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Coronavírus tem cura? Conheça sintomas do COVID-19 e como é transmitido

As perguntas e respostas mais importantes sobre o novo coronavírus.

Homem se protege do coronavírus com máscara no rosto e óculos de natação enquanto usa o celular

Imagem: Getty

Depois da repercussão sobre o coronavírus, muitas questões começam a preocupar os brasileiros: o coronavírus tem cura? Quais são os sintomas? Como ele é transmitido e como se proteger da COVID-19? Neste texto, responderemos a essas e outras perguntas.

O Brasil registrou o primeiro caso do novo coronavírus, batizado oficialmente como COVID-19, em 26 de fevereiro – um paciente de 61 anos que mora em São Paulo e estava na Itália recentemente. Em 17 de março, o País relatou a primeira morte causada pela doença: um homem de 62 anos que tinha diabetes e hipertensão, morava na capital, foi internado em um hospital privado da cidade e não tinha histórico de viagem. Já tivemos ainda um caso de cura: o primeiro paciente que precisou ser internado já teve alta.

Neste texto, respondemos as principais perguntas relacionadas ao surto de COVID-19.

Índice:

Quais são os sintomas?


Os sinais e sintomas do coronavírus são principalmente respiratórios, como alerta o Ministério da Saúde. As pessoas podem se sentir como se estivessem resfriadas, por exemplo. Em casos mais graves, os sintomas se assemelham mais com uma pneumonia, causando infecção do trato respiratório inferior.

Os primeiros sintomas podem incluir:

Os pacientes também relataram:

O período de incubação do vírus – tempo entre a infecção e o surgimento dos sintomas – é de até 14 dias, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, alguns pesquisadores dizem que esse período pode ser maior ou menor. O Ministério da Saúde, por exemplo, diz que o período médio de incubação por coronavírus é de 5 dias, com intervalos que chegam a 12 dias, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.

Foto: Greg Baker/Getty

Ainda não há confirmação oficial, mas pesquisas sugerem que uma pessoa pode passar a doença para outras mesmo antes dos sintomas aparecerem. Até o momento, não há informações suficientes de quantos dias anteriores ao início dos sinais e sintomas uma pessoa infectada passa a transmitir o vírus.

O coronavírus tem cura?


Sim, o coronavírus tem cura, como outros vírus que apresentam sintomas respiratórios. A maioria das pessoas sobrevivem ao COVID-19, inclusive. Sua taxa de mortalidade é baixa, de 3,5% neste momento. De acordo com a OMS, com base em dados de 44 mil pacientes que tiveram o novo coronavírus no início do surto, 81% desenvolveram sintomas leves, 14% sintomas severos e apenas 5% ficaram muito doentes.

O primeiro paciente que precisou ser internado, inclusive, já foi curado e teve alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

A preocupação principal é com idosos, que possuem sistemas imunológicos mais frágeis. Além disso, pessoas que possuem doenças associadas a doenças crônicas estão mais vulneráveis: asmáticos, pessoas com doenças do coração, fumantes, diabéticos

O presidente da OMS, Tedros Adhanom, apontou que o COVID-19 não é tão mortal quanto outros coronavírus previamente registrados, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS) e a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS). A SARS tinha taxa de mortalidade de 10% e a MERS de 20% a 40%, dependendo do local.

A gripe, causada pelo vírus influenza, infecta muito mais pessoas, mas também mata menos. A taxa de mortalidade da doença é de apenas 0,05%.

De acordo com um mapa atualizado constantemente pela Universidade Johns Hopkins já foram contabilizadas 190.000 casos e 7.800 mortes. Esse número muda constantemente, assim como o número de pessoas que se recuperaram do vírus: mais de 80.000 pessoas.

O coronavírus pode deixar sequelas?


Ainda é cedo para dizer. Porém, pesquisadores da Autoridade Hospitalar de Hong Kong observaram que pessoas que passaram pelo tratamento e foram curadas apresentaram dificuldade para respirar enquanto realizavam alguns testes, como caminhar mais rápido. Foram apenas 3 pessoas de 12 estudadas.

