Derretimento de geleiras pode mudar ciclo sísmico e provocar terremotos

Aquecimento global está relacionado com os terremotos e pode torná-los mais frequentes, segundo estudo
Imagem: Unsplash/Reprodução

Um novo estudo da Universidade Estadual do Colorado, nos EUA, mostrou que as mudanças climáticas podem aumentar a frequência de terremotos. A pesquisa, disponível no periódico Geology, reforçou as evidências de que o clima pode alterar o ciclo sísmico devido ao derretimento de geleiras.

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Os geocientistas analisaram as Montanhas Sangre de Cristo, uma cadeia de montanhas no estado norte-americano de Colorado, com uma falha ativa em sua borda oeste. Os resultados indicaram que a falha se manteve no lugar sob o peso das geleiras na última era glacial. Mas, conforme o gelo derreteu, o deslizamento ao longo da falha aumentou. Ou seja, a atividade sísmica em uma falha pode aumentar caso as geleiras recuem.

A autora Cece Hurtado explica que alterações nas cargas de gelo e água provocam movimentos de falhas e terremotos mais frequentes. Isso nas áreas tectonicamente ativas devido a condições de estresse que mudam rapidamente.

Os pesquisadores usaram sensoriamento remoto e dados de campo para reconstruir onde o gelo estava, calcular a carga que estaria empurrando a falha e medir o deslocamento da falha. O tempo de deslocamento foi determinado com base na idade dos depósitos de sedimentos circundantes.

Eles descobriram que as taxas de deslizamento de falhas foram cinco vezes mais rápidas desde a última era glacial do que durante o tempo em que a cordilheira estava coberta por geleiras.

Mudanças climáticas e os terremotos

De acordo com Sean Gallen, um dos autores, a pesquisa contribui para a compreensão do que impulsiona os terremotos, como falhas em áreas com geleiras em rápido recuo ou evaporação de grandes corpos de água. Além disso, ajudam sismólogos a reconstruir registros sísmicos pré-históricos e determinar intervalos de recorrência de falhas ativas.

“Este trabalho implica que o tempo de repetição não será necessariamente periódico”, disse. “Você pode ter períodos de tempo em que há um monte de terremotos em rápida sucessão e muito tempo em que não há terremotos.”

Apesar de os especialistas reconhecerem a elevação tectônica de cadeias de montanhas na circulação atmosférica e na precipitação, ainda há poucos estudos relacionando o clima e a tectônica.

“Conseguimos modelar esses processos por um tempo, mas é difícil encontrar exemplos na natureza”, acrescentou Gallen. “Esta é uma evidência convincente. Ela sugere que a atmosfera e a Terra sólida têm conexões estreitas que podemos medir em campo.”

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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