O derretimento do gelo antártico pode ter quebrado o recorde na véspera de Natal

Houve um pico de derretimento do gelo antártico na véspera de Natal, quando cerca de 16% da superfície gelada do continente entrou em colapso.
Foto: Getty

Há sinais de que a Antártida acabou de ter a maior extensão de derretimento já registrada na era dos satélites. O grande colapso aconteceu na véspera de Natal e é uma má notícia para um continente que já lida com muitos problemas. E o verão está apenas começando por lá.

A Antártida é o maior estoque de gelo do planeta. Oceanos quentes representam a maior ameaça a esse gelo, subcotando as prateleiras de gelo que flutuam para o mar, particularmente as línguas de gelo (fino e extenso lençol de gelo se projetando para fora da linha costeira) ao redor da Antártida Ocidental. Mas o derretimento da superfície pode se tornar uma preocupação maior, e o derretimento na véspera de Natal é um indicativo das preocupações.

Resultados preliminares da modelagem feita na Universidade de Liège, na Bélgica, mostram que a porcentagem de superfície derretida no continente disparou em 24 de dezembro. A modelagem usa previsões climáticas para simular a superfície derretida. Como o ambiente é muito severo na Antártida, os dados das estações meteorológicas são difíceis de encontrar, portanto essas são as melhores estimativas.

A estação de derretimento da superfície antártica começa em meados de novembro e termina em fevereiro. O final de dezembro e o início de janeiro são o auge da estação de derretimento.

Em média, apenas 8% da superfície da Antártida derrete nessa época. Mas este ano tem sido tudo menos comum, com todos os dias desde o final de novembro mostrando um derretimento da superfície bem acima da extensão normal. Isso culminou em um grande pico de derretimento na véspera de Natal, quando cerca de 16% da superfície gelada do continente entrou em colapso.

Um gráfico mostrando a época de derretimento normal, os valores máximo e mínimo e o que aconteceu em 2019. Imagem: Universidade de Liège

Essa é uma área equivalente ao tamanho da Dinamarca. A Antártida Ocidental – lar de alguns dos gelos mais ameaçados do planeta – foi a que mais sofreu durante a estação de derretimento, de acordo com dados da Universidade de Liège. Mas mesmo a Antártida Oriental, normalmente mais fria e mais alta, não escapou de um destino mais aguado.

Quando a superfície derrete, um esmalte de gelo pode se formar quando recongela. Mas se o gelo derreter o suficiente, isso pode fazer com que a água comece a acumular-se na superfície ou a fluir e se infiltrar em rachaduras, onde pode fraturar o gelo. Os cientistas observaram isso no coração da Antártida, mas foi ainda pior na Península Antártida.

Robin Bell, professor de geofísica no Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, disse ao Gizmodo que se esse derretimento continuar ou piorar, poderá acelerar o colapso das prateleiras de gelo já ameaçadas. E isso pode representar sérios riscos para as pessoas que vivem ao longo da costa, permitindo que o gelo terrestre caia no mar.

“[As prateleiras de gelo] são como a rolha na garrafa. Eles estão retendo muito gelo na Antártida”, disse Bell. “Isso significa que você está bombeando mais gelo no oceano, e é isso que importa para o nível do mar”.

Infelizmente, a Antártida não é o único estoque de gelo a lidar com a estação de derretimento mais extrema. Os pesquisadores também observaram o mesmo fenômeno na Groenlândia. A época de derretimento deste verão quebrou um recorde para a perda diária de gelo como resultado do derretimento da superfície. A Groenlândia tem sido o principal contribuinte para o aumento do nível do mar. Com a perda de gelo da Antártida acelerando, estamos começando a entrar em território perigoso.

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