
Cientistas querem criar foguete espacial movido à água
Cientistas da Universidade de Bolonha, na Itália, estão perto de criar um foguete espacial que usa água como combustível. O objetivo do sistema de propulsão espacial é implementar uma abordagem mais sustentável e eficiente na exploração espacial.
“Propulsores Elétricos a Base de Água” — ou WET na sigla em inglês (que significa “úmido”) — é o nome do projeto para converter água em plasma. Na prática, os cientistas convertem a água para estado gasoso, ionizando o vapor para criar plasma.
O plasma é um estado superaquecido da matéria. Ao transformar a água em plasma, os cientistas poderiam gerar energia, resultando em um foguete espacial sustentável.
Desse modo, o foguete movido à água reduziria consideravelmente o impacto ambiental de missões espaciais. Além disso, caso se torne uma opção viável, o sistema usaria recursos disponíveis no espaço.
“Com este projeto, queremos dar um passo decisivo rumo à padronização de tecnologias de propulsão sustentáveis que conseguem reduzir o impacto ambiental de missões espaciais e explorar recursos disponíveis no espaço”, afirmou Fabrizio Ponti.
Ponti é professor do Departamento de Engenharia Industrial da Universidade de Bolonha e coordena o projeto, que faz parte da Horizon Europe, iniciativa de pesquisa científica da União Europeia.
Os cientistas italianos desenvolvem o projeto no Laboratório de Propulsão, que já possui pesquisas sobre as propriedades de plasmas e combustíveis de foguete.
Após a água virar plasma, os cientistas usam um campo elétrico para acelerar as partículas desse estado, gerando o impulso necessário para propulsão de um foguete espacial.
Cientistas querem foguete movido à água como padrão da indústria espacial
Na última semana, em entrevista ao jornal da Universidade de Bolonha, Fabrizio Ponti destacou as vantagens do projeto.
Para o cientista, um foguete com combustível a base de água possui enormes vantagens aos modelos químicos, sobretudo pela abundância de água. Mas, além disso, a possibilidade de coletar água de corpos celestes, como a Lua e asteroides, aumenta as chances de reabastecimento de foguetes e naves no espaço.
Sobre a potência, os propulsores WET têm um alcance de 500 a 1.000 watts, o que se adequa a lançamentos de pequenos satélites (SmallSats). No entanto, a Universidade de Bolonha já começou a realizar upgrades no laboratório de propulsão para testar e refinar o sistema WET com equipamentos avançados.
De acordo com Ponti, os upgrades vão permitir que os cientistas validem os experimentos das novas tecnologias. “Também faremos testes nos instrumentos para medir e caracterizar o plasma criado por água, garantindo, assim, a precisão e reprodução dos resultados”, afirma o cientista.
Fabrizio Ponti enfatiza que o sistema WET terá implicações maiores que apenas a criação de um foguete com combustível à base de água. O cientista afirma que a tecnologia pode resultar em avanços na física plasmática e geração de energia em vários setores.
Por fim, Ponti afirma que a padronização de foguetes movidos à água podem tornar a exploração espacial mais barata e transformar a indústria.