Como um grupo de amigos se reuniu para unir games e ação beneficente no Jogatona

Por Bruno Izidro Já passavam das 19h quando cheguei a casa de Eddy Antonini. Em qualquer outro contexto isso seria visto como algo bem mal educado de se fazer, ainda mais em uma sexta-feira, mas eu não era a primeira visita que Eddy receberia naquela noite. Nem a última. Durante toda aquela semana, várias pessoas […]

Por Bruno Izidro

Já passavam das 19h quando cheguei a casa de Eddy Antonini. Em qualquer outro contexto isso seria visto como algo bem mal educado de se fazer, ainda mais em uma sexta-feira, mas eu não era a primeira visita que Eddy receberia naquela noite. Nem a última. Durante toda aquela semana, várias pessoas tinham ido à casa dele para jogar videogame e ajudar o próximo.

Inspirado por eventos como Summer Games Done Quick e Awesome Games Done Quick, Eddy e mais um grupo de amigos estavam realizando a Jogatona, uma maratona de games com o objetivo de arrecadar doações para instituições filantrópicas, que nesse caso é a AACD, e o dinheiro doado iriar fazer parte do Teleton desse ano.

Porém, essa era a primeira edição da Jogatona e ela foi realizada de uma forma bem mais simples e humilde que os eventos gringos. Tudo aconteceu na própria casa de Eddy, o principal organizador do evento. Com a sala de estar como cenário e usando os próprios videogames, ele transmitia, por streaming, diversos amigos e convidados jogando os mais diversos games durante cinco dias.

Jogatona-Souls

Quando cheguei, aquelas eram as últimas horas do evento e ele, que é professor, tinha parado toda a sua vida por causa da Jogatona. “Eu tô morto, minha casa tá uma bagunça”, confessaria um pouco depois. “Minha mulher tá dormindo agora porque ela vai dirigir de madrugada pra eu dar aula às 8 da manhã a 300 quilômetros daqui”.

Eddy não ganhou um só centavo com a Jogatona, muito pelo contrário, ele gastou tempo, dinheiro e energia para organizar e realizar tudo. Não só ele, afinal Eddy não estava sozinho e contou com a ajuda de muitas pessoas que se sacrificaram igualmente pelo Jogatona, alguns pediram até férias do trabalho somente para se dedicarem ao evento.

E qual foi o resultado de tanto esforço? Pouco mais de R$ 2 mil em doações. Sim, é bem pouco, mas algo que não desanima (tanto) Eddy e o que o motiva é justamente saber que ações como essa – que não ele não gosta de chamar de caridade – precisam e devem ser feitas. “Se eu tenho a capacidade de juntar pessoas pra levantar fundos para uma instituição, então porque não fazer isso?”, ele dizia.

Foi esse pensamento de responsabilidade social que levou Eddy a realizar a Jogatona. Vendo o crescimento de youtubers e streamers e como eles chamam a atenção de um novo público na internet, Eddy se fez um questionamento que nem todos fariam: “Por que raios a gente não está fazendo algo para devolver para a sociedade?”

A ideia original era que vários youtubers e pessoas influentes da internet participassem da Jogatona, isso chamaria bastante a atenção e, o mais importante, teria um potencial de muitas doações, mas infelizmente nenhum compareceu. Não por desinteresse, Eddy deixar isso bem claro, o problema foi que o convite veio muito em cima da hora e vários Youtubers já estavam ocupados com outros compromissos de agenda. “Meu erro foi ter feito tudo muito rápido”, admite Eddy. Toda a Jogatona foi pensada e realizada no intervalo de pouco mais de um mês e esse curto período prejudicou para que o evento não chegasse a ser como o esperado.

jogTON_AACD

Ainda assim muitas conquistaram foram feitas, a principal delas a parceria com a AACD, o que deu credibilidade a ação, principalmente na hora das doações. “Eu fiz questão que o site da doação ficasse dentro da AACD, pra não ter nenhuma sombra de dúvida de que eu esteja passando a mão em alguma coisa”, fala Eddy. Mesmo em cima da hora, toda a parceria foi feita em poucos dias, com site dedicado para a Jogatona e tudo.

Bons Momentos

Mesmo com o sentimento de que a Jogatona poderia ter atingido um potencial bem maior, ninguém a vê como um fracasso, bem longe disso. Afinal foram cinco dias intensos de jogos, e dos mais variados. Desde clássicos como Sonic e Mega Man, passando por lançamentos como Bloodborne e Super Mario Maker e até mesmo o insuperável Paciência de Windows, o jogo que fechou a Jogatona.

Eddy não queria fazer uma cópia abrasileirada do Games Done Quik, então o objetivo não era necessariamente realizar speed runs e sim curtir bons jogos com amigos e convidados, em um clima bem descontraído. Esse foi o aspecto que mais deu certo na opinião de Eddy. Ainda que não vejamos aquelas jogadas mirabolantes ou alguém zerando algum game X em tempo recorde, não quer dizer que a Jogatona não teve seus momentos, como o pessoal do canal Calibre Lordal vendo até onde iriam em Dark Souls com um personagem nível 1 ou a participação do site Resident Evil Database maratonando, obviamente, Resident Evil.

Outro momento especial apontado por Eddy foi com o desenvolvedor Pérsis Duaik, de Artitana E A Pena da Harpia. “Enquanto jogávamos o Aritana do início ao fim, o Pérsis intercalava entre a história de vida dele e a história de desenvolvimento do jogo”, relembra. “A gente esqueceu até de pedir doações e quando ele terminou de contar a história, a gente não conseguiu falar, porque foi tão absurdamente incrível… de história de vida, de força de vontade e humildade”.

O que ganha destaque também são os jogos que envolviam interação com as pessoas que estavam assistindo ao vivo. Um exemplo foi a maratona com P.T., o Playable Teaser de Silent Hills, onde cada susto tomado era convertido em doações por quem estava no chat. Esses e outros momentos do Jogatona podem ser visto no canal do evento no Youtube ou mesmo no Hitbox, onde os streamings aconteceram.

A próxima Jogatona

Assim como toda primeira edição, na Jogatona aconteceram acertos , erros e imprevistos (como faltar energia elétrica em um dos dias), mas já é uma coisa que, assim como a rede mundial de computadores e os joguinhos, parece que veio para ficar. “Eu não posso deixar de continuar fazendo isso, porque precisa ser feito, é o que se deve fazer”, afirma Eddy.

Agora com a experiência da primeira edição e sabendo o caminho das pedras pelos tombos que tomou, ele já está se preparando para a próxima edição, que certamente não vai acontecer na casa dele de novo, não só pelo cansaço que isso gera, mas principalmente para deixar a estrutura da Jogatona mais profissional.

jogatona_bastidores

A ideia agora é que a Jogatona seja realizada em eventos, para facilitar a logística de convidados. “Dentro de eventos são chamadas pessoas conhecidas, então fica fácil pra todo mundo encaixar os horários”, explica Eddy. A parceria com a AACD também deve continuar, mas a Jogatona não será, necessariamente, vinculada sempre ao Teleton. Tanto que a data para a próximo edição já está marcada: entre os dias 26 e 31 de janeiro de 2016.

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