Cientistas brasileiros trabalham em vacina contra o novo coronavírus

O projeto é liderado por pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da USP (FMUSP) e apoiado pela FAPESP.
Estrutura do novo coronavírus COVID-19
Crédito: CDC

À medida que os casos de coronavírus (COVID-19) aumentam ao redor do mundo, pesquisadores se dedicam a desenvolver uma vacina para conter a pandemia. Um dos esforços mais recentes é de cientistas brasileiros que pretendem adotar uma estratégia diferente a fim de acelerar o desenvolvimento e oferecer uma candidata a vacina já nos próximos meses.

O projeto, liderado por pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e apoiado pela FAPESP, é baseado em uma técnica que está sendo testada nos Estados Unidos.

Basicamente, a ideia da vacina é fazer com que o organismo combata o vírus. Para isso, os pesquisadores querem inserir na vacina moléculas sintéticas de RNA mensageiro (mRNA), com instruções para a produção de uma proteína capaz de ser reconhecida pelo sistema imunológico.

Assim, são utilizadas VLPs (sigla para “virus like particles”, em inglês), que possuem uma estrutura semelhante a de um vírus, mas sem o material genético dele. Isso permite que elas sejam inseridas de forma segura, já que não podem ser replicadas, ao mesmo tempo em que são reconhecidas pelas células do sistema imunológico.

Após reconhecer as proteínas artificiais, o sistema imunológico será capaz também de identificar e combater o coronavírus real. Gustavo Cabral, pesquisador responsável pelo projeto, declarou à Agência FAPESP que diante das incertezas em relação ao novo vírus, o desenvolvimento de vacinas deve priorizar a segurança. Por esse motivo é necessário evitar inserir material genético no corpo humano, que poderia resultar em uma multiplicação do vírus e efeitos indesejados.

Para garantir uma resposta do sistema imunológico, as VLPs são injetadas juntamente com antígenos, que desencadeiam a produção de anticorpos. Cabral ainda explicou que as VLPs são componentes naturais e seguros, podendo ser facilmente degradadas.

Para produzir os antígenos que serão utilizados na vacina, os cientistas precisam identificar quais regiões da estrutura do vírus interagem com as células permitindo sua entrada. Após a identificação dessas proteínas spike, como são chamadas, eles extraem fragmentos delas para combinar às VLPs. Também são realizados testes com o plasma sanguíneo de pacientes infectados para analisar quais fragmentos induzem uma resposta protetora.

Segundo Cabral, os antígenos sintéticos serão testados em soros de pacientes infectados. A potencial vacina será aplicada em camundongos e, caso sua eficácia seja comprovada, os pesquisadores pretendem trabalhar com outras instituições de pesquisa no Brasil e no exterior para acelerar o desenvolvimento da vacina.

[Agência FAPESP]

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