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Desmatamento cresce na Amazônia em meio à crise do coronavírus

A atividade humana desacelerou no mundo todo devido ao surto de coronavírus, mas a extração ilegal de madeira e grilagem de terras na floresta amazônica não mostra sinais de diminuição.

Desmatamento na Amazônia em agosto de 2019.

Queimada na Amazônia em agosto de 2019.. Imagem: Getty

A atividade humana desacelerou no mundo todo devido ao surto de coronavírus, mas a extração ilegal de madeira e grilagem de terras na floresta amazônica não mostra sinais de diminuição. Novos dados revelam que o desmatamento tem atingido os piores níveis em mais de uma década.

O site de notícias de conservação Mongabay utilizou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (IPEA) para medir o desmatamento na maior floresta tropical do mundo. Mais de 5.685 quilômetros quadrados foram perdidos nos últimos 12 meses.

A última vez que a situação foi tão ruim na Amazônia foi em maio de 2008, quando se perdeu um recorde de 5.709 quilômetros quadrados em um período de 12 meses.

Até agora, em 2020, a Amazônia perdeu 480 quilômetros quadrados de floresta, 55% a mais do no ano passado, durante esse mesmo período. No entanto, a devastação teve início muito antes de o novo coronavírus ter perturbado a vida cotidiana: em 2019, a floresta tropical irrompeu em chamas, por exemplo.

Mas a pandemia de COVID-19 está agravando a situação. Até agora, os grupos indígenas brasileiros confirmaram pelo menos 7 casos do vírus, de acordo com a National Geographic. Um menino Yanomami de 15 anos de idade morreu de coronavírus no Brasil. Portanto, os madeireiros não só ameaçam a sustentabilidade da floresta tropical, como estão ameaçando a saúde e a segurança dos povos indígenas que ali vivem.

Os indígenas já eram vítimas de violência direta desses criminosos, mas o perigo aumentou. Para os povos indígenas, o ataque de doenças faz lembrar o genocídio que começou no século 15, em parte devido a novos microorganismos desconhecidos para os seus sistemas imunológicos.

Para algumas dessas comunidades remotas, o seu único caminho para a exposição ao COVID-19 é por meio daqueles que tentam destruir o seu lar.

A destruição também ajuda a alimentar a propagação dessas doenças, porque destrói habitats-chave em que a vida selvagem depende para sobreviver, como apontam novas pesquisas. Sem ela, é mais provável que algumas espécies interajam com os seres humanos.

A perda florestal afeta pessoas em todos os cantos. A floresta amazônica serve como um grande captador de carbono, ajudando a sugar o dióxido de carbono do ar e a armazená-lo dentro das suas árvores. Infelizmente, quando a floresta tropical queima – o método de destruição escolhido por aqueles que querem limpar a terra para a utilizarem na pecuária ou na agricultura – todo esse carbono é liberado de volta para a atmosfera.

Se esse padrão de desmatamento continuar, a Amazônia se tornará uma fonte de emissões de gases com efeito de estufa, em vez de um local de armazenamento, como já apontam pesquisas. E isso só vai acelerar o processo de aquecimento global.

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