Conexão inusitada: estátuas africanas do século 6 são achadas em Israel

As estátuas representam o vasto comércio na região durante o Império Bizantino
Imagem: IAA/Reprodução

Durante escavações no deserto de Neguev, em Israel, arqueólogos descobriram estátuas de origem africana em túmulos do século 6.

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Os túmulos, de acordo com o governo de Israel, ficam no sítio arqueológico de Tel Malḥata, que na Bíblia é o lugar onde nasceu Simeão, fundador de uma das 12 Tribos de Israel. Portanto, os arqueólogos em Israel investigavam túmulos cristãos do século 6, com mais de 1.500 anos, quando descobriram as estátuas africanas de ébano.

A descoberta gerou diversos questionamentos sobre a fabricação das estatuetas e de onde vieram as pessoas enterradas nos túmulos.

Conforme a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), os arqueólogos encontraram cinco estátuas africanas nos túmulos de duas mulheres e de uma criança. Três das estatuetas eram feitas de ossos, algo comum na região.

No entanto, o que chama atenção é o uso de ébano em outras duas estátuas, que apresentam características africanas.

“Fabricadas com ossos e com madeira de ébano — uma matéria-prima rara oriunda do sul da Índia e do Sri Lanka — as estatuetas apresentam formas de mulheres e homens com características faciais africanas e com um furo para o usá-las como pingente em colares”, diz a IAA.

Uma das estátuas de ébano. Imagem: IAA/Divulgação

Segundo o órgão do governo de Israel, as estátuas africanas não tinham um propósito somente decorativo. Elas serviam “como itens pessoais íntimos que carregavam uma história de identidade, tradição e memória”.

Aliás, embora os túmulos sejam dos séculos 6 e 7, as estátuas podem ser ainda mais antigas, segundo o órgão de Israel.

Como as estatuetas africanas foram parar em túmulos do século 6 em Israel?

A principal questão sobre o achado é algo que os arqueólogos ainda não conseguem responder. É possível que as estatuetas sejam de regiões africanas ou asiáticas e, até mesmo, de Israel.

Devido ao comércio entre a Ásia e o Império Bizantino, o acesso ao ébano foi possível em diversas regiões. No entanto, os arqueólogos suspeitam que as pessoas dos túmulos sejam africanas ou descendentes de cristãos africanos e migraram para Israel com as estatuetas.

Os arqueólogos ressaltam que uma comunidade cristã viveu no sul de Israel há 1.500 e, possivelmente, havia membros da África. Portanto, as estatuetas podem representar ancestrais dessas pessoas africanas e a tradição que se manteve mesmo após a adoção do cristianismo.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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