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‘Resident Evil: No Escuro Absoluto’ mostra o melhor e o pior da franquia – Crítica sem spoiler

Mesmo com falhas, nova série de animação traz o DNA de Resident Evil com reviravoltas, ação e zumbis.

Resident Evil: No Escuro Absoluto

Mesmo com falhas, nova série de animação traz o DNA de Resident Evil com reviravoltas, ação e zumbis. Imagem: Divulgação

Já está disponível na Netflix Resident Evil: No Escuro Absoluto, série de animação em computação gráfica em parceria com a Capcom. A trama é baseada no universo de Resident Evil, franquia que revolucionou o gênero de zumbis em 1996 e tem jogos lançados atualmente.

A série tem quatro episódios e a história é centrada em Leon S. Kennedy e Claire Redfield, rostos bastantes conhecidos da franquia e que protagonizaram ‘Resident Evil 2 Remake’. Aliás, estão presentes vários elementos do jogo de 2019 na animação.

No Escuro Absoluto tem a direção de Eiichirō Hasumi e a produção de Hiroyasu Shinohara, que também trabalha com a série de jogos. Quem já é fã, perceberá muitas referências dos jogos, não só a mitologia, mas também a mistura de momentos de ação com terror no estilo Resident Evil de contar uma história. E como todo Resident Evil, é claro que há deslizadas que poderiam ser evitadas.

Vale lembrar que No Escuro Absoluto é a quarta animação em CG da franquia, antes foram lançados Resident Evil: Degeneração (2008), Resident Evil: Condenação (2012) e Resident Evil: Vendetta (2017).

História

Na cronologia, os acontecimentos se passam entre RE 4 e RE 5 e acompanhamos Leon (um agente do governo americano) sendo chamado para investigar um ataque de hack dentro da Casa Branca, enquanto Claire – uma funcionária da TerraSave – investiga os vestígios de uma guerra civil no Penamistão, país fictício da série. O que eles têm em comum? São  sobreviventes do apocalipse zumbi de Raccon City que levou o governo a aniquilar a cidade infestada.

Ao longo dos episódios vemos as ligações entre esses acontecimentos e uma possível ameaça a toda a população envolvendo riscos biológicos — no caso, transformar todos em zumbis.

A série bebe muito do remake do segundo jogo, que foi um sucesso de vendas e indicado a ‘Jogo do Ano’ no “The Game Awards”, usando os personagens em uma nova aventura também envolvendo a temática de mutações genéticas e conspirações envolvendo o governo e uma grande empresa (que não citarei para não dar spoilers).

Assim como no clássico de 1998 e remake, tanto Leon quanto Claire agem separados, mas os caminhos de cada um acabam se encontrando para resolver o desafio final. Quem assistiu em inglês deve ter reconhecido que os dubladores Nick Apostolides e Stephanie Panisello são os mesmos que deram voz na nova versão de Resident Evil 2.

As cenas de ação são bem trabalhadas. Há muitas lutas com pessoas e animais infectados, enquanto os personagens precisaram resolver alguns desafios para sobreviver. Isso tudo sem deixar de lado o gore com as mutações genéticas sendo repulsivas e desagradáveis (mas no sentido bom).

Como fã da franquia, fiquei feliz de ver elementos que são a identidade de Resident Evil presentes na série, mostrando a dedicação e o trabalho conjunto entre a Capcom e a Netflix de manter a fidelidade.

Deslizes

Como cada episódio tem vinte minutos, senti que a narrativa dos acontecimentos ficou acelerada. Há muitos momentos de flashback, novos personagens com histórias diferentes e a cada momento um personagem estava em um lugar diferente — o que pode gerar confusão. Em alguns momentos, precisei assistir mais de uma vez para entender o contexto.

Tem várias partes que poderiam facilmente ser encurtadas ou ficarem mais claras para público novato. Apesar disso, o enredo consegue ser amarrado deixando uma brecha para uma possível continuação.

Apesar de ter elogiado a animação nos momentos de luta, em muitas cenas  senti estranheza nas animações, principalmente quando alguns personagens andavam — mas nada crítico a ponto de perder a imersão ao assistir.

Por fim, para quem acompanha a franquia – tanto os jogos como as animações – já reparou que se tem Leon, ele será o centro das atenções. É muito perceptível que Claire tem pouca participação e tempo de tela – ela resolve a parte investigativa enquanto Leon fica com a ação e os zumbis. Sinto que a série tentou pegar o hype e a dinâmica do remake do dois (que usa o recurso de cada um agir separado), mas não ficou bem trabalhado, colocando – novamente – Leon no papel principal.

Resident Evil: No Escuro Absoluto, mesmo aos trancos e barrancos, consegue agradar ao público apegado à franquia ao colocar o DNA dos jogos e, simultaneamente, pode ser uma porta de entrada para os novos fãs com uma história misteriosa e cheia de reviravoltas.

Resident Evil: No Escuro Absoluto já está disponível na Netflix e, por enquanto, não tem previsão para uma nova temporada.

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