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Oito comidas futuristas que você vai comer em 30 anos

A pesquisa científica não traz apenas opções de comida mais convenientes e baratas, mas também a esperança de superarmos os problemas de sustentabilidade.

Nós comemos várias coisas esquisitas em 2016. Uma pessoa nascida mil anos atrás definitivamente não entenderia um Doritos. Ele certamente não entenderia porque crianças adoram o gosto de Sucrilhos e se você o mostrasse uma Ana Maria ele provavelmente o queimaria vivo. Mas pelo andar da carruagem, a nossa comida parece que vai ficar mais estranha ainda.

• O hambúrguer de planta feito pela Impossible Foods enganaria fácil qualquer carnívoro
• A regra dos 5 segundos continua não funcionando

A pesquisa científica não nos traz apenas opções de comida mais convenientes e baratas, mas também a esperança de superarmos os problemas de sustentabilidade. A indústria da carne tem um papel importante na mudança climática, cerca de 10% da emissão dos gases de efeito estufa vieram do setor agrícola em 2014, com quase metade do carbono que altera o clima sendo atribuído ao metano produzido pelo gado de acordo com a Agência de Proteção Ambiental. Enquanto isso, a população da Terra está crescendo rápido, e muitos estão preocupados sobre como alimentar as 9 bilhões de pessoas que irão habitar o planeta em 2050.

Aqui estão algumas comidas que cientistas e companhias estão desenvolvendo hoje, que estarão prontas para entrar em nosso cardápio em um futuro não tão distante.

Insetos

Imagem: Getty.

Uma comida do futuro com a qual certamente vamos levar um tempo para nos acostumarmos são os insetos, como grilos, gafanhotos e larvas de besouro. Você já pode comprar macarrão e barras feitas de farinha de grilo para adicionar uma proteína extra às suas refeições, ou você pode comer os grilos inteiros. Porções de 100 gramas de grilos e gafanhotos contém 13 e 21 gramas de proteína, respectivamente. Outros estão pesquisando larvas de besouro e moscas soldado-negro como fontes de gordura.

O debate continua sobre quão mais ambientalmente amigáveis os insetos são em relação à carne. Um estudo do ano passado descobriu que grilos que comem dietas de baixa qualidade não crescem tanto quanto os que recebem uma alimentação melhor, parecido com o que acontece na criação de gado. A mosca soldado-negro não tiveram o mesmo problema, e produziram proteína mais eficientemente.

Insetos supostamente são bem saborosos quando preparados direito, segundo o New York Times, e eu gostei bastante do macarrão de grilo quando o provei. Mas uma aceitação mais ampla provavelmente vai precisar ultrapassar alguns tabus culturais. Cerca de dois bilhões de pessoas já se alimentam de artrópodes, então porque não nos juntar a eles?

Carne criada em laboratório

Hambúrguer feito de carne criada em laboratório. Foto: David Parry/PA Wire.

Cientistas em companhias como Memphis Meat e Mosa Meat também buscam acabar com o problema da criação de gado, transformando células tronco em tecido animal e usando esse tecido como carne sintética. Um estudo de 2011 publicado no Environmental Science and Technology mostrou que carne de cultura envolveria um custo de 7 a 45 por cento menor, emitiria de 78 a 96 por cento a menos de gás de efeito estufa e usaria 99 por cento a menos de terra do que a carne criada convencionalmente na Europa.

Faltam de 10 a 20 anos até nós começarmos a ver carne sintética ser produzida em massa, o cientista Mark Post contou ao Gizmodo anteriormente, apesar de sua companhia poder começar a vender o produto em apenas alguns anos. Dizem que as primeiras amostras de mais de U$ 300.000 dólares do hambúrguer sem carne não eram tão gostosas assim, “comestível mas não agradável”. Ele está trabalhando agora em melhorar o sabor da carne.

Peixe de criação

Imagem: Getty.

Claro, existem motivos éticos para não comer carne, vacas, cabras e porcos são animais vivos e fofos. Mas se você ainda tem fome de carne, existe pelo menos uma opção que pode ser melhor: peixe. Além das questões supracitadas de emissão, criar gado também ocupa muito espaço, e precisa de muita comida. Peixes precisam de apenas uma fração da quantidade de comida para gerar a mesma quantidade de proteína.

