De olho no futuro do cinema em 270 graus

O sistema Barco Escape coloca duas telas laterais na sala de cinema. A tecnologia está disponível em cinco salas norte-americanas.

Um sistema de cinema com três telas dispostas num ângulo de 270 graus começou a ser distribuído a algumas poucas e selecionadas salas norte-americanas —apenas cinco, na verdade— na esperança de entregar uma experiência cinematográfica mais imersiva, que acerte nos pontos em que o 3D falhou miseravelmente. Eu dei uma olhada nesta tecnologia recentemente e bem, ela é realmente alguma coisa. Só não sei ainda o que é ao certo.

O sistema Barco Escape, desenhado por Ted Schilowitz, co-fundador da Red Camera, pega a experiência padrão do cinema e a triplica, colocando duas telas a mais nos lados da principal e exibindo cenas com projetores suplementares.

“É uma época muito interessante para nós procurarmos o que o cinema pode fazer e ver quais são as outras escolhas disponíveis”, disse Schilowitz ao Gizmodo.

Divulgação

Para a demonstração, Schilowitz projetou uma pequena seleção de conteúdo —de imagens de raves a trailers do novo título da 20th Century Fox em cartaz, Maze Runner, que foi lançado hoje no Brasil. O buraco entre as telas criou grossas barras pretas dividindo a ação, o que é ok se você está mostrando três imagens separadas, mas atrapalha quando se está projetando uma cena envolvente. E o espaço adicional das telas não acrescentou, na maior parte do tempo, muita informação visual, parecendo apenas um monitor 21:9 muito largo.

A parte mais frustrante foi que a qualidade e a aparência da ação na tela muda consideravelmente dependendo de onde você se senta, o que não é muito diferente dos bons lugares dos cinemas 3D. Você tem que ficar bem no meio para conseguir o efeito completo. As telas laterais sempre parecem estar levemente fora de foco, o que é bom quando você está olhando para a tela do meio —lembra a visão periférica normal— mas é meio incômodo quando você se volta diretamente para elas.

Quando perguntei se as salas de cinema iriam precisar de reformas ou adaptações para acomodar o sistema, Schilowitz respondeu, “Hoje, em cada sala, há geometrias levemente diferentes — tamanhos diferentes e maneiras diferentes de fazer isto funcionar… Em algumas, há telas laterais que são um pouco menores ou maiores, mas, no fim das contas, nós conseguimos um tipo de formato universal. E, daqui a uma geração ou duas, isso [o conjunto de telas] provavelmente será uma grande curva sem interrupções.”

O sistema ainda está sendo desenvolvido, o que é um dos motivos para a experiência desapontar. Ainda assim, o Barco Escape é promissor. Atualmente, as telas foram instaladas em cinco salas nos EUA, com planos de expandir para o resto do mundo nos próximos meses. A expectativa de Schilowitz, no entanto, é que o formato demore de 18 a 24 meses para descolar, quando a tecnologia estiver madura o suficiente.

Quando acertarem o esquema das telas —talvez usando uma única, angular, em vez de três individuais, ou talvez uma parede completamente cercada, como as das elas Circle-Vision, da Disneylândia— e tiverem mais criadores de conteúdo envolvidos com o sistema, o Barco Escape pode facilmente fazer o 3D suar a camisa na briga pelas salas. Ele pode até mesmo afastar o público americano dos sistemas de entretenimento caseiros e trazê-lo de volta ao cinema.

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