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Este pedaço de papel pode diagnosticar o vírus zika rapidamente

Em pouquíssimo tempo, com uso de amostra de saliva, urina ou sangue do paciente, um dispositivo com um pedaço de papel consegue detectar a presença do vírus zika.

Pesquisadores demonstraram um dispositivo baseado em papel que pode detectar o vírus zika dentro de duas ou três horas. É acessível, eficiente e prático para uso bem difundido – particularmente em países com infraestrutura subdesenvolvida de saúde.

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Conforme o vírus zika continua se espalhando pela América Central e do Sul, trabalhadores de saúde enfrentam dificuldade para saber quem está infectado e quem não está. Desenvolvido por pesquisadores do Wyss Institute for Biologically Inspired Engineering da Universidade de Harvard, nos EUA, este novo dispositivo pode ajudar a solucionar esse problema. Eles publicaram detalhes sobre o dispositivo em um novo artigo na Cell.

Os testes atuais precisam de uma amostra do sangue do paciente, e o resultado pode demorar dias ou semanas para sair. Além disso, esses testes, que caçam a presença de certos anticorpos, não conseguem diferenciar o zika da dengue. Isso é um problema enorme, considerando que o zika já foi confirmado como a causa da microcefalia em bebês recém-nascidos.

Para desenvolver o kit, os pesquisadores usam um sistema parecido com um que foi criado para detectar o vírus Ebola. Dentro de um cartucho, pequenas fitas de papel são incorporadas com uma rede de genes sintéticos que percebem micróbios causadores de doenças, entre outras coisas.

Circuitos genéticos são equipados com diversos genes, e incluem um punhado de proteínas capazes de decifrar a informação contida dentro deles. O sistema funciona mais ou menos como programas de computadores: juntos, os genes e a proteínas realizam uma tarefa. Neste caso, eles detectam traços do vírus zika.

Assim que o processo começa, o papel muda de cor quando um alvo determinado, como uma sequência específica de RNA, é detectado. A ferramenta pode buscar traços do vírus no sangue, urina ou saliva. Mais trabalho é necessário para garantir a segurança e eficácia do teste antes dele ser levado a campo, mas os pesquisadores dizem não estar muito longe disso.

“As imagens vívidas no noticiário sobre a crise do zika são de partir o coração,” disse o farmacologista Keith Pardee, da Universidade de Toronto, um dos co-autores do artigo, em um comunidade. “Esperamos que uma ferramenta dessas ajude a reduzir o impacto da crise até que uma vacina seja desenvolvida.”

[Cell]

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