Coronavírus aumenta procura por máscaras cirúrgicas, e Amazon adverte vendedores por preços abusivos

A Amazon está alertando os vendedores de seu marketplace para não explorar os clientes que procuram por máscaras protetoras por causa do coronavírus.
Funcionários sul-coreanos desinfetando um mercado em Seul, em 26 de fevereiro de 2020. Foto: Chung Sung-Jun/Getty Images

A Amazon está alertando os vendedores independentes de seu marketplace para não explorar os clientes que procuram por máscaras protetoras, segundo e-mails obtidos pela Wired.

Lavar as mãos adequadamente e evitar o contato com indivíduos infectados é provavelmente mais importante para prevenir a doença, e o uso de máscaras pelo público em geral não está entre os conselhos dados pelo Centro de Controle de Doenças dos EUA. Mesmo assim, os preços das máscaras triplicaram e, em alguns casos, quadruplicaram na Amazon, segundo a Wired. A empresa advertiu alguns vendedores que seus itens “não estão em conformidade” com as políticas que proíbem a manipulação de preços.

Normalmente, essa política é aplicada durante a temporada de festas de fim de ano, quando há escassez de presentes populares. Mesmo assim, esse problema se repetiu durante crises anteriores: durante o furacão Irma, por exemplo, os preços de água na Amazon subiram. Como observou a Wired, muitos estados americanos têm leis contra o aumento dos preços de bens básicos durante emergências. Este é o caso do surto do coronavírus, já que uma emergência de saúde pública foi decretada nos EUA no mês passado.

“É difícil para a Amazon, porque eles não querem que seus clientes sejam explorados”, disse à Wired Ed Rosenberg, consultor que trabalha com vendedores da empresa. “Mas também há oferta e demanda, e os vendedores deveriam poder cobrar mais caro se houver gente disposta a pagar mais e a demanda for alta.”

Ainda não se sabe como e com que rigor a Amazon vai aplicar sua política. De acordo com a Wired, um consultor disse que algumas máscaras muito caras foram excluídas da Amazon. O Verge, por outro lado, disse que não houve nenhuma proibição na plataforma.

Os preços continuam altos. O item mais caro na categoria máscaras faciais médicas, com 100 máscaras descartáveis ​​azuis, saía por US$ 16,99 mais US$ 4,99 de frete na noite de terça-feira (25). Isso é bem mais do que o preço de semanas atrás e é realmente mais caro do que o preço já elevado que consta na matéria da Wired (US$ 15). E esse é um dos preços mais baixos — outros vendedores colocaram valores muito maiores.

Os problemas da Amazon não se limitam à manipulação de preços em máscaras de proteção. O marketplace do site está cheio de produtos de procedência duvidosa que alegam proteger contra ou “matar” o vírus.

O Better Business Bureau, agência independente norte-americana sem fins lucrativos que trabalha para aumentar a confiança no comércio, emitiu um aviso para que consumidores fiquem atentos para “máscaras de baixa qualidade ou falsificadas” ou mesmo golpes em lojas on-line.

Escassez de máscaras (e de outros produtos)

A eficácia das máscaras como medida preventiva contra a infecção pelo coronavírus — um novo vírus chamado SARS-CoV-2, que causa uma doença chamada COVID-19 — não é clara.

Uma revisão prévia de estudos conduzida por pesquisadores canadenses encontrou evidências contraditórias sobre a eficácia delas contra o vírus da SARS, que é semelhante ao SARS-CoV-2, e contra o RSV. Outras pesquisas demonstraram que as máscaras podem reduzir o risco de infecção.

Os EUA tiveram apenas 14 casos confirmados da doença, enquanto houve mais de 80 mil casos confirmados em todo o mundo (um número que provavelmente é subestimado) e mais de 2.700 mortes.

Especialistas dizem que a grande maioria dos casos, acima de 80%, é leve. No entanto, isso pode ajudar o vírus a se espalhar, pois faz com que ele passe despercebido por indivíduos infectados e agentes médicos. Os principais surtos de SARS-CoV-2 estão ocorrendo agora na Coreia do Sul, Itália e Irã.

As autoridades do CDC disseram que, dada a rápida disseminação por todo o mundo, o vírus provavelmente acabará se espalhando pelos EUA também. A diretora do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias, Drª Nancy Messonnier, disse na terça-feira (25) que as autoridades “estão pedindo à população americana que se prepare para um cenário ruim”.

O secretário de Saúde e Serviços Humanos, Alex Azar, disse que são necessários 300 milhões de máscaras para profissionais de saúde — o estoque atual é de apenas 30 milhões. Segundo o Washington Post, os hospitais já estão correndo atrás de fornecedores de máscaras N95, que têm uma qualidade melhor, aumentando a perspectiva de escassez nos hospitais.

E isso é apenas nos hospitais. Quem quiser comprar por conta própria enfrentará escassez no mercado, já que as fábricas na China — fornecedor de máscaras para grande parte do mundo — operam com capacidade reduzida e estão sob pressão para atender à demanda doméstica.

Semanas atrás, a CNN informou que uma pesquisa da Associação Nacional de Farmacêuticos da Comunidade dos EUA descobriu que 96% das farmácias dos EUA estavam com escassez de máscaras. Quem está com medo da doença e comprando grandes quantidades pode acabar contribuindo com a escassez onde essas máscaras são mais necessárias, como hospitais e clínicas médicas.

Os mercados financeiros e os analistas parecem prever que o surto de coronavírus afetará fortemente a cadeia de suprimentos global se resultar em isolamentos em todo o mundo, como já aconteceu na China. Isso poderia resultar em escassez de outros bens.

O New York Times comentou o exemplo de paralisações de fábricas na Itália: uma delas é fabricante de autopeças e fornece produtos para fábricas em toda a Europa. A Amazon já alertou os vendedores de que a disseminação do vírus pode resultar em cancelamentos de pedidos ou em retenções de contas devido a interrupções.

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