Através de sua experiência em odontologia, o dentista publicou um estudo que sugere que a pintura de Leonardo da Vinci contém um princípio de design extremamente presente na natureza. De acordo com o estudo, o cientista desvendou o mistério ao revelar um padrão matemático especial, conectando a icônica obra de Da Vinci ao corpo humano e à natureza.
O homem vitruviano, pintura de Leonardo da Vinci que data de 1.490, retrata um homem nu em 2 posições sobrepostas em um círculo e em quadrado. O nome da obra se inspira no arquiteto Marco Vitrúvio Polião. Vitrúvio propôs que o corpo humano possuía as mesmas proporções harmônicas das construções de templos do período clássico. Veja:
Pintura está na coleção da Galeria de Belas Artes de Veneza desde 1822. Imagem: Reddit/Reprodução
No entanto, apesar de descrever o conceito, o arquiteto não forneceu métodos matemáticos para encaixar um ser humano em ambas as formas. E Leonardo da Vinci, que conseguiu alcançar esse alinhamento preciso, não deixou explicações sobre seus métodos.
Por isso, acadêmicos especulam por séculos os métodos de Leonardo da Vinci para conseguir fazer uma pintura proporcionalmente ideal, cogitando ideias como a proporção áurea. No entanto, nenhuma das soluções propostas correspondia às medidas da pintura.
Dentista comparou pintura de Leonardo da Vinci com conceito da odontologia para desvendar mistério
O dentista Rory Mac Sweeney afirma ter identificado uma característica crucial na pintura de Da Vinci que pode solucionar o mistério.
Mac Sweeney revela que Da Vinci conseguiu encaixar perfeitamente a figura humana do homem vitruviano em um círculo e em um quadrado.
Segundo o dentista, a chave para solucionar o mistério é um triângulo equilátero entre as pernas do homem vitruviano, algo que também aparece nas anotações de Leonardo Da Vinci. O triângulo corresponde ao triângulo de Bonwill, um conceito de anatomia da odontologia que representa o alinhamento ideal das mandíbulas.
A largura de cada lado do triângulo de Bonwill, geralmente, é igual em quase todos os indivíduos, a cerca de 10 cm. O conceito é usado na odontologia para entender e analisar a anatomia e as mecânicas mandibulares.
Triângulo de Bonwill com proporções correspondentes às da pintura. Imagem: Rory Mac Sweeney/Divulgação
Além disso, o triângulo de Bonwill ajudou a desenvolver dentaduras proporcionais que se alinham adequadamente à mordida.
Desse modo, o uso da proporção similar na pintura sugere que Leonardo da Vinci entendia os padrões ideais do corpo humano e os princípios de organização espacial da biologia e da física.
Pintura tem conceitos técnicos que ainda não existiam, diz o dentista
De maneira intuitiva, segundo o dentista, Leonardo da Vinci aplicou tais conceitos em suas artes séculos antes da ciência moderna criá-los.
Usando o triângulo equilateral no Homem Vitruviano, Leonardo Da Vinci criou uma proporção de 1,64 entre os lados do quadrado e o raio do círculo da pintura. Essa proporção é quase idêntica à proporção áurea, ou divina proporção, de 1,633, considerada perfeita e presente não somente em obras de artes, mas também nas arquiteturas consideradas mais eficientes.
Proporção perfeita entre as pernas do homem vitruviano. Imagem: Rory Mac Sweeney/Divulgação
“O desenho de Leonardo da Vinci utiliza sistematicamente uma proporção de 1,64 e 1,65 entre os lados do quadrado e o raio do círculo, correspondendo às duas medições do desenho original e à proporção tetraédrica de 1,633 de arranjos espaciais perfeitos”, diz o estudo.
A descoberta do dentista indica que o mistério da pintura “é um trabalho científico que posiciona Leonardo da Vinci muito à frente de seu tempo”.
Aliás, o dentista enfatiza que o mais incrível na pintura de Leonardo da Vinci é como ela representa uma regra universal do design ideal.
“O homem vitruviano mostra que o mesmo padrão que a natureza usa para o design eficiente está visivelmente incorporado no ideal do corpo humano”
Para o dentista que desvendou o mistério, Leonardo da Vinci, sabia, ou sentia, “que os nossos corpos foram construídos com a mesma elegância matemática do universo ao nosso redor”.
Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.
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