Depois de reabertura, níveis de poluição da China estão piores do que antes da pandemia

Análise da atmosfera da China após a retomada econômica mostra que níveis de poluentes estão mais altos do que no mesmo período do ano passado.
Imagem aérea de indústrias emitindo uma fumaça branca e espessa.
Foto: AP

No mês passado, a China finalmente colocou fim ao lockdown imposto para conter o surto do novo coronavírus. Embora a qualidade do ar tenha melhorado dramaticamente durante o período, novos dados mostram que isso durou pouco. Além disso, ela está voltando a níveis mais altos do que durante o mesmo período do ano passado.

Um relatório divulgado na segunda-feira (18) pelo Center for Research on Energy and Clean Air, uma organização independente que monitora a poluição do ar, mostra que a poluição do ar está aumentando em toda a China em sua reabertura.

O grupo monitorou material particulado, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e ozônio entre abril e maio. As descobertas mostram que, depois de ajustar os dados aos padrões climáticos, todos os poluentes excederam os níveis do ano passado.

Os resultados sugerem que a poluição é proveniente em grande parte de usinas a carvão. O carvão está cheio de enxofre; portanto, quando o combustível fóssil queima e é liberado, ele interage com o oxigênio do ar e cria dióxido de enxofre. Essa descoberta é reforçada por material particulado e dióxido de nitrogênio, que também estão nos níveis mais altos nos locais o dióxido de enxofre aumentou.

A China parece ter picos semelhantes após as crises econômicas, incluindo a epidemia de SARS de 2003 e a crise financeira global de 2008. Nas duas vezes, o país priorizou projetos de construção sujos e queima de carvão para impulsionar a economia.

No entanto, esses dois picos de poluição vieram antes das tentativas mais recentes do país para melhorar a qualidade do ar. Isso inclui uma “guerra contra a poluição” que o país iniciou em 2014 para limpar seu ar notoriamente nocivo.

Antes da pandemia, a China estava tendo sucesso: um estudo de 2019 descobriu que apenas seis políticas de melhoria da qualidade do ar resultaram em mais de 400 mil vidas salvas em 2017. Agora, a China parece estar voltando atrás.

Os impactos à saúde pública dessa poluição são urgentes, principalmente porque a crise do coronavírus ainda não acabou. A província de Jilin está de novo sob lockdown após 34 novos casos e uma morte.

Pesquisas descobriram conexões entre a poluição do ar e as taxas de mortalidade do COVID-19. No Cancer Alley da Louisiana — onde níveis perigosos de poluição industrial do ar são a norma — o vírus está matando negros em comunidades onde a poluição do ar é a mais alta do estado. Na China, esse pico de poluição do ar pode aumentar a vulnerabilidade das pessoas expostas ao vírus.

Essa queda na qualidade do ar também indica que a China pode não adotar uma abordagem de energia limpa para revitalizar sua economia. Isso é lamentável, pois essa pandemia não é a única crise que está esgotando o mundo. A mudança climática é uma realidade e está pronta para causar estragos.

A implementação de políticas e medidas para ajudar a reduzir as emissões é essencial, e os gastos associados à recuperação de coronavírus poderiam, em teoria, abrir as portas para sua implantação. Esta é uma rara oportunidade de mudar o mundo para melhor. No entanto, aqui estamos nós, prontos para estragar tudo de novo.

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