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Coletar amostras do asteroide Bennu pode ser mais difícil do que a NASA pensava

O asteroide é mais escarpado do que se pensava anteriormente, o que tornará a coleta de amostras difícil para a agência espacial

NASA

Cientistas da NASA divulgaram uma grande quantidade de dados da OSIRIS-REx, a nave espacial que orbita o asteroide Bennu. Há muitos resultados interessantes — e alguns possíveis desafios imprevistos quando se trata de coletar uma amostra.

Os resultados publicados nesta semana na Nature incluem uma série de descobertas surpreendentes e animadoras. O Bennu parece ser abundante em minerais contendo água ou “materiais hidratados”. É um asteroide ativo, tendo lançado detritos no espaço 11 vezes durante o curso das observações até agora. Ele é também mais escarpado do que se pensava anteriormente, o que tornará a coleta de amostras difícil. No entanto, os cientistas da NASA estão à altura do desafio.

“Estamos confiantes de que nossos sistemas e equipes estão à altura da tarefa de (tocar o solo e colher amostras) de um local de coleta que era menor do que anteriormente”, disse Rich Burns, gerente de projetos da OSIRIS-REx, durante uma coletiva de imprensa da NASA.

A NASA lançou a OSIRIS-REx em 2016 para descrever e coletar uma amostra do Bennu, um asteroide que pode ser perigoso para a Terra no futuro. Ele entrou na órbita do objeto em dezembro de 2018 e está programado para retornar com uma amostra em setembro de 2023.

Assim como o Ryugu, outro asteroide do qual os humanos estão atualmente tentando colher amostras, o Bennu parece uma pilha giratória de entulho, comprimida em uma forma de uma espécie de pião. Imagens de sua radiação absorvida revelam que o Bennu se parece mais com meteoritos à base de carbono chamados de condritos carbonáceos. Porém, diferentemente do asteroide Ryugu, o Bennu parece estar cheio de minerais que contêm água. Os novos dados também indicam que a rotação do Bennu está lentamente acelerando, graças à energia solar que atinge apenas um lado do asteroide, e que seu interior contém uma mistura de pontos densos e de vazios que, combinados com sua rotação, podem afetar a topografia de sua superfície.

Dante Lauretta, investigador principal da OSIRIS-REx da Universidade do Arizona em Tucson, e Coralie Adam, navegadora de voo da OSIRIS-REx da KinetX, Inc. Space Navigation and Flight Dynamics, também explicaram que se trata de um asteroide ativo, o que significa que ele ejeta regularmente material para o espaço.

Talvez mais importante ainda, a superfície do Bennu apresenta rochas de uma variedade de tamanhos — de tudo, desde grandes rochas a pequenos grãos. Isso, combinado com medições de suas crateras de impacto, indica que o asteroide tem entre 100 milhões e um bilhão de anos, mais velho do que se pensava anteriormente. É até mesmo possível que a sua superfície contenha vestígios do tempo que o Bennu passou no cinturão de asteroides antes de chegar à sua órbita atual, que intersecta as órbitas da Terra e de Marte.

No entanto, essas rochas de tamanho heterogêneo podem ser problemáticas para a missão. A OSIRIS-REx tem um instrumento chamado Touch-and-Go Sample Acquisition Mechanism (TAGSAM), que é um braço que se estende até o Bennu. A sonda vai disparar gás nitrogênio no asteroide para levantar detritos e, em seguida, coletá-los em um recipiente conectado ao braço. No entanto, o sistema não será capaz de levantar e capturar uma rocha grande.

“Estávamos à procura de uma zona livre de riscos com um raio de 25 metros”, onde os riscos incluem grandes rochas e encostas íngremes, explicou Burns. Mas, com base nas observações mais recentes, “é improvável que exista uma zona livre de perigos”.

Isso significa que, em vez de se contentarem com qualquer ponto dentro do raio de 25 metros, os navegadores de voo precisarão tentar atingir o centro dele. É como se, ao invés de apenas torcer para que um dardo acertasse em qualquer lugar do alvo, eles tivessem que acertar o centro exato, disse Burns.

A riqueza de dados científicos que o Bennu está oferecendo faz com que os pesquisadores da OSIRIS-REx estejam ansiosos para se aproximar do asteroide e pegar uma amostra. Neyda Abreu, professora associada de geociência e matemática da Penn State DuBois e que não esteve envolvida nos novos estudos, disse ao Gizmodo que estava animada com a potencial descoberta da magnetita, uma rocha que pode ser indicativa da presença de água. E ela estava “em suspense” pensando sobre se a amostra conteria moléculas orgânicas e, se sim, de qual tipo.

“Ainda sabemos muito pouco sobre asteroides, e cada missão traz uma enorme quantidade de informações que terão grande valor científico”, disse ela. “Mas acho que neste momento… o grande componente dessa missão é garantir que haja uma coleta segura de amostras.”

Os cientistas da OSIRIS-REx estão trabalhando duro para garantir que compreendam completamente todos os riscos que enfrentam enquanto se preparam para aterrissar no Bennu. Se tudo correr conforme o planejado, podemos esperar que a coleta de amostras ocorra durante o verão norte-americano de 2020, disse Dante Lauretta.

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