A sobrepesca é uma grande preocupação, mas um estudo recente descobriu que práticas sustentáveis como estabelecer limites de pesca podem aumentar os recursos de peixes até 2050. Se práticas comerciais melhores de pesca forem implementadas e combinadas com avanços em aquacultura, nossos pratos podem em breve estar cheios da pesca do dia. “Pela primeira vez na história da humanidade, a maior parte da nossa comida aquática vem de criações ao invés da pesca”, Malcolm Beveridge um ex diretor de Aquacultura e Genética do WorldFish, disse à Quartz no ano passado. Em 2011, a agricultura chegou a um marco histórico quando o mundo criou mais peixe do que carne bovina pela primeira vez. Nós continuamos nesse caminho.

Peixe falso

Camarão sintético da New Wave Foods. Imagem via Dominique Barnes.

Se nós criamos carne em laboratório, porque não fazer o mesmo com os peixes? Pesquisadores da NASA criaram filés inteiros de peixe ao mergulhar músculo de peixe dourado em soro fetal bovino, um processo que produtores de carne falsa também usam. Outra companhia, a New Wave Foods, está procurando criar camarão sintético a partir de algas vermelhas.

Como o Gizmodo já contou, o júri ainda não decidiu se esses produtos de carne falsa podem solucionar os nossos problemas de recursos naturais. “Eu acho que faz muito mais sentido dizer que esse é um produto de luxo”, disse Oron Catts, o diretor do SymbioticA, um centro de pesquisas biotecnológicas da Universidade da Austrália Ocidental.

Algas

Microalgas. Imagem: CSIRO/Wikimedia Commons.

Microalgas, como outras plantas, se alimentam de dióxido de carbono na atmosfera. Um estudo de 2013 da revista Algal Research, mostrou que essas pequenas criaturas verdes produzem uma enorme quantidade de proteínas, gorduras e carboidratos que formam uma boa base de nutrientes nos alimentos. Outro estudo mais recente mostra que algumas espécies de alga contém grandes quantidades de ácidos graxos omega 3, assim como outros ácidos graxos que ajudam a manter uma boa saúde coronária.

Você pode conhecer alguém que já comeu alga. Soylent incluía farinha de alga em suas bebidas que substituem refeições. A alga foi mais tarde culpada por diversos problemas gastrointestinais em consumidores, então a Soylent tirou o ingrediente de sua receita. Bloomberg também relata que produtos da TerraVia, o fornecedor de algas da Soylent, também deixou mais pessoas doentes. Mas isso provavelmente não vai ser o fim da alga, já que TerraVia nega que sua farinha seja culpada e que os produtos mais novos da Soylent ainda contém óleo feito de alga.

Modificar tudo geneticamente

Sementes de tomates cereja híbridos no laboratório Hazera Genetics, em Israel. Foto: Getty.

A modificação genética já está presente no milho, soja, canola, beterraba, batata e outros vegetais. Principalmente para dar resistência contra pestes e outras plantas, para que não destruam as plantações. Mas porque parar por aí? A nova ferramenta de modificação de genes CRISPR/Cas-9 permite aos cientistas alterar o genoma das plantas com uma precisão incrível. Os cientistas já a utilizaram para produzir maçãs que não oxidam, batatas sem contusões e porcos resistentes a vírus. Cientistas suecos alegaram comer a primeira refeição CRISPR no ano passado, de acordo com a revista Science.

“Modificar tudo geneticamente” provavelmente vai assustar muita gente, muitas das quais não entendem que esses produtos são considerados bem seguros.

Comida de impressora 3D

Biscoito impresso em 3D feito de farinha de inseto na Wellcome Collection, em Londres. Foto: AP.

Comida feita com impressoras 3D podem economizar tempo de cozimento e oferecer uma opção saborosa e fácil de comer para idosos com dificuldade de engolir. Até a NASA já investiu na pesquisa de comidas feitas com impressoras 3D em gravidade zero para que astronautas possam “cozinhar” em missões no espaço sideral. Mas mais importante ainda, ela resolve um grande problema: a comida não ter um formato maneiro.

Nós podemos apenas parar de comer e fazer fotossíntese

Talvez algum dia nós possamos dar uma de vegetais, sentar sob o sol e transformar dióxido de carbono no açúcar que nossos corpos necessitam. A lesma do mar Elysia chloroticarouba o DNA de algas para conseguir fazer fotossíntese… E nós? Na verdade, mesmo que nós tivéssemos cloroplastos capazes de fazer fotossíntese em nossas células, os nossos corpos precisariam de muito mais área de superfície para maximizar nossa exposição ao sol.

Então é bom você já ir experimentando a comida do futuro, porque um dia os seus netos podem alimentar você com uma pasta de insetos impressa em 3D.

Imagem do topo: A designer de instalação Susana Soares morde um biscoito impresso em 3D usando farinha de insetos na exposição ‘Insects au Gratin’ na Wellcome Collection em Londres. Crédito: Getty.

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