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Cientistas descobrem crocodilos de 8 milhões de anos que comiam aves gigantes

Espécie inédita ainda será nomeada e pode ajudar a entender extinções na Austrália.

Imagem conceitual do extinto crocodilo Baru da Austrália pré-histórica.

Uma reavaliação em fósseis da Austrália central levou à descoberta de uma espécie de crocodilo até então desconhecida. O réptil gigante, já extinto, provavelmente se alimentava de animais de tamanho igualmente grande.

Os ossos de vários crocodilos com 8 milhões de anos, incluindo um crânio impressionante, foram encontrados há mais de 10 anos no local do fóssil Alcoota, centro da Austrália, no Território do Norte. Esta região, agora ressecada, já foi capaz de sustentar uma população de grandes crocodilos, pois apresentava rios cheios e poças de água doce.

Quando os paleontólogos encontraram esses ossos pela primeira vez, eles os atribuíram a um gênero extinto de crocodilo conhecido como Baru. Somente 10 anos depois eles descobriram, na verdade, que se tratava de uma espécie totalmente desconhecida e diferente.

Os crocodilos modernos que vivem atualmente na Austrália pertencem ao gênero Crocodylus e acredita-se que tenham chegado da África nos últimos milhões de anos. Já os Baru, pertencem a um antigo grupo chamado Mekosuchinae, que data de cerca de 45 milhões de anos atrás. Um aspecto interessante sobre a nova descoberta é a data que indica que os fósseis são de aproximadamente 8 milhões de anos. Tornando a nova espécie um dos crocodilos Baru mais recentes do continente. Os répteis, que logo serão nomeados, viveram durante o Mioceno Superior, cerca de 12 a 5 milhões de anos atrás.

“Isso torna nossa nova espécie de Baru talvez a mais conhecida de todos os crocodilos fósseis australianos”, disse Adam Yates, co-investigador do projeto. A anatomia comparada, junto com técnicas filogenéticas modernas, permitiu à equipe colocar a nova espécie dentro da árvore genealógica dos crocodilos.

“Algumas das características distintivas são sua extrema robustez e dentes relativamente grandes”, explica Yates. Além disso, o pesquisador também aponta que “o tamanho grande dos dentes significa que eles estão mais apinhados nas mandíbulas, e há menos deles do que os parentes mais próximos da nova espécie”.

Os maiores fósseis sugerem que os répteis adultos atingiram cerca de 4 a 4,5 metros de comprimento. “É um crocodilo grande, sem dúvida, mas não quebra recorde”, comenta o pesquisador. Seu peso exato não pôde ser determinado, mas provavelmente pesava centenas de quilos. É importante ressaltar que essas estimativas foram baseadas em apenas 10 animais.

Essas criaturas também apresentavam mandíbulas grossas, pesadas e profundas. Yates suspeita que esses répteis atacavam animais de grande porte, incluindo um grande pássaro que não voa, chamado Dromornis stirtoni. Fósseis dessas aves, que tinham mais de 3 metros de altura e pesavam cerca de 650 kg, foram encontrados anteriormente no contexto dos crocodilos Baru, sugerindo que eram presas dos répteis.

A espécie recém-descoberta é importante, pois pode lançar uma nova luz sobre as condições ambientais da  Austrália central durante o Mioceno Superior, bem como por que essa espécie – e todo o gênero – eventualmente foram extintos.

De acordo com Yates, um artigo científico descrevendo e nomeando a nova espécie está em andamento, e deve ser publicado no início de 2022.

 

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