O que o novo objeto interestelar Borisov tem de diferente do ‘Oumuamua?

O segundo objeto interestelar já registrado fez uma visita ao nosso sistema solar, de acordo com observações astronômicas feitas na semana passada. Mas quais as diferenças entre ele e ‘Oumuamua, o primeiro objeto interestelar? Os cientistas estão ansiosos para aprender mais sobre o cometa C/2019 Q4 (Borisov) desde que o astrônomo amador Gennady Borisov o […]
Imagem dividida ao meio mostra um círculo branco enevoado, o cometa Borisov, à esquerda e um objeto comprido também branco, o objeto interestelar 'Oumuamua, à direita.
O cometa Borisov (esquerda) e o 'Oumuamua (direita). Imagem: Observatório Gemini/NSF/Aura, o Telescópio Wiliiam Herschel

O segundo objeto interestelar já registrado fez uma visita ao nosso sistema solar, de acordo com observações astronômicas feitas na semana passada. Mas quais as diferenças entre ele e ‘Oumuamua, o primeiro objeto interestelar?

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Os cientistas estão ansiosos para aprender mais sobre o cometa C/2019 Q4 (Borisov) desde que o astrônomo amador Gennady Borisov o viu pela primeira vez em 30 de agosto. Observações posteriores determinaram que sua órbita sugere que ele se originou de fora do sistema solar.

Uma comparação com o primeiro objeto interestelar, ‘Oumuamua, poderia fornecer uma perspectiva interessante sobre como esses objetos geralmente são.

Os astrônomos descobriram o primeiro objeto interestelar registrado, 1I/2017 U1 ‘Oumuamua, em 19 de outubro de 2017, e foram capazes de reunir centenas de observações do objeto enquanto ele passava pelo sistema solar. Era tinha uma estranha forma de charuto e parecia acelerar à medida que se afastava do sol.

Houve algumas hipóteses mais inusitadas sobre sua origem e a causa de sua aceleração (“alienígenas!”), mas um debate menos especulativo se concentrou em saber se o objeto é mais como um asteroide rochoso ou como um cometa que liberou um pouco de gás e acelerou ao ser aquecido pelo Sol.

As observações não viram evidências de uma cauda semelhante a um cometa, mas “uma estrutura de ventilação de gás rica em voláteis no ‘Oumuamua fornece a explicação mais simples para sua trajetória ímpar”, de acordo com um artigo do The Astrophysical Journal.

O cometa C/2019 Q4 (Borisov) tem características ligeiramente diferentes. Por um lado, as observações iniciais já revelaram um coma (nome dado à nuvem de poeira e gás que se forma em torno do núcleo de um cometa) e cauda parecidos com os de um cometa.

Sua órbita parece diferente também. “Tem o tipo de órbita mais característica do que esperávamos ver [de um objeto interestelar]”, disse Matthew Holman, diretor do Minor Planet Center, ao Gizmodo na semana passada. “O ‘Oumuamua mergulhou profundamente no sistema solar e chegou perto do Sol; esse não é o comportamento típico que poderíamos esperar.”

Os astrônomos preveem que os objetos interestelares sejam mais parecidos com cometas gelados do que asteroides rochosos, por causa de onde eles presumivelmente se formaram em seus próprios sistemas estelares.

“À medida que você se afasta da estrela, o disco fica mais frio, então os objetos têm mais gelo”, explicou Kat Gök, cientista da equipe da Universidade do Arizona, ao Gizmodo. Presume-se que eles sejam mais parecidos com os objetos gelados do distante cinturão Kuiper do nosso sistema solar. “A maioria das coisas que são ejetadas teriam mais gelo.”

Os astrônomos também pensam que o objeto é um pouco maior que ‘Oumuamua, embora o coma nebuloso dificulte a definição do cometa C/2019 Q4 (Borisov), disse Volk.

Os observatórios apenas reuniram evidências suficientes para concluir que o objeto provavelmente tem origens interestelares, e observá-lo tem sido (e continuará sendo) difícil, pois, atualmente, está relativamente perto do Sol no céu do nosso ângulo de visão na Terra.

Mas, felizmente, o objeto está viajando em direção ao Sol, o que significa que teremos mais tempo para observá-lo, ao contrário do que aconteceu com o ‘Oumuamua, que foi descoberto já quando estava de saída.

E os cientistas esperam mais objetos interestelares em breve.

“Um tamanho de amostra de dois é realmente pequeno, mas é melhor que um tamanho de amostra de um”, disse Volk. “Continuaremos aprendendo sobre eles à medida que olharmos mais de perto.”

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