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Pão de Açúcar quer que você use seu celular para escanear produtos e evitar filas no mercado

Visitamos uma loja na sede do Grupo de Pão de Açúcar em que dá para fazer compras usando o smartphone como scanner, sem a necessidade de fila para pagar.

App do Pão de Açúcar transforma smartphone em scanner de produtos do mercado

Guilherme Tagiaroli/Gizmodo Brasil

A irritação de pegar fila para comprar algo em um mercado está cada vez mais próxima do fim. O varejo, sobretudo mercados, tem se ligado que uma das coisas mais chatas da experiência de compra é perder tempo. Desde a espera para ser atendido em um caixa até a demora do processo de pagamento. Da pessoa que inventa de querer pagar com moedas ao sujeito que não está com pressa e demora uma eternidade para pegar o cartão e passar. Felizmente, estamos começando a ter experiências que tentam resolver isso no Brasil.

A pioneira por aqui foi a startup Zaitt, que tem duas lojas (uma em São Paulo e outra no Espírito Santo), mas agora grandes varejistas, como o Grupo Pão de Açúcar, têm planos de testar este sistema em questão de meses em São Paulo. O Gizmodo Brasil teve a oportunidade de gastar uma grana numa loja para verificar como a solução funciona na prática.

Como funciona

Para começar, a experiência foi feita em uma loja Minuto Pão de Açúcar dentro da sede do GPA (Grupo Pão de Açúcar) em São Paulo, onde a companhia tem feito testes. O conceito deste estabelecimento é o que eles chamam de formato de proximidade, que são mercados menores com o essencial — eu gosto de chamar de “mercado de solteiro”, pois tem itens básicos e até alguns tipos de comida pronta.

O nome bonito do sistema implementado no Pão de Açúcar Minuto é Scan & Go. Ele funciona assim: você precisa de um smartphone com o aplicativo Pão de Açúcar Mais conectado à internet (as lojas já têm Wi-Fi grátis) e cadastrar seu cartão de crédito. Na sequência, é necessário escanear um leitor de QR Code da loja para que o sistema consiga carregar os itens do estabelecimento onde você está.

Com o smartphone habilitado e devidamente “localizado”, o consumidor pode passear pela loja e escanear o código de barras dos produtos que quiser, gerando um carrinho de compra, como nas compras virtuais. Na loja em que visitei, havia também uma cafeteria, então era possível pagar pelo item escaneando um código e, na sequência, mostrando para o atendente preparar um pão na chapa ou um café.

Após escanear o produto, ele aparece numa lista no aplicativo. Crédito: Guilherme Tagiaroli/Gizmodo Brasil

Um detalhe da loja que visitei é que ela tinha uma espécie de “cancela” para entrar, acionada por um sensor de presença. Para sair, o processo é um pouco mais complicado. Isso porque o cliente só consegue deixar a loja após finalizar a compra e exibir um QR code do aplicativo.

“Ah, mas entrei na loja e não comprei nada, então fico preso lá para sempre?” Calma, também não é assim. Na loja que visitei, ficava um funcionário próximo à saída que possibilitava a saída de clientes.

Loja do Grupo Pão de Açúcar na sede da empresa em São Paulo. Crédito: Guilherme Tagiaroli/Gizmodo Brasil

Legal, mas quando vai ter?

É um sistema em teste, mas que deve figurar em lojas de São Paulo ainda no segundo semestre deste ano, de acordo com Emerson Colinas, diretor de operações do GPA. A ideia é que estabelecimentos Minuto Pão de Açúcar da cidade na região da avenida Paulista e da Faria Lima sejam os primeiros a terem o Scan & Go.

A ideia não é também partir do dia para a noite para um sistema em que o aplicativo seja a única forma de pagamento. Mesmo na loja que visitei, havia outras duas formas que os clientes poderiam usar para processar suas compras: o método convencional (com dinheiro/cartão em um caixa) ou um esquema de auto-atendimento, em que o consumidor vai a uma espécie de terminal, escaneia os itens e pode pagar com cartão. No fim de todas as operações, é emitido um papel com um QR code para liberar a saída.

Então, mesmo lojas fora de um ambiente controlado (como a da sede do GPA que visitamos) deverão manter outras formas de atendimento. Lembre-se, o brasileiro médio ainda não é muito bancarizado e há ainda muitas operações feitas com dinheiro em espécie.

De modo geral, a experiência foi bem fácil. Instalei o aplicativo quando estava dentro da loja, fiz um cadastro rapidinho e fui pegando e escaneando os itens que eu queria. Só comprei itens básicos para sobrevivência: café, amendoim e pipoca de micro-ondas. Nada demais.

Eu ficaria bem feliz se este tipo de iniciativa começasse a ficar mais popular. Quando preciso ir a um mercado, tento escolher o horário de menor movimento, pois não me conformo que preciso pegar fila para comprar, ainda mais numa época em que se resolve tanta coisa pelo telefone.

Como todo sistema, o Scan & Go exige uma curva de aprendizado e também um certo pacto de confiança — se tiver muita fraude, imagino, o mercado terá de ter alguém para checar se os itens que a pessoa está carregando batem com o da nota fiscal, o que seria péssimo e formaria uma nova fila, só que para sair do mercado.

Não é ainda um Amazon Go, que não precisa nem de escaneamento dos produtos, mas não vejo a hora de entrar no mercado, pegar o que eu quiser e vazar sem interagir com ninguém ou ser questionado se quero colocar crédito no celular.

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