_Cultura

Como “What If…?” e “Star Wars: Visions” se inspiram em Animatrix, animação antológica de Matrix

Para as animações da Disney correrem, as irmãs Wachowski (que dirigiram Matrix) tiveram que andar. Entenda o que aproxima as produções.

Star Wars: Visions, animação antológica da Disney que convidou estúdios de animação japonesa renomados e apresentou novas possibilidades da franquia, estreou na semana passada. Inclusive, já contamos o que achamos dela no Bitniks.

Mas a nova história da franquia espacial não está sozinha. A Disney vem apostando em séries antológicas — episódios que não tem ligação com a história original, mas que se aproximam dela seja temática, autoria ou período. Outro exemplo é What if…?, que traz, em cada capítulo, uma probabilidade diferente do Universo Cinematográfico Marvel (MCU).

De alguma forma, essas produções têm uma ligação indireta com uma animação no começo dos anos 2000 — quando a internet ainda engatinhava e era cool usar óculos escuros com sobretudo preto.

Entrando na (Ani)matrix

Em 2003, foi lançado Animatrix, série de animação antológica do universo de Matrix. O curioso é que nomes conhecidos da indústria de animes foram convidados para dirigir cada curta. Dentre eles estão Kōji Morimoto (Akira), Shinichiro Watanabe (Cowboy Bebop), Takeshi Koike (Lupin the IIIrd) e Peter Chung (Aeon Flux).

Os nove episódios são canônicos. Mesmo não tendo ligação entre si, algumas histórias preenchem certas lacunas que a trilogia deixa em “aberto”. Um exemplo é o episódio “Kid’s Story“, que apresenta a origem do garoto que venera Neo em Reloaded. Ou em “Final Flight of the Osiris“, em que uma equipe se sacrifica após descobrir que as máquinas estavam indo até o centro da Terra para destruir Zion.

Já outros capítulos são histórias paralelas de pessoas comuns tendo contato com a Matrix — como a do atleta que consegue quebrar o mundo virtual ao tentar bater um recorde; a de jovens que descobrem uma casa assombrada que está com bug da Matrix, e a de um detetive contratado para encontrar Trinity, numa trama envolta por um ambiente noir. Apesar de não estarem ligadas ao Escolhido e citarem a existência de pílulas vermelhas ou azuis, é interessante como elas aproximam a realidade de espectadores com a da franquia, a partir de elementos cotidianos.

Mesmo quase 20 anos após seu lançamento, Animatrix segue sendo uma excelente antologia, dando seu toque próprio ao intrigante mundo de Matrix — ainda que abusando de cenas de mulheres usando apenas calcinhas no processo. É algo parecido ao que a Disney está fazendo com Visions. Menos a parte das calcinhas, claro.

Um formato, infinitas possibilidades

Montagem: The Matrix Minute

Outro fator que une as três animações é o formato antológico que vem sido usado nos últimos anos. Ele aparece em séries como Love Death + Robots, American Horror Story, Black Mirror e Modern Love. Essa forma surgiu a partir de livros e contos e migraram para outras mídias como o rádio e a TV.

Sua principal característica é ter histórias menores e duração menor. Formatos do tipo são perfeitas para preencherem aquele momento em que o espectador está zapeando entre canais (ou o catálogo de streaming), em busca de algo para assistir sem compromisso.

Vamos falar a verdade: em meio à multidão de séries, filmes, animações e reality shows para assistir nos streamings, é preciso saber escolher muito bem aquilo que vai ocupar nosso escasso tempo.

Os filmes de herói da Marvel ou da saga Star Wars têm esse “problema”: não é possível começar pelo Os Últimos Jedi ou em Vingadores: Guerra Infinita sem precisar assistir ou entender o que aconteceu antes. São franquias com fãs assíduos, que assistiram ou entendem uma grande parcela da história. What if…? e Visions, no entanto, é uma solução perfeita para entreter quem acompanha e, ao mesmo tempo, é um respiro para as sagas de proporções gigantescas.

Outro diferencial são as pessoas por trás das produções. Existe uma boa dose de inovação ao colocar diretores e estúdios de outros estilos e gêneros para recriar uma versão da nossa franquia favorita. Isso, sem dúvidas, ajuda a dar pluralidade para narrativas e universos.

“Precisamos fazer parecer que todas essas são variações sutis de um universo que todos podemos ver, que é o MCU”, disse o diretor e produtor Bryan Andrews em entrevista ao Screen Rant.

De qualquer forma, é incrível notar o quanto produções mais recentes, que bebem de histórias lançadas há quase duas décadas, podem abrir novos diálogos em franquias apreciadas.

Para quem ficou curioso (ou quer entrar no hype de Matrix 4), Animatrix está disponível para assistir na HBO Max. Já What if… e Star Wars: Visions estão no Disney+.

Sair da versão mobile