Cientistas detectam estranhos pulsos de rádio na Antártida

Há quase 20 anos, os pulsos foram identificados por um balão da NASA.
Imagem: Universidade da Pensilvânia/Divulgação

Há quase 20, um experimento usando um balão da NASA detectou pulsos de rádio na Antártida, mas cientistas ainda não sabem (até hoje) a origem do mistério. Em 2006, a Antena Transiente e Impulsiva da Antártida (ou ANITA), um experimento financiado pela NASA para detectar ondas de rádio a partir de raios cósmicos de alta energia, registrou tais pulsos estranhos.

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Os pulsos de rádio, no entanto, vinham debaixo da camada de gelo da Antártida, em vez de surgirem do espaço. Em 2014, os estranhos pulsos de rádio da Antártida surgiram novamente, resultando em mais uma década de mistério aos cientistas.

Agora, cientistas da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, descartaram a possibilidade de que os pulsos sejam neutrinos. Contudo, em um estudo publicado em março, os cientistas ressaltam que os pulsos de rádio desafiam os modelos atuais da física de partículas.

“As ondas de rádio que detectamos estavam em ângulos extremamente íngremes, algo como 30 graus abaixo da superfície do gelo. Este é um problema interessante porque nós ainda não conseguimos explicar o que são essas anomalias, mas temos quase certeza de que não são neutrinos”, afirmou Stephanie Wissel, astrofísica e principal autora do estudo.

Estranhos pulsos de rádio na Antártida não são neutrinos

Os cientistas descartam a possibilidade de neutrinos porque o ângulo das emissões dos pulsos de rádio da Antártida impedem a interação da “partícula fantasma” com as rochas antes de emergirem do gelo.

“Neutrinos não apresentam interação. Portanto, caso detectarmos neutrinos, significa que eles viajaram por toda essa distância sem interagir com nada no caminho”, explica Wissel.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas analisaram dados obtidos nos últimos 14 anos pelo Observatório Pierre Auger, na Argentina. Através de simulações, os cientistas buscaram sinais similares que poderiam corroborar com as descobertas do ANITA.

Contudo, os resultados, conforme o estudo, não identificaram evidência que sustentam tal teoria, descartando efetivamente neutrinos como fonte dos estranhos pulsos de rádio da Antártida.

Apesar de ampliar o mistério, os cientistas também limitam as possíveis explicações sobre o que ocorre na Antártida. A não correspondência com neutrinos não confirma a existência de uma nova partícula, mas destacam a necessidade de maiores observações.

Em 2016, a NASA aposentou o balão ANITA, mas o seu sucessor, o PUEO (Balão de Carga para Observações de Energia Ultrafortes) fará seu voo inicial em breve.

Com maior sensibilidade de detecção, o novo balão pode conseguir desvendar o mistério sobre os pulsos de rádio da Antártida.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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