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Cientistas do sono querem abolir horário de verão nos EUA para evitar doenças e acidentes

A transição, segundo a Academia Americana de Medicina do Sono, aumenta o risco de problemas de saúde e acidentes com veículos motorizados.

Despertador antigo sobre uma cama, coberto parcialmente com um lençol branco.

Foto: Jeff Pachoud/Getty Images

A Academia Americana de Medicina do Sono (AASM, na sigla em inglês), organização dos EUA que representa os cientistas e médicos dessa especialidade, pediu a erradicação da tradição centenária do horário de verão, em que os relógios são adiantados uma hora na primavera e atrasados ​​uma hora no inverno. A transição semestral, argumentam eles, não apenas incomoda a todos, mas também aumenta o risco de vários problemas de saúde e acidentes com veículos motorizados.

A organização não é o primeiro grupo de cientistas a se mobilizar contra a medida. De fato, um número crescente de estudos ao longo dos anos descobriu que a mudança de horário pode ter efeitos negativos moderados mas reais em vários aspectos, desde a qualidade do sono até o risco de ataque cardíaco e derrame.

Em janeiro deste ano, por exemplo, um estudo descobriu que a primeira semana do horário de verão na primavera estava associada a um número maior de acidentes de carro fatais; também estimou que se livrar dele teria evitado mais de 600 acidentes letais em um período de 22 anos.

“Abundantes evidências acumuladas indicam que a transição brusca do horário padrão para o horário de verão incorre em riscos significativos à saúde pública e à segurança, incluindo aumento do risco de eventos cardiovasculares adversos, transtornos do humor e colisões de veículos motorizados”, observa a AASM em sua declaração, publicada na semana passada no Journal of Clinical Sleep Medicine, que é feito pela própria entidade.

O maior problema está na transição entre horários, isto é, quando o horário de verão começa e termina. Em um mundo ideal, o horário padrão, aquele do começo do inverno até primavera, seria usado durante todo o ano, de acordo com a AASM. A hora extra que o horário de verão tira da manhã e dá à noite tem mais probabilidade de desequilibrar nosso relógio biológico ou ritmo circadiano, causando uma espécie de mini-jet lag, argumenta a associação.

Tem havido um progresso constante, mas lento, na redução do horário de verão nos EUA. Em pelo menos 32 estados, parlamentares apresentaram propostas para aboli-lo este ano. Mas nos poucos estados em que houve progresso, como Oregon e Califórnia, ainda falta muito para tornar isso realidade.

É provável que sejam tomadas medidas federais por parte do Congresso para que a prática seja amplamente eliminada. O Havaí é o único estado que não tem horário de verão, embora grande parte do Arizona não o reconheça.

No Brasil, o horário de verão teve idas e vindas desde 1931. Ele vinha sendo usado consecutivamente desde 1985 até 2018 e, em sua última versão, foi adotado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A mudança no relógio chegou ao fim com um decreto do presidente Jair Bolsonaro assinado em abril de 2019.

De acordo com um representante da AASM, a organização colocou o fim do horário de verão como parte de sua agenda legislativa para 2020, então eles vão pressionar para que uma ação federal seja tomada. Outras organizações médicas endossaram a posição da AASM, como a Academia Americana de Medicina Cardiovascular do Sono, o Colegiado Americano de Medicina Torácica e a Sociedade de Anestesia e Medicina do Sono.

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