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Construção de ferrovia no Reino Unido expõe assassinato misterioso de 2.000 anos atrás

O trabalho ferroviário para um trem de alta velocidade no Reino Unido resultou em algumas descobertas arqueológicas interessantes, incluindo um esqueleto de 2.000 anos.

Esqueleto de homem adulto achado em Wellwick Farm, no Reino Unido. Crédito: HS2

Esqueleto de homem adulto achado em Wellwick Farm, no Reino Unido. Crédito: HS2

O trabalho de preparação para um trem de alta velocidade no Reino Unido resultou em algumas descobertas arqueológicas interessantes, incluindo um esqueleto de 2.000 anos que, acredita-se, ter sido vítima de um assassinato.

A construção do sistema ferroviário HS2 (High Speed 2) do Reino Unido ainda está em sua fase inicial, com equipes atualmente limpando locais antes da construção primária. Depois de concluída, a rede HS2 terá trens percorrendo o Reino Unido a velocidades que atingem 360 km/h.

Em Wellwick Farm, perto da cidade de Wendover, cerca de 64 km a noroeste de Londres, os arqueólogos do projeto HS2 fizeram uma série de descobertas. Entre elas, está uma possível vítima de assassinato da Idade do Ferro, o enterro de um indivíduo de alto escalão e um monumento circular de madeira com um leiaute que lembra Stonehenge.

O esqueleto de 2.000 anos de idade de um homem adulto foi encontrado enterrado de bruços em um poço, com as mãos atrás das costas. Datado do período romano na Grã-Bretanha, o homem parece ter sido assassinado ou executado, embora o trabalho osteológico sobre os restos mortais ainda esteja em andamento.

“A morte do homem em Wellwick Farm permanece um mistério para nós, mas não há muitas maneiras de você acabar no fundo de uma vala, de bruços, com as mãos atadas”, disse Rachel Wood, arqueólogo do projeto HS2, em um comunicado de imprensa.

Evidências de ocupação, incluindo uma casa redonda, currais e fossas de lixo, também foram descobertas no sítio de Wellwick Farm, que foi habitada pelos primeiros bretões durante as idades do Bronze e do Ferro.

Os habitantes se mudaram para as proximidades de Wendover durante a ocupação romana, mas ainda usavam a região de Wellwick Farm para enterros, segundo os pesquisadores. Um desses enterros foi de um indivíduo de alto status, como evidenciado por um caixão com revestimento interno de chumbo — sem dúvida uma grande despesa na época. O caixão externo provavelmente era de madeira, que se desintegrou desde então.

Urna funeral de pessoas de alto status. Crédito: HS2

Os arqueólogos também encontraram um grande monumento circular feito de estacas de madeira, o que sugere que a área também foi usada para fins cerimoniais. Medindo 65 metros de diâmetro, a estrutura apresentava um leiaute semelhante ao visto em Stonehenge, em Wiltshire, ou seja, uma orientação alinhada ao solstício de inverno.

Uma moeda de ouro sem marcas também foi desenterrada. Datada do século 1º a.C., ela provavelmente foi cunhada na Grã-Bretanha.

Moeda de ouro encontrada em Wellwick Farm. Crédito: HS2

“Nós já sabíamos que Buckinghamshire é rica em arqueologia, mas descobrir um local mostrando atividade humana por 4.000 anos foi uma surpresa para nós”, disse Wood. “A grande estrutura cerimonial de madeira, o enterro romano com caixão de chumbo e o mistério do esqueleto na Wellwick Farm ajudam a dar vida ao fato de que as pessoas moravam, trabalhavam e morriam nessa área muito antes de aparecermos.”

Visão aérea de monumento circular encontrado em Wellwick Farm. Crédito: HS2

Mike Court, arqueólogo principal do projeto HS2, disse que essas descobertas serão compartilhadas com o público por meio de palestras virtuais e um futuro documentário da BBC.

Como mostram essas descobertas, obras de construção e arqueologia andam de mãos dadas. As equipes que trabalham em rodovias da Polônia, por exemplo, descobriram recentemente em um cemitério de crianças perdidas do século 16. Felizmente, em vários lugares, as obras agora estão legalmente obrigadas a interromper temporariamente os trabalhos quando são feitas descobertas como essas, permitindo que os arqueólogos façam suas pesquisas e explorem os segredos de nosso passado.

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