A análise dos exames pulmonares de nove pacientes infectados no Hospital Princess Margaret encontrou padrões semelhantes em todos eles, sugerindo danos nos órgãos. Os pacientes ainda precisarão fazer testes para determinar exatamente essa perda de função pulmonar. Ainda é preciso avaliar se esses danos serão permanentes e se haverá mesmo fibrose pulmonar, uma condição em que o tecido pulmonar endurece.

É possível que atividades como fisioterapia e treinos cardiovasculares ajudem – a natação, por exemplo, poderia ser aliada na recuperação gradual.

Como o coronavírus COVID-19 é tratado?


Os tratamentos para curar o coronavírus são simples e incluem manter o funcionamento normal do corpo do paciente. Ou seja, não existe um tratamento específico para a nova doença.

Segundo o Dr. João Prats, infectologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, que conversou com o Gizmodo Brasil e explica que se aplica um tratamento de suporte: “A gente dá suporte para as funções dos órgãos, enfim, cuida do pulmão, cuida dos rins, cuida do coração, mas não dá um remédio que trata diretamente o vírus, ainda não tem nenhuma recomendação assim porque está tudo em protocolo de pesquisa essas drogas. Precisamos tratar os sintomas e as disfunções que o vírus causar.”

É indicado repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas, conforme cada caso, como, por exemplo uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos) e uso de umidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garanta e tosse.

Trabalhadores pulverizam solução anti-séptica contra o coronavírus (COVID-19) na estação de metrô em Seul, Coreia do Sul. Foto: Chung Sung-Jun/Getty Images

Ainda não existe uma vacina, mas cientistas estão trabalhando para criá-la ainda neste ano. Pesquisadores brasileiros, inclusive, trabalham com essa possibilidade. O projeto, liderado por pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e apoiado pela FAPESP, é baseado em uma técnica que está sendo testada nos Estados Unidos.

• Cientistas brasileiros trabalham em vacina contra o novo coronavírus

Além disso, o governo japonês anunciou que começará testes clínicos de tratamentos contra o novo coronavírus, que se originou na China e se espalhou por vários países. Em vez de usar drogas novas, alguns centros de pesquisa testam medicações existentes usadas para tratar pacientes com AIDS e outras doenças virais. Alguns desses medicamentos foram testados com sucesso para SARS e MERS, por exemplo, outro dois desagradáveis coronavírus que surgiram nos últimos anos.

Como o coronavírus é transmitido?


Ainda estão sendo realizadas investigações e pesquisas para entender exatamente como o COVID-19 se espalha. Porém, os cientistas já cravaram que a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por gotículas respiratórias ou contato, está ocorrendo.

Pessoas que tenham contato próximo (cerca de 1 metro) com alguém com sintomas respiratórios está em risco de ser exposta à infecção, segundo o Ministério da Saúde. Ainda não está claro o quão contagioso o novo vírus é, mas as autoridades apontam que a transmissão é menos intensa do que a gripe comum.

As formas comuns de transmissão do novo coronavírus são:

Como se prevenir do novo coronavírus?


O mais importante é manter a chamada “etiqueta respiratória” e os cuidados básicos de higiene, principalmente das mãos. Neste momento, também é bom evitar aglomerações.

O Ministério da Saúde recomenda:

O uso de máscaras faciais não é tão efetivo como pode parecer, ainda que não seja totalmente ineficaz. O CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, recomenda que qualquer pessoa que tenha contraído o novo coronavírus ou suspeita que possa estar doente use máscaras faciais sempre que estiver em um ambiente com outra pessoa. E se o paciente não puder usar uma máscara, o CDC aconselha as outras pessoas a usarem máscaras. Os profissionais de saúde também devem usar uma máscara enquanto lidam com pessoas que possam estar doentes.

