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Cientistas criam exame de sangue que um dia poderia prever até a data de parto de uma mulher

Fazer um ultrassom antecipado para descobrir quando seu filho vai nascer já se tornou parte integrante de se tornar uma nova mãe em países como os Estados Unidos. Para muitas mulheres vivendo em países com serviços médicos de baixa qualidade, no entanto, ultrassons raramente estão disponíveis — ou então são muito caros. Mas um novo […]

Fazer um ultrassom antecipado para descobrir quando seu filho vai nascer já se tornou parte integrante de se tornar uma nova mãe em países como os Estados Unidos. Para muitas mulheres vivendo em países com serviços médicos de baixa qualidade, no entanto, ultrassons raramente estão disponíveis — ou então são muito caros. Mas um novo estudo publicado pela Science, nesta quinta-feira (7), sugere que, um dia, pode haver um jeito mais fácil e barato de determinar até mesmo a data do parto: um teste de sangue.

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Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford e de outras instituições médicas recrutaram 31 mulheres grávidas da Dinamarca para participar de seu estudo. Todas as semanas de sua gravidez, as mulheres doaram uma amostra de sangue. Eles então usaram o sangue das mulheres para estudar pedaços de RNA sem células — as moléculas mensageiras responsáveis por traduzir as instruções de nosso DNA para células para que elas possam produzir a proteína correta —, tirados de genes pertencentes à mãe, ao feto e à placenta. À medida que a gravidez de uma mulher avançava, eles notaram que os níveis de RNA de certos genes encontrados no sangue mudavam também.

Os pesquisadores então usaram amostras de sangue de 21 mulheres para elaborar um modelo que previsse o quão grávida uma mulher estava, baseado em nove genes de RNA livres de células retirados da placenta. Nas dez mulheres restantes usadas para testar o modelo, eles conseguiram prever a idade gestacional do feto com 45% de precisão, significando que eles estavam até 14 dias distantes da data de parto de fato (todas as 31 mulheres tiveram partos normais depois de 37 semanas).

Isso pode não parecer muito preciso, mas leituras de ultrassom no primeiro trimestre têm uma média de precisão de apenas 48%, de acordo com os pesquisadores. E contar com o ultrassom para prever uma data de parto também exige que a mãe saiba quando foi seu último período menstrual, algo que o exame de sangue não exige. O teste, se for mais refinado, poderia também revelar muito mais sobre o feto em crescimento mais adiante na gravidez, diferentemente de ultrassons, que se tornam menos precisos no segundo e no terceiro trimestres.

“Isso dá uma visão de superalta resolução da gravidez e do desenvolvimento humano que ninguém nunca viu antes”, disse a autora principal do estudo, Thuy Ngo, pesquisadora da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon e ex-associada de pós-doutorado em Stanford, em um comunicado. “Isso nos diz muito sobre o desenvolvimento humano na gravidez normal.”

Em um segundo experimento, Ngo e sua equipe ajustaram o teste para prever o risco de parto prematura das mulheres. Eles usaram amostras de dois estudos anteriores com mulheres americanas já sob alto risco (38 mulheres no total), para elaborar um modelo diferente baseado em sete genes de RNA livres de células, retirados da mãe e da placenta.

“São, na maioria, genes maternais”, disse a coautora Mira Moufarrej, pós-graduanda em Stanford. “Achamos que é a mãe enviando um sinal de que está pronta para puxar o cordão.”

Os pesquisadores conseguiram adivinhar corretamente se uma mulher teria um parto prematura com 75% a 80% de precisão em dois conjuntos de amostras. O teste também teve uma taxa de erro de 4% a 17% entre nascimentos normais em todas as três amostras, ao classificar erroneamente que algumas mães teriam bebês prematuros quando, na verdade, a gravidez teve uma duração comum.

Ao todo, os resultados foram encorajadores, mas os autores são cuidadosos ao apontar que ele deve servir apenas como um estudo piloto. “Será importante investigar o desempenho do exame de sangue em uma população maior e não selecionada”, escreveram os autores.

[Science]

Imagem do topo: Pixabay

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