirma ter modificado os genes de bebês contra o HIV, está desaparecido. Os rumores que circulam atualmente apontam que ele pode ter sido detido pelo governo chinês.

A última vez que alguém viu ou ouviu He Jiankui foi na última quarta-feira, no dia 28 de novembro, quando ele falou durante a Segunda Conferência Internacional em Edição de Genoma Humano, em Hong Kong, segundo a reportagem do South China Morning Post.

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O cientista está mergulhado em uma intensa controversa após afirmar ter produzido os primeiros bebês geneticamente modificados do mundo. Ele afirma ter usado a técnica de edição genética CRISPR para modificar o DNA dos embriões humanos, o que resultou no nascimento de duas meninas gêmeas com uma suposta imunidade ao vírus da AIDS.

Pelo fato da modificação genética ainda estar dando os seus primeiros passos, ele foi criticado por conduzir o experimento de maneira prematura e por implantar embriões modificados no útero da mãe.

Para piorar a situação, o teste clínico foi feito em segredo e He não passou pelos canais normais de regulamentação, entre outras incorreções.

He Jiankui na Segunda Conferência Internacional em Edição de Genoma Humano, em Hong Kong, na semana passada. Imagem: AP

O Apple Daily, publicação baseada em Hong Kong, afirma que o cientista foi chamado de volta à Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul, em Shenzhen, onde trabalha, após o encerramento da conferência em Hong Kong. Chen aparentemente está em prisão domiciliar no campus e guardas de segurança foram colocados nos terrenos da universidade, conforme a reportagem do veículo.

Essa versão, no entanto, ainda não foi confirmada. Um porta-voz da universidade disse ao South China Morning Post que “neste momento, as informações de ninguém são precisas, apenas os canais oficiais são”.

“Não podemos responder quaisquer questões a respeito do assunto agora, mas se tivermos qualquer informação, iremos atualizar a todos por meio de nossos canais oficiais”, completou o porta-voz.

He, que atualmente está de licença não remunerada, não revelou detalhes de sua pesquisa para a universidade. Em um comunicado liberado na última semana, a universidade disse que o trabalho do cientista “violou seriamente os padrões acadêmicos e éticos”, o que levou a criação de uma comissão independente para a investigação sobre o assunto.

Da mesma forma, o governo chinês também condenou o trabalho, dizendo que o experimento “cruzou a linha da moralidade e da ética aderida pela comunidade acadêmica e que foi chocante e inaceitável”, nas palavras de Xy Nanping, vice-ministro de ciência e tecnologia da China. Na quinta-feira, o governo chinês disse que interrompeu o projeto de edição de genes e que iniciou a sua própria investigação.

O governo chinês tem o hábito de fazer as pessoas desaparecerem por longos períodos. O último exemplo foi a atriz chinesa Fan Bingbing, que desapareceu em julho do ano passado. Fan publicou um comunicado no começo de outubro, quando já tinha sido formalmente acusada de sonegação fiscal e outros crimes. Considerada a atriz mais bem paga da China, Fan precisou pagar 884 milhões de yuan (cerca de R$ 500 milhões) para evitar um processo criminal. Ela só voltou a aparecer em público no final de outubro, após meses de detenção.

Neste momento, não há nenhuma evidência de que He está detido pelo governo chinês, mas essa é uma possibilidade que deve ser considerada. O experimento é visto por alguns como um tremendo embaraço para a China e seus cientistas. Alguns grupos vêm tentado diminuir as acusações de que o país é uma terra sei lei da pesquisa biomédica.

[South China Morning Post, Newsweek]

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