É muito importante evitar tocar o seu rosto e de outras pessoas. Quando esfregamos os nossos rostos, podemos contaminar o nosso corpo com os germes potencialmente perigosos que as nossas mãos “pegaram” em outras ocasiões. Desta forma, podemos carregar partículas invisíveis de cocô ou muco que estão espalhadas pelo mundo, muitas vezes deixadas por pessoas que não lavaram as mãos direito.

Como os casos são diagnosticados?


No Brasil, os médicos coletam duas amostras de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro), que são encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).

Uma dessas amostras é enviada  ao Centro Nacional de Influenza (NIC) e outra amostra será enviada para análise de metagenômica – técnica que permite estudar genomas de micro-organismos de um nicho ecológico sem a necessidade de realizar culturas individuais. Para confirmar a doença é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral.

Neste momento, o governo brasileiro diz que, conforme o COVID-19 avançar, será impossível testar todas as suspeitas. Apesar disso, 0 Ministério da Saúde avalia a possibilidade de adquirir testes rápidos para o novo coronavírus e está estudando a estratégia adotada pela Coreia do Sul no enfrentamento à doença.

Um operador de laboratório usando equipamento de proteção na França. O país relatou a primeira morte por coronavírus, ou COVID-19, fora da Ásia. Foto: Thomas Samson/AFP/Getty Images


Qual é a origem do novo coronavírus?


O novo vírus é uma variação da família coronavírus. Os primeiros desse tipo foram identificados em meados da década de 1960.

A origem exata ainda é desconhecida e cientistas já afirmaram que é difícil dizer se o vírus surgiu mesmo de morcegos, como foi noticiado anteriormente. Apesar disso, o primeiro surto começou na China, na cidade de Wuhan, que fica em Hubei. O COVID-19 aparentemente surgiu em um mercado de frutos do mar e animais vivos na cidade.

Pesquisadores estão trabalhando na árvore genética do novo coronavírus para tentar determinar essa fonte. Uma força-tarefa chinesa conseguiu para isolar e sequenciar o vírus e compartilhou um rascunho do seu genoma em uma base de dados pública logo no início do surto, para que outros grupos pudessem desenvolver maneiras de diagnosticar o coronavírus, uma iniciativa importante para que os casos fossem confirmados em outras partes do mundo.

É importante que não haja pânico, nem que sejam alimentadas teorias conspiratórias e preconceitos que possam estar relacionadas com o surgimento da doença. A desinformação somada a xenofobia pode causar situações lamentáveis, como a de uma senhora no Rio de Janeiro que xingou uma jovem de ascendência japonesa no metrô. É importante lembrar, por exemplo, que doenças surgem no mundo todo – o zika vírus, por sua vez, teve surtos no Brasil.

O que está sendo feito para conter a disseminação?


A China, epicentro do vírus, impôs uma série de restrições às áreas mais afetadas pelo coronavírus. Cidades inteiras ficaram isoladas, com transporte limitado, aulas suspensas e até encerramento das atividades comerciais. Algumas medidas similares foram tomadas em Hong Kong e na Coreia do Sul.

No Brasil, o governo notificou a área de Portos, Aeroportos e Fronteiras, a área de Vigilância Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios, demais Secretarias e órgãos federais com base em dados oficiais. O Ministério da Saúde também instalou o Centro de Operações de Emergência (COE) – novo coronavírus para atuar diante de casos suspeitos.

Diversos estados já suspenderam aulas e eventos oficiais. Existe a recomendação para evitar grandes aglomerações e, quem puder, se manter em casa e trabalhar em regime remoto (home office).

Você pode acompanhar ações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão responsável pelas medidas adotadas nos portos e aeroportos.

O ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse em coletiva de imprensa que, por enquanto, as recomendações permanecem: evitar viajar caso tenha sintomas e comunicar as autoridades caso os sinais apareçam após a viagem.

“Já passamos por epidemias respiratórias graves, como a H1N1. […] Vamos passar por essa situação investindo em soluções, ciência e informação. Higiene, evitar aglomerações desnecessárias, cuidados de etiqueta respiratória, o brasileiro precisa aumentar o número de vezes que lava a mão”, disse Mandetta.

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