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Substância de cogumelos alucinógenos pode ajudar no tratamento da depressão, diz estudo

Apesar dos resultados positivos a partir do uso da substância psilocibina, eles não substituirão os tratamentos existentes para a depressão.

Imagem: Peter Dejong (AP)

Imagem: Peter Dejong (AP)

Um recente estudo publicado no New England Journal of Medicine aponta que uma substância  dos chamados “cogumelos mágicos” pode desempenhar um papel importante no tratamento da depressão. De acordo com os resultados dos testes, duas doses do principal componente ativo dos alucinógenos, a psilocibina, parecem ser mais eficazes do que o antidepressivo escitalopram, utilizado como medicamento para casos moderados a graves, junto da psicoterapia.

Este estudo se baseou em outras duas pesquisas: a primeira mostra os benefícios da psilocibina no cérebro, e a segunda apresenta uma testagem para uso em casos de depressão resistente, com aplicação no tratamento de 12 pacientes. Ao longo de seis semanas, 30 dos 59 adultos com grau moderado a grave que participaram do estudo utilizaram duas doses de 25 mg de psilocibina com três semanas de intervalo. No dia seguinte à primeira dose, esse grupo iniciou o uso diário de placebos (comprimidos sem efeito).

Os outros 29 participantes receberam duas doses de 1 mg, uma quantidade “inativa” da droga, de psilocibina com três semanas de intervalo. E existe uma justificativa para esta etapa: é uma forma de garantir que quaisquer diferenças nos resultados entre os grupos não fossem simplesmente devido à expectativa de receber psilocibina. Mas, diferente do outro grupo, este passou a tomar uma dose diária de escitalopram no dia seguinte à primeira dose de psilocibina. Com o passar das semanas, as dosagens do antidepressivo aumentavam gradativamente.

É importante ressaltar que a cada sessão com o uso de psilocibina, especialmente aquelas que utilizaram a dosagem maior, foi supervisionada por pelo menos dois profissionais de saúde mental. Nestas sessões, os participantes ficavam deitados de costas ou apoiados em travesseiros e podiam ouvir música neoclássica como forma de entrar no mundo “psicodélico” gerado pela substância.

Assim, a partir da pontuação vinda das respostas de um questionário que foi respondido pelos participantes, a equipe constatou que 57% dos pacientes no grupo de alta dose de psilocibina foram considerados em remissão de sua depressão ao final das seis semanas, em comparação com 28% no grupo de pacientes que usaram o escitalopram. E um detalhe importante: nenhum dos grupos apresentou efeitos colaterais graves.

“Acho que é justo dizer que os resultados indicam esperança de que possamos estar olhando para um tratamento alternativo promissor para a depressão”, disse o Dr. Robin Carhart-Harris, chefe do centro de pesquisa psicodélica do Imperial College London e coautor do estudo ao The Guardian.

Apesar destes resultados interessantes e que já são vistos com bons olhos, o próprio artigo afirma que ainda existem “desfechos secundários que geralmente favorecem a psilocibina em relação ao escitalopram, mas as análises não foram corrigidas para comparações múltiplas”. Alguns deles podem estar relacionados a idade, raça e nível educacional, mas para as respostas serem mais conclusivas, serão necessários mais testes.

E Carhart-Harris alerta (e nós reforçamos): não vá sair procurando cogumelos alucinógenos por aí para tratar seus problemas de saúde mental por conta própria.

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