Este dispositivo que parece vir de Star Trek consegue detectar hemorragia cerebral

O AHEAD 300 avalia a chance de um paciente ter mais de 1mL de sangramento no cérebro e sinaliza a necessidade de uma avaliação mais aprofundada

Após uma lesão na cabeça, pacientes normalmente passam por uma tomografia computadorizada para descartar hemorragia cerebral. Agora, um novo dispositivo de se vestir na cabeça, que escaneia os padrões elétricos do cérebro, mostrou-se tremendamente promissor em testes clínicos, apresentando uma maneira barata para físicos fazerem diagnósticos que potencialmente podem salvar vidas.

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O dispositivo, chamado AHEAD 300, foi desenvolvido pela BrainScope, uma firma de tecnologia médica em Bethesda, Maryland, nos Estados Unidos. A engenhoca, parecida com um tricorder de Star Trek, consiste de um headset que transmite dados para um dispositivo portátil, pode avaliar a probabilidade de um paciente ter mais do que um mililitro de sangramento no cérebro e sinaliza a necessidade de uma avaliação mais aprofundada por parte da equipe médica. Em um teste clínico recente envolvendo 11 hospitais e 720 participantes, o AHEAD 300 conseguiu detectar corretamente hemorragia cerebral em 97% dos pacientes. Esses resultados agora aparecem no periódico científico Academic Emergency Medicine.

Sem dúvidas, o sangramento cerebral é uma condição médica séria. Médicos chamam-na de Hemorragia Subaracnoidea Traumática, e ele acontece quando pequenas artérias se rompem durante uma lesão na cabeça, soltando sangue sobre a superfície do cérebro e causando efeitos generalizados e, às vezes, fatais.

Normalmente, os pacientes são colocados em uma tomografia computadorizada quando aparecem em uma sala de emergência após uma lesão fechada na cabeça (quando o crânio ainda está intacto). Essas tomografias podem custar mais de US$ 1.200 por imagem, e a grande maioria dos pacientes não apresenta nenhum sangramento interno. Idealmente, os físicos gostariam de ter uma maneira mais barata de fazer um diagnóstico, e é aí que vem o AHEAD 300.

Levou cinco anos para a BrainScope desenvolver o eletroencefalograma portátil, e ele foi aprovada pelo FDA em 2016 para uso clínico. Ele inclui um headset descartável que registra dados de eletroencefalograma de cinco regiões da parte fronta, enviando esses sinais de volta para o dispositivo portátil em tempo real. O AHEAD 300 é capaz de ler 30 funções específicas da atividade elétrica do cérebro. Durante uma avaliação, o sistema compara a atividade cerebral da pessoa com os padrões encontrados em indivíduos normais e saudáveis. Por exemplo, ele observa o quão lenta ou rapidamente a informação é transmitida de um lado do cérebro para o outro, ou se a atividade elétrica em ambos os hemisférios está coordenada, ou se um lado está atrasado. De modo importante, outros dados podem ser colocados no sistema durante um diagnóstico, incluindo a idade da pessoa, se elas perderam a consciência como resultado da lesão e qual seu nível atual de consciência.

Dos 156 pacientes em testes que foram confirmados como vítimas de hemorragia cerebral, 92% foram corretamente sinalizados pelo sistema do AHEAD 300 como tendo tido uma lesão cerebral traumática.Após calibrar o dispositivo para ser mais sensível a medidas que pareciam estatisticamente insignificantes, a precisão do sistema saltou para 97%.

“Antes de nosso estudo, não haviam medidas objetivas e quantitativas de lesões leves na cabeça, a não ser por meio da tomografia”, disse o investigador principal Daniel Hanley Jr., do Hohns Hopkins University School of Medicine, em um comunicado. “Esse trabalho abre a possibilidade de diagnósticos de lesões cerebrais de maneira adiantada e precisa.”

“Esta tecnologia não esta aqui para substituir a tomografia computadorizada em pacientes com lesões cerebrais leves, mas oferece ao clínico informações adicionais para facilitar a tomada de decisões clínicas no dia a dia”, acrescentou.

A BrainScope não divulgou o custo de seu sistema, mas diz que o AHEAD 300 terá “uma fração do custo” de uma tomografia computadorizada, que vai de US$ 90.000 a US$ 2,5 milhões, dependendo de suas funções. Até agora, o sistema só foi testado em adultos, então não sabemos o quão bem a tecnologia funciona em crianças e adolescentes. E essa é claramente uma área para a qual a empresa precisa ir em seguida. De acordo com o CDC (Centro para o Controle e Prevenção de Doenças), lesões cerebrais traumáticas são a principal causa de morte entre esses grupos etários.

[Academic Emergency Medicine]

Imagem do topo: BrainScope

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