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O que o satélite meteorológico mais poderoso do mundo é capaz de fazer

Durante o final de semana, a NASA e a NOAA lançaram o GOES-R, o mais avançado satélite meteorológico americano já desenvolvido.

Durante o final de semana, a NASA e a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, na sigla em inglês) lançaram o Geostationary Operational Environmental Satellite-R (GOES-R), o mais avançado satélite meteorológico americano já desenvolvido. Ele irá ajudar no estudo de tempestades extremas, tornados, incêndios, raios e atividade solar numa resolução inigualável.

O GOES-R partiu para sua órbita geoestacionária a 35.800 quilômetros acima da Terra. Em duas semanas ele chegará ao seu destino, se tornando o primeiro de uma nova geração de satélites que irá observar o planeta e dar mais autonomia para a NOAA monitorar o clima no hemisfério ocidental até 2036.

Dizer que os meteorologistas estão contentes com o GOES-R seria eufemismo: eles estão muito animados, e por um bom motivo. Capaz de escanear o planeta cinco vezes mais rápido, numa resolução espacial quatro vezes maior e em três bandas espectrais a mais do que os satélites atuais, o GOES-R será um divisor de águas para a previsão do tempo.

Separamos quatro coisas que um dos mais sofisticados satélites já lançados será capaz de fazer:

Clima em alta definição

Essa imagem incrível do hemisfério ocidental durante o furacão Matthew foi capturada com o satélite GOES-East da NASA. O recém lançado GOES-R oferece resolução muito maior. Imagem: NASA/NOAA GOES Project.

Os atuais satélites GOES da NOAA foram construídos com hardware da década de 1990. Para entender o salto tecnológico que o GOES-R representa, imagine o seu primeiro computador de 20 anos atrás comparado com o que está na sua mesa atualmente. O Advanced Baseline Imager (ABI) é o primário instrumento de monitoramento do clima do GOES-R e consegue atingir maiores velocidades, resoluções mais altas e desempenho geral bem melhor do que os modelos anteriores.

“Nossas atuais câmeras [dos satélites geoestacionários] conseguem varrer o hemisfério ocidental inteiro, do polo norte ao polo sul, a cada 30 minutos”, conta ao Gizmodo Eric Webster, da Harris Corporation, empresa responsável por construir o ABI. “O Advanced Baseline Imager consegue varrer toda essa parte em 15 minutos, os EUA em 5 minutos e um furacão a cada 30 segundos”.

Ele faz isso a uma resolução espacial de 0,5 km a 2 km sobre todo o hemisfério ocidental. A 35.800 quilômetros acima da Terra, é como ver os detalhes da lateral de uma moeda a 1,5 km de distância.

Gif via NOAA Satellites/Harris/YouTube

O GOES-R irá escanear nosso planeta utilizando 16 bandas espectrais visíveis, próximas ao infravermelho e dentro do espectro infravermelho, permitindo que os meteorologistas possam reconstruir estruturas interiores de furacões, diferenciar entre cinza vulcânica, fumaça de incêndio, nuvens, monitorar ventos cruzados por meio de pequenas mudanças no vapor atmosférico e medir as temperaturas da superfície do oceano com precisão de até um décimo de grau.

Isso equivale a uma atualização substancial em nossa capacidade de visualizar o clima e alguns desastres naturais, como incêndios. O NOAA espera que isso permita previsões mais rápidas e precisas. Além disso, podemos esperar mais belíssimas imagens do nosso planeta.

Transmissão 24 horas de raios

Algumas pessoas gostam de assistir transmissões ao vivo de jogos ou de bichos fofinhos, mas especialistas de previsões meteorológicas esperam pela possibilidade de transmitir raios há muito tempo. E isso está prestes a se tornar possível.

Junto aos instrumentos de observação meteorológica, o GOES-R possui o primeiro mapeador geoestacionário de raios, um detector óptico que mede alterações fugazes em uma cena, indicando a presença de relâmpagos. Esse instrumento consegue detectar raios nuvem-solo e raios nuvem-nuvem – estes que acontecem entre as nuvens, sem contato com o solo e que são difíceis de detectar com a tecnologia atual.

Esta imagem da atividade dos raios no mundo foi construída a partir de dados coletados durante muitos anos. O GOES-R irá monitorar o fenômeno em tempo real. Imagem: NASA Earth Observatory.

Com uma resolução espacial de 10 quilômetros, o instrumento irá oferecer informações 24 horas por dia sobre a atividade elétrica em todas as Américas e nas regiões adjacentes dos oceanos que não são monitorados regularmente. Os raios são precursores dos tornados e outros tipos de fenômenos climáticos, assim o GOES-R poderá ajudar a identificar potenciais perigos.

De olho no sol

Imagem: NASA Solar Dynamics Laboratory

As ferramentas do GOES-R irão monitorar a Terra, mas vários outros instrumentos estarão de olho no Sol. A meteorologia espacial – fronteira final da meteorologia – será um grande foco do novo satélite da NOAA, que tem sensores capazes de detectar radiação UV e raio-X que partem das explosões solares, das partículas carregadas que compreendem o vento solar e das flutuações na magnetosfera da Terra, a bolha protetora que nos protege de toda a radiação mortal que o Sol joga em nossa direção.

Ao monitorar de perto os diferentes componentes da meteorologia espacial, os cientistas esperam obter mais conhecimentos e descobrirem como lidar e responder às grandes tempestades solares que, embora sejam raras, ameaçam nossos satélites, sistemas de GPS e redes elétricas.

Se uma tempestade solar gigantesca atingisse um planeta Terra despreparado, apagões poderiam ser causados em grandes escalas e isso poderia durar de semanas a meses. Acho que todos podemos concordar que é um cenário que gostaríamos de evitar.

Salvar pessoas

Imagem: NOAA Satellites/YouTube.

Uma vantagem de ter um novo satélite tão poderoso quanto o GOES-R é a capacidade de localizar pessoas que estão precisando de ajuda. Ele irá se juntar ao Search and Rescue Satellite Aided Tracking (SARSAT), um sistema internacional de satélites que salva todos os anos centenas de oficiais da aeronáutica, marinha e outras pessoas, mobilizando equipes de busca e resgate.

O satélite possui um transponder especial que é capaz de receber pedidos de socorro de indivíduos com sinalizadores de emergência e retransmitem as coordenadas de sinal para a NOAA, que por sua vez alerta as autoridades locais de resgate. Se você está escalando o Alasca ou navegando no Caribe, é uma boa ideia levar um beacon SARSAT. Assim, uma nave espacial a 35.800 quilômetros pode salvar sua vida